Nesta semana, o jornal O Fato realizou entrevista com o técnico da Emater, Leandro Fagundes, para falar sobre a estiagem e os prejuízos causados no município de Tabaí.
Conforme Leandro, todas as culturas da cidade foram afetadas pelo déficit hídrico, entretanto, a cultura do milho, principal cultivo do município, foi constatado perdas de até 90% em algumas lavouras. “Contudo, os produtores que plantaram cedo conseguiram minimizar as perdas. Até o momento, verificamos uma perda média no município de 40 a 50% no milho. Salienta-se que muitos produtores não plantaram ou reduziram o plantio com receio de perder a safra. Dos 300 hectares de milho de silagem anualmente cultivados, apenas 240 hectares foram plantados nesta safra”, explica Leandro.
Sobre o prejuízo financeiro para os agricultores do município, Leandro diz que é difícil mensurar, pois a produção do milho atinge a cadeia da carne e do leite. “A estimativa atual é de R$ 1.397.800,00, podendo se agravar ainda mais se as chuvas não normalizarem, ultrapassando em muito este valor.”
O técnico da Emater considera que, para diminuir essas perdas, o trabalho realizado com antecedência, com reserva de água através de açudes, uso de irrigação e manejo no solo para reter umidade é importantes para minimizar. “Mas o necessário é ter política pública eficiente para se antecipar a este fenômeno. Projeto de açudes aliado à a irrigação, financiamentos subsidiados compatíveis com a realidade do agricultor e revitalização dos solos são algumas iniciativas que podem ser feitas pelo poder público”, salientou.
Conforme Leandro, como política para combater a estiagem, o município decretou estado de emergência e está na expectativa do Programa Avançar do governo Estado. “Até o momento, é o que temos.”
O produtor de milho do Morro do Pedro Rosa, Luís Henrique Araújo dos Santos, diz que está perdendo muito com a estiagem e podem chegar a 70% suas perdas na lavoura do grão. “Estou colhendo minha lavoura e a situação é bem complicada. Eu, como todos os outros produtores de Tabaí, tivemos bastante perda, não conseguimos colher, estava tudo seco.” Segundo Luís, é colher o que tem e dar para os bichos. “Nem faço conta, mas a perda foi fora do normal, foi 70% ou mais. Colher isso aqui só para não deixar no meio da lavoura e ter alguma coisa para dar para o bichos. Um pezinho de milho é só uma caninha, nem grão tem.”
Luís Henrique conta que também presta serviço de trator para os produtores e quase não tem trabalho. “Não estamos nem trabalhando, pouca coisa, poucas horas estamos fazendo por semana, por que não tem quase o que colher. Lavouras que levávamos dez horas para colher, com os tratores e maquinários, hoje em duas ou três horas estamos colhendo a lavoura, o que tiver para colher, é fora do normal o prejuízo, mas temos que tocar.”
Ajuda do Estado
Conforme divulgou o prefeito Arsênio Cardoso, o Município protocolou nesta semana demandas junto a secretaria estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o enfrentamento da estiagem. As solicitações foram construção de cisternas e irrigação, abertura de açudes, perfuração de poços artesianos, renovação do convênio Alimenta Brasil e aquisição de escavadeira hidráulica e rolo compactador.