Clubes com menos recursos

A Copa Zanc de Futebol de Campo nem tem data ainda para ser retomada, mas os clubes já sabem que, quando voltarem a campo, o cenário será bem diferente daquele de antes da paralisação, em virtude do coronavírus. O fechamento do comércio, exigido por decretos da Prefeitura e do Governo do Estado e o isolamento social, também por causa da Covid-19, devem atingir em cheio as receitas dos clubes, que perderão recursos de patrocínios.
Já sabendo de mais esta dificuldade, os clubes têm conversado em reuniões via redes sociais na busca de uma solução menos dolorida para o problema. Como todos têm atletas estrangeiros e a maioria deles cobra algum valor para entrar em campo, foi pensada a possibilidade de os clubes poderem mudar alguns nomes de jogadores das suas listas, que foram entregues antes do início da competição.
Cogitou-se, inclusive excluir todos os atletas estrangeiros, porém, esta hipótese logo foi rechaçada, pois prejudicaria muito alguns clubes, entre eles, o Flamengo. “Isso não dá pra fazer, pois já nos comprometemos com alguns jogadores que não assinaram com outros times, de outras cidades, para fechar conosco. Além disso, nosso goleiro é de fora e só temos ele. Então, não podemos simplesmente retirar todos os estrangeiros”, afirmou Felipe Reis, o Felipinho, representante do Flamengo.
Com tempo para fazer alterações, já que a Copa Zanc está paralisada por  período indeterminado, nada foi decidido ainda. Mas alguns pontos do regulamento podem sofrer alterações, como cada clube ter a opção de mudar até dois nomes da lista, desde que os atletas não tenham entrado em  campo ainda. Outro ponto importante do regulamento que pode mudar é o que exige que, para o jogador estrangeiro poder participar dos mata-matas, ter que participar de, pelo menos, uma partida na primeira fase. Alguns clubes sugeriram que, para o estrangeiro poder entrar em campo nas finais, basta estar inscrito. Essas mudanças devem ser decididas nos próximos dias.
Quanto à queda de receitas, o Colorado, segundo o presidente do clube, Everton Conceição, o Feio, é o único que não terá problemas com o fechamento do comércio, pois não tem patrocinadores. “Não teremos queda de arrecadação neste ponto porque não temos patrocínios, pois quem banca o clube é a nossa família. Mas como precisamos trabalhar e não podemos, pois está tudo parado, isso vai nos prejudicar de alguma forma e acabar afetando a vinda dos atletas estrangeiros”, afirmou.
Felipe Reis, dirigente do Flamengo, afirmou que “teremos um impacto negativo grande na receita com patrocínios. Muitos estão nos procurando e explicando a situação, situação esta que temos que entender. Sobre jogadores de fora, iremos reduzir um pouco a presença deles. Tínhamos uma previsão de trazer de três a quatro jogadores em quase todas as partidas. Contudo, hoje, com a receita caindo, isso ficará impossibilitado”. Para diminuir um pouco o impacto nas receitas, Reis afirmou que o clube vem estudando outras formas para conseguir recursos. “Estamos organizando uma rifa, um chá e um galeto para tentar arrecadar algo. Mas sabemos que, talvez, não conseguiremos vender o esperado, pois a crise afetará a todos”, lamenta.
O presidente do Juventude, Valter Costa, o Peninha, disse que, com certeza, o clube vai sentir bastante com esta paralisação. “Nossos recursos estavam programados com o que foi arrecadado com placas de publicidade no nosso estádio e com uma rifa. A metade deste valor já está conosco, pois alguns já acertaram uma parte. Os que faltam, é mais coerente deixarmos passar isso tudo para depois conversar com cada um e ver como fica melhor para acertar. Nossos apoiadores são todos amigos nossos e ajudam de coração. O momento é delicado, não tem como cobrarmos de quem está com o comércio fechado”. Quanto aos  estrangeiros, Peninha afirmou que, se necessário, o Juventude não os trará. “Vamos conversar com os apoiadores que ainda não acertaram, dando prazo e parcelando conforme cada um necessitar. Vamos buscar soluções para enfrentar este momento e, caso for preciso, também não traremos os atletas de fora para evitar gastos.”
Carlos Alexandre dos Santos, o Xandi, presidente do São José, afirmou que o clube perderá em torno de 40% dos patrocínios, o que vai afetar bastante a programação do Zequinha. Referente à vinda de atletas de fora, Xandi disse que vai mudar um pouco a ideia inicial. “A princípio dispensaremos dois estrangeiros, mas ambos devem permanecer na nossa lista. Os demais, o São José deve continuar trazendo, porém somente em alguns jogos, não em todos como estava programado inicialmente.”
Volmir Roberto Donida, o Chico, presidente do Taquariense disse que o clube terá muitas perdas. “Principalmente no que diz respeito a patrocínios, porque o futebol, seja municipal ou regional, é sustentado pelo comércio. Então, eu vejo um prejuízo enorme, inclusive já fomos obrigados a trancar alguns projetos, como a venda da camiseta em comemoração aos 80 anos do clube, que deve ser retomada tão logo seja superada toda esta dificuldade com o coronavírus. Quanto à vinda de atletas estrangeiros, já é uma decisão tomada pela diretoria que na Copa Zanc não traremos nenhum jogador de fora, até mesmo aqueles que a despesa seria somente com combustível, pois sabemos que vamos ter muitas dificuldades com a parte financeira. Além disso, queremos poupar o máximo de recursos, porque não queremos, agora, já desistir do segundo semestre. É cedo para dizermos que o segundo semestre está comprometido, mas vamos poupar daqui e dali pra ver se conseguimos disputar também o Regional Certel/Sicredi.”
A Copa Zanc está paralisada desde o dia 15 de março e teve apenas uma rodada disputada. Segundo a organização, a competição permanecerá suspensa por tempo indeterminado, obedecendo às orientações dos órgãos competentes em virtude do coronavírus.