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A médica do Trabalho de Lajeado, Thelma Buest Amador, 63 anos, é graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e atua na área desde 1983. Realizou cursos de pós-graduação pelo Centro Universitário São Camilo/SP e possui o título de especialista em Medicina do Trabalho, emitido pela Associação Médica Brasileira/Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Como médica do trabalho, já há cerca de 20 anos, atende nos segmentos de indústria de alimentos, fábrica de calçados, confecções, fábrica de implementos rodoviários, escolas particulares, entre outros.
Thelma cita como vantagens do home-office a economia do tempo de deslocamento até o trabalho, economia com gastos de combustível, diminuição do estresse do trânsito e menor poluição ambiental. “Trabalho em ambiente doméstico, com conforto, de acordo com a preferência individual, por exemplo,o caso de algumas pessoas que não gostam de ambientes climatizados ou tem problemas respiratórios, como rinite alérgica.” A médica também diz que há possibilidade de otimizar os horários ou fazer intervalos, em alguns casos. “É claro, que esta liberdade de horário depende do tipo de atividade.”
Como desvantagem, ela cita o isolamento social, pois o teletrabalho não é mesma coisa. “Falta aquele olho no olho, o bom- dia e alegria de reencontro com colegas, que convivem, às vezes, por longos anos. O trabalho em home-office pode ser causa de maior estresse, também, pela necessidade imposta, atualmente, em função da pandemia, que exigiu um distanciamento social, sem um preparo prévio e sem as condições necessárias.”
A médica conta que ouviu vários relatos sobre a dificuldade de equilibrar necessidades familiares versus trabalho. “Muitos trabalhadores possuem filhos pequenos e/ou em idade escolar , que estão em casa, pelo fechamento de creches e escolas. Eles demandam atenção e cuidados, em tempo integral, seja para alimentação ou para ajuda nas tarefas escolares, por exemplo, sendo difícil conciliar com atividades laborais. O mobiliário da residência, nem sempre contempla a necessidade ergonômica, para tempo prolongado em frente ao computador.” Thelma também cita a dificuldade de conexão, a falta de habilidade em usar a internet para repassar arquivos ou simplesmente fazer uma reunião virtual, também somam-se aos fatores de estresse nos trabalhos em home-office.
Para ela, carga horária pode extrapolar o horário de trabalho presencial, em determinados situações.
Com relação à saúde mental, conforme Thelma, já existem pesquisadores avaliando essa nova modalidade de trabalho. Algumas pesquisas têm demonstrado que este tipo de atividade aumenta o estresse e ansiedade dos trabalhadores. “Talvez, o resultado dessas pesquisas seja diferente, se realizadas com profissionais, que aderiram a este modo de trabalho por opção. De qualquer maneira, o homem é um ser social, e, como dizem os estudos da sociologia, precisa do convívio com outros seres humanos, até para sua evolução cultural. As relações sociais confrontam a convivência humana, pois o homem , como um ser social, necessita do outro, porque na sociedade cada indivíduo cumpre uma função, por mais simples que seja. Um dia ouvi de um colega a seguinte frase: “Precisamos nos dar bem com os colegas, pois convivemos com eles , mais tempo do que com nossas famílias. Ficamos 8 horas por dia, juntos. Quando chegamos em casa, assistimos a tv e vamos dormir. Ficamos menos tempo com nossos familiares …”
Para a médica, por essa colocação simples, dá para se ter ideia da importância das relações sociais que encontramos no trabalho, em especial naqueles presenciais .
“O teletrabalho e home-office tiveram aumento considerável, pela pandemia , e acredito que permanecerá com número ainda expressivo, mesmo após findada. Mas o ideal seria equilibro entre o trabalho presencial e essa modalidade, naqueles casos em que seja possível”, pensa.
Professora faz relato sobre o trabalho na pandemia
A bióloga Ingred Alves da Silva, 27 anos, atua no primeiro ano do ensino fundamental da Escola Municipal Emílio Shenck, além de trabalhar no município de Tabaí, com anos finais do ensino fundamental e médio. Leia o relato da educadora sobre as vantagens e desvantagens da nova forma de trabalho.
“Tem sido bastante desafiador! Realmente a escola invadiu a nossa casa, parece que temos que estar 24 horas disponíveis para os alunos no celular, respondendo dúvidas e corrigindo atividades. Quando trabalhávamos de maneira presencial, cumpríamos nosso horário naquele local e agora , não. É pela manhã, tarde e noite e, muitas vezes, finais de semana envolvidos com a escola. Cuidar da casa, família e fazer tudo referente à escola tem sido uma reclamação geral dos colegas de profissão. Também noto que alguns possuem muitas dificuldades para utilizar as ferramentas digitais.
Para reforçar os estudos e manter o vínculo com os alunos, temos aula pelo Google Meet, uma ferramenta bem legal. Alguns horários das nossas aulas, por exemplo, acabam sendo mais à noitinha , que é o horário em que os pais estão junto e podem ajudar as crianças com a realização das atividades pelo celular ou notebook. O lado bom disso tudo é que podemos ficar mais tempo com a família em casa.
Acredito que ,com o ensino híbrido , nosso trabalho aumente ainda mais, pois teremos que atender os alunos do presencial e do online. Mas acho que a pandemia nos ensinou muitas coisas, principalmente sobre se reinventar e acredito , sim, que muitas coisas vão perdurar pós- pandemia. Esperamos que tudo isso passe logo, e que a vacina para nós,professores, venha depressa, pois queremos muito nossa vida na escola de volta com nossos alunos em segurança.
Paola optou pelo home-office
A jovem Paola Caroline Pereira, 21 anos, trabalha na Zanc – Unidade de Taquari desde julho de 2020. A moradora de Fazenda Lengler optou por trabalhar de forma home-office, desde março deste ano. “Adorei a ideia de trabalhar em home-office, pois eu posso ficar em casa me cuidando. É muito bom a empresa que tem cuidado com o operador. A empresa também disponibiliza computadores para trabalhar e ajuda os custos da internet. Dá para pensar na minha proteção e da minha família. Achei legal que nós podemos escolher o melhor lugar para se trabalhar”.
