Estimativa é de 10% de perda na produção de arroz devido à estiagem

O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) estima uma perda de 10% na produção de arroz, em Taquari, devido às consequências pela falta de chuva, no comparativo com a safra anterior. Desde outubro, o município sofre com a escassez hídrica no abastecimento das lavouras.

Para a safra 2021/2022 foram plantados 2.478 hectares no município e, com 3% da área colhida até o momento, a produtividade média da safra 2021/2022 está estimada em 7.500 kg por hectare. No período anterior, 2020/2021, a média de produtividade foi de 8.268 kg por hectare, em 2.488 hectares semeados.
Os dados do IRGA são comprovados pelos arrozeiros da localidade de Passo do Santa Cruz, que abriram a colheita no município em 25 de janeiro. O produtor Cristiano Bizarro explica que o plantio na propriedade ocorre mais cedo para aproveitamento da chuva de outubro. Foram colhidos 40% dos 100 hectares plantados por ele e os irmãos Alex e André. “A estiagem prejudicou uma média de 10%, mesmo tendo bastante água e plantando cedo. Alguns vizinhos tiveram entre 15 e 20% de quebra”, diz Cristiano. A produtividade deverá ficar em cerca de 140 sacas (de 50 Kg) por hectare, mas o número tende a baixar porque ainda não foi colhido o arroz mais afetado pela estiagem. “Não será bom como os anteriores.” Situação semelhante quanto à falta de chuva, lembra Cristiano, ocorreu em 2004 e 2005.
Para a próxima safra, eles vão reduzir a área plantada para 40 hectares para diminuir o custo. “A situação nunca esteve tão ruim em relação ao preço dos insumos como agora”, diz Alex, que planta há mais de 30 anos. “O custo subiu muito. Antes, mesmo com todas as fases ruins, o custo era baixo. O que arroz nos proporcionou na safra passada, neste ano, vai nos tirar em dobro”, lamenta Cristiano.
Pelos cálculos dos arrozeiros, são gastos, hoje, entre R$ 75 e R$ 80 para produzir cada saca de 50Kg. O arroz está sendo vendido a cerca de R$ 60, a saca. “Na lei da oferta e procura, quando tem disponibilidade, o preço cai e leva alguns anos para recuperar”, diz.
Para trocar a cultura, plantando soja, por exemplo, que está com valor de venda mais alto, os produtores teriam que investir em maquinário, que também está com preço elevado. “Estamos estruturados para o arroz. Se for plantar milho ou soja, tem que trocar toda a estrutura e é viável plantar soja em 100 hectares”, diz Cristiano.
Há cerca de cinco anos, o arroz vinha apresentando recuperação no preço, dando uma margem aos produtores. Em 2021, com uma boa safra e preço alto de venda, os arrozeiros planejaram melhorias, como a compra de máquinas, mas, neste ano, depararam-se com o aumento no custo. “Um trator que custava em média entre R$ 140 mil e R$ 200 mil, hoje está em R$ 415 mil”, diz Alex.

Situação de emergência ainda não foi homologada pelo Estado

O prefeito de Taquari, André Brito, publicou, no dia 13 de janeiro, um decreto de situação de emergência no município em decorrência da estiagem. O documento precisa ser homologado pelo Estado para, após, ser reconhecido ou não pela União. No Rio Grande do Sul, até a tarde de ontem, 402 municípios tinham decretado situação de emergência, sendo 367 homologados pelo Estado e 326 reconhecidos pela União. Conforme levantamento da Emater/RS Ascar de Taquari, feito até 12 de janeiro, considerando o déficit hídrico desde 2 de outubro de 2021, o prejuízo médio estava estimado em R$ 6,846 milhões no setor agropecuário.