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Março registra maior número de óbitos em 27 meses

O trabalho foi intenso para os agentes funerários no mês recém encerrado. Março bateu a marca de óbitos para um mês, conforme dados do site da transparência do Registro Civil, que disponibiliza números a partir de janeiro de 2019.

Foram 34 mortes, entre elas, 12 em decorrência de covid-19, conforme o site do Registro Civil, mas a Prefeitura de Taquari registra 14 óbitos por covid-19 no mês. A marca anterior foi em setembro de 2020, com 32 óbitos.
Antes disso, em agosto de 2019, quando não havia a epidemia de covid-19, foram registradas 31 mortes para Taquari.
O primeiro trimestre de 2021 acumula 82 mortes. No mesmo período de 2020, foram 50 e, em 2019, 43.
A situação surpreendeu até mesmo quem trabalha na área. “Confesso que não tinha visto. A alta no número de óbitos foi expressiva, praticamente dobramos a quantidade de serviços prestados em relação ao mesmo período no ano passado”, diz Maicon Costa, sócio-proprietário da Funerária Costa, com 26 anos de atuação, e diretor administrativo do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Rio Grande do Sul (Sesf-RS). O momento também impactou o proprietário da Funerária Rocha, Cássio Rocha, que atua há 20 anos no serviço funerário.
Das 34 mortes ocorridas em março, 14 tiveram foram em decorrência do coronavírus. As demais foram por insuficiência respiratória, causa cardíaca inespecífica, septicemia (infecção generalizada) e outros que não estão especificados nos dados do site do Registro Civil. “O que mais me choca hoje é o fato de que os sintomas graves da doença transcendem faixas etárias. Não pesam mais só sobre pessoas da terceira idade e com comorbidades, agora também atacam os jovens. Por isso, nada mais apropriado do que redobrar cuidados e seguir à risca as medidas preventivas impostas pelas autoridades”, alerta Maicon, da empresa Costa.
Taquari tem 54 óbitos decorrentes de coronavírus desde junho de 2020, quando houve o primeiro registro de morte causada pelo vírus.

Sem o ritual de despedida

Impossibilitados de realizar todos os rituais de despedida tradicionais entre as famílias, devido aos decretos de medidas sanitárias, as funerárias também tiveram o serviço afetado. “Hoje, por causa da covid, não conseguimos dar o carinho, um abraço na família, fazer o trabalho mais humanizado, que são diferenciais da nossa atuação, e isso é estressante”, comenta Cássio.
Outra medida, determinada por decreto, é a limitação do número de pessoas presentes nos velórios e o tempo de realização, que não pode ultrapassar seis horas e deve ocorrer até às 18horas. Se a morte for decorrente da covid-19, em Taquari, não há a possibilidade de realização de velórios. O corpo é levado direto para o sepultamento.
A limitação no número de pessoas nas salas e a orientação de não aglomerar também têm gerado inconvenientes às empresas funerárias. “Como tu vais dizer para as pessoas onde elas devem ficar? Têm as famílias que são grandes, querem se despedir, tem filhos, netos e aí ficamos nos indispondo. Tá complicado para nós”, conta Cássio, lembrando que já recebeu notificação da Fiscalização municipal por aglomeração.

“É muito difícil perder alguém que fica mergulhado em uma estatística”

O triste momento vivido pela pandemia de coronavírus é novo até mesmo para profissionais que lidam com o luto no dia a dia. “Nunca houve algo assim, mesmo para os médicos, enfermeiros, terapeutas, nunca estivemos caminhando numa situação desta extensão, dessa magnitude”, diz a psicóloga Ana Costa, do Instituto de Psicologia Luspe (Luto, Separação e Perdas), com sede em Caxias do Sul. Ela conta que nas tragédias em que o instituto atuou, como a do acidente com o avião da TAM, em 2007, e da Boate Kiss, em 2013, o processo era diferente, porque, “na pandemia, ninguém está no lado de fora, estamos todos mergulhados nesse processo e atravessando juntos”, salienta.
O processo de luto pela covid-19 também é diferente dos demais. “É muito difícil perder alguém que fica mergulhado em uma estatística. O luto, do ponto de vista de um reconhecimento pessoal e familiar, fica misturado nesse padrão estatístico, e isso é muito doloroso, e todos os nossos esforços têm sido dar individualidade, singularidade e pessoalidade para cada experiência de luto”, afirma.
A falta de rituais nos óbitos decorrentes do coronavírus também interfere no processo de luto, porque impede o apoio e reconhecimento social. “Nós ficamos despidos de tudo aquilo que é importante e ajuda no enfrentamento da adversidade e isso poderá constituir um luto ambíguo, porque são fatores complicadores”, ressalta, completando sobre a necessidade de um cuidado maior com as pessoas que perdem pela covid-19. “Ajudando na construção simbólica de rituais alternativos, a importância das revisões compartilhadas sobre a vida, da valorização dos vínculos, de maximizar o possível os contatos com os familiares, os sociais, através de mensagens, ligações por vídeochamadas, ritualizações rápidas com detalhes que fazem toda a diferença”, cita.
A solidariedade tem um papel fundamental, diz Ana, como nunca antes. “Ela traz esse potencial de conexão que pode nos salvar, inclusive, do ponto de vista da saúde mental. O isolamento social desde 2020 pode levar algumas pessoas a desistirem do contato, pensando que isso vai demorar a acabar e que, então, agora vamos viver isolados no nosso canto. Precisamos estimular em rede a solidariedade, porque ela vai aumentar o nosso nível de segurança psíquica para o enfrentamento dessa travessia da pandemia”, destaca.
A fé é outro fator que pode contribuir para o momento. “Do ponto de vista psicológico, a fé é um fator protetivo. Para as famílias que acreditam e puderam realizar orações, se sentirem protegidas.”
Como sinal de esperança, Ana cita uma frase do doutor Colin Murray Parkes: “Dê e aceite apoio e orientação, todos nós precisamos disso. Sobrecarregados é provável que nos sintamos às vezes. Recue, decida as prioridades, dê um passo de cada vez e aconselhe a todos que você conhece a fazer o mesmo, porque o que é bom para você provavelmente será bom para eles nesta caminhada de enfrentamento de crises.”

GERAL - TABELA NÚMERO MORTES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*Dados a partir da primeira morte por covid-19 em Taquari
**Número da Prefeitura de Taquari
***Números do site Transparência Registro Civil

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