Os dados da secretaria municipal de Agricultura mostram que, em 2020, 15 agricultores locais dedicaram-se à produção de soja. Em 2018, o número era de 10. A grande procura pela cultura, forte na exportação, tem atraído os produtores de Taquari para a soja.
O produtor da Beira do Rio, Paulo Sebastião Lopes das Neves, 54 anos, relata que cultivava apenas milho, parte era vendida em grão e parte, em silagem. “Eu tinha que estar atrás de comprador para silagem, porque tem que ser grandes produtores de gado confinado. Agora, com a soja, eu estou plantando e já estão me ligando para comprar. O mercado pede mais ela, é mais fácil de vender”, relata.
Há três anos, o agricultor produz soja em cerca de 60 hectares, em consórcio com o milho. Ele só não cultiva em todas as suas terras porque, pela proximidade à barranca do Rio Taquari, há risco de enchente e o plantio do milho tem que ser feito no final do ano. Nas partes mais altas, ele consegue plantar o milho em agosto, colher em janeiro e já fazer em seguida o plantio da soja, que está na época de colheita no mês de maio. Segundo o agricultor, a produtividade da cultura é boa na região. Em média, Paulo consegue 75 sacas de 60kg por hectare. “A cada ano, eu estou melhorando. A soja gosta de uma terra com bastantes insumos, bem adubada e isso nós temos aqui, as terras são bastante produtivas. Tem que cuidar bem dela, colocar inseticida, herbicida e isso precisa de maquinário. Mas o milho, que este ano está com preço bom, está em R$ 90 a saca, varia de acordo com a oferta e procura, já a soja está em R$ 170, depende do valor do dólar”, relatou.
A secretaria municipal de Agricultura informou que tem aumentado a representatividade da soja dentro da produção primária no município, que é baseada em madeira, arroz, aves, milho e gado. Em 2017, foram 271 toneladas; em 2018, 576 toneladas; em 2019, 609 toneladas; e em 2020, 467 toneladas, no entanto, a queda nas toneladas não representa redução na produção, pois foi decorrente da seca que prejudicou bastante a cultura da soja. Conforme matéria divulgada por O Fato em março de 2020, a estiagem deixava prejuízo de R$ 465 mil para a soja em Taquari, representando 60% da estimativa de colheita do ano, que era de R$ 775 mil. A representatividade da cultura no setor primário local passou de 0,71% em 2018 para 1,03% em 2020.