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O Legislativo retomou o trabalho nesta semana após 30 dias de recesso e sob a presidência de Álvaro Brandão (PRB).
Está é a quinta vez que ele assume a presidência da Casa (2007/ 2011/ 2013 e 2015), após polêmica e disputada eleição, realizada em dezembro, quando venceu seu colega de grupo político, Edevaldo Borges (PTB). Nesta semana, em entrevista ao jornal O Fato, o presidente falou como conduzirá o trabalho no Legislativo em 2020, uma vez que é oposição ao partido que está na administração; sua relação com o prefeito José Luiz Cenci, do partido no qual Álvaro exerceu dois mandatos como vereador, o PP, o salário dos vereadores, construção da Câmara e gasto com diárias.
O Fato – Você assume, pela quinta vez, a presidência da Câmara de Vereadores, sendo o único vereador, em 20 anos de emancipação de Fazenda Vilanova, a alcançar este feito. Com a sua experiência, quais ações pretende desenvolver neste ano de trabalho?
Álvaro – Estamos neste impasse de construir ou não a terceira parte do prédio da Câmara de Vereadores. Só que, como é ano de eleição, tenho medo de não conseguir concluir. Acho que vou deixar para a próxima legislatura realizar. Estamos com uma Câmara grande, acredito que daqui a uns 10 anos precisará aumentar um pouco, mas no momento não seria prioridade.
O Fato – É um ano de eleição e a Câmara tem que estabelecer, até setembro, o salário do prefeito, vice-prefeito e vereadores. Qual é a ideia quanto ao salário dos vereadores: manter o valor, aumentar ou diminuir?
Álvaro – Vou reunir os todos os vereadores e conversar sobre isto. No ano que vem não terá aumento nenhum porque no primeiro ano de legislatura não há nem a reposição. Mas vamos ver qual é a ideia de todos.
O Fato – O que é ideal, considerando a situação do município?
Álvaro – De repente, dar uns 5% de aumento para não ficar defasado demais. Mas vou ver com todos se eles concordam. Se acharem que não precisa, a gente deixa do jeito que tá.
O Fato – Quanto à despesa com diárias, a Câmara teve um ano que sem esse gasto e, no ano passado, foram cerca de R$ 9 mil. Qual será a sua forma de trabalhar? Você vai pôr limite no gasto com viagens?
Álvaro – Se os vereadores quiserem, eu vou liberar. O vereador que gasta a diária é responsável pelo que vai fazer lá. Tem muitos cursos bons e acredito que é muito importante eles irem para aprender. Na semana que vem, vou liberar duas viagens para Brasília e aí vai ficar a critério deles. Se quiserem, não vou negar. Não vai ser assim como era antigamente, gastar demais.
O Fato – Os cursos de que os vereadores participam também serão selecionados porque há despesa da Câmara com três dias e pernoite para eventos em Porto Alegre, onde é possível ir e voltar no mesmo dia?
Álvaro – Se quiserem ir em algum curso, não vou trancar. Vamos indicar que participem dos cursos que tenha com o pessoal do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Sobre ir e voltar no mesmo dia, a pessoa gasta praticamente o mesmo do que ficar no hotel. Vai ficar a critério do vereador que vai no curso.
O Fato – Você tem uma meta de valor a ser disponibilizado ao Executivo e para qual área vai sugerir a aplicação do recurso?
Álvaro – Não. Quero economizar e vou deixar tudo para disponibilizar no final do ano. Vamos ver qual prefeito vai usar? Acredito que entre R$ 180 mil e R$ 200 mil e minha sugestão é para a Saúde e Educação.
O Fato – Como será a sua relação com o Executivo e como pretende conduzir o trabalho, uma vez que o seu partido é de oposição ao do prefeito José Luiz Cenci (PP)?
Álvaro – Vou fazer o meu trabalho aqui e ele o dele lá. A gente não se fecha muito porque ele é uma pessoa muito autoritária, tanto é que o filho dele, que está aqui (vereador) e é meu sobrinho, votou contra mim na eleição da mesa diretora. Ele diz que eu saí do partido dele porque tinha interesse próprio, não é bem isto. Saí porque nunca recebi apoio nem para ser presidente. Tinha que pegar ajuda dos adversários sempre. Quando fui eleito presidente, tenho prova, com filmagem, que quando chegou na minha vez de me dar a mão, negou. Isto foi a mesma coisa que me dar um tapa na cara e decidi sair do partido. Isto não se faz para ninguém.
O Fato – Na eleição para a mesa diretora, na qual você foi eleito, o colega Edevaldo Borges (PTB), também era candidato a presidente. Por que não houve consenso no grupo político?
Álvaro – Já vínhamos há bastante tempo discutindo isso. Eu queria que fosse o primeiro meio ano para mim e o outro meio para ele, mas ele não aceitava. Foi onde não entramos em acordo.
O Fato – Por que você tinha preferência por este meio ano?
Álvaro – Do outro lado (oposição) já vinha proposta para mim. O próprio prefeito vinha sugerindo o Serginho em meio ano e eu, meio ano. Eu sempre dizia que, por mim, de repente, poderia fazer. Eu teria colocado algum deles (do PP) na mesa se não tivessem estas intrigas. Mas tem aquela história: assume meio ano e depois, se não quer entregar? Por isso, eu sempre quis o primeiro meio ano. Se nós tivéssemos nos acertado numa boa, eu passaria para ele (Edevaldo).
O Fato – Mesmo com estas diferenças suas com o prefeito, ainda houve esta proposta de parceria para a presidência da Câmara?
Álvaro – Sim, de vez em quando ele dizia: vamos acabar com isto. Serginho meio ano e meio ano pra ti. Mas só da boca pra fora, porque deles eu sabia que não ia rolar. Eles queriam o primeiro meio ano e depois não iam me entregar. Com eles eu não ia aceitar mesmo, mas tinham estas propostas.
O Fato – Você pretende aumentar, manter ou diminuir o número de funcionários da Câmara?
Álvaro – Vão continuar três, o mesmo número do ano passado
