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Uma caixa de papelão com sete filhotes de cachorro foi uma triste surpresa que a moradora de Fazenda Vilanova, Silvana Nunes Silveira, 30 anos, teve ao passar pelo portão da Escola Municipal Edgar da Rosa Cardoso.
Ela ia para uma seleção de emprego, às 6h30min manhã da terça-feira, 18 de agosto, e ficou sensibilizada e revoltada com situação dos animais, o que a motivou a fazer uma publicação na rede social. Na fila da seleção de emprego, ela conseguiu encaminhar dois filhotes para adoção.
Proprietária de um cão vira-lata, Silvana diz que não tem espaço em casa para abrigar os filhotes abandonados na manhã da terça-feira até que encontrasse quem pudesse adotá-los. Mas no mesmo dia conseguiu, e todos foram encaminhados para novos donos. “Chamei a Nadir, que tem contato com ONGs e postei para ver se alguém poderia me ajudar. Era um dia frio e estavam muito sujos”, diz.
O abandono de animais é problema recorrente, conta.
“Sempre tem, aqui na nossa rua, cachorrinhos abandonados e a gente não sabe para quem doar ou chamar para ajudar. Neste mês, no que acompanhei pela rede social, toda a semana tem casos de pedidos de adoção ou de animais abandonados”, revela a moradora da rua Feliz.
Ela acredita que isso ocorre porque as pessoas não têm condições de pagar a castração dos animais e nem de criá-los e acabam abandonando. Para ela, a solução seria criar uma Organização Não-Governamental (ONG) para ajudar os cachorros e disponibilizar castração gratuita. “Temos a fábrica de ração, que faz doação por mês, mas não adianta largar ração para eles na rua se vão estar abandonados”, opina Silvana. Ela lamenta ainda o fato de não haver veterinário no município para auxiliar. “Um cachorrinho quebrou a patinha e tive que levar a Bom Retiro para tratar dele. Outra cadela que deu cria precisava de ajuda, e não tinha a quem pedir”, relata.
Outra moradora de Fazenda Vilanova que se sensibiliza com a causa dos cães e procura uma forma de ajudar é a profissional de educação física, Nadir Kich. Ela também vê aumento nos casos de cães abandonados. “As pessoas estão largando desde filhotes até cachorros idosos. Está bem complicado. Chegam a largar caixa com sete filhotes e mais uns cinco adultos, isso por semana”. Ela diz que nem todos os animais são adotados e por isso deixa um pote com ração e água próximo da sua academia de ginástica e conta com a ajuda de amigos para levar no veterinário. Para cobrir os custos, fazem rifa ou pagam do próprio bolso. ONGs de Teutônia, Estrela e Lajeado ajudam quando não há para quem doar ou não há um lar temporário. “Está cada dia pior porque muitas vezes largam os bichinhos em condições precárias, magrinhos e doentes. Já consegui doar vários e não sei dizer o número de cachorros que já doei”, conta.
O abandono de qualquer espécie de animal configura crime conforme a Lei Federal nº 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.
O que diz a Prefeitura
Através da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Fazenda Vilanova diz que não existe uma lei específica para a proteção dos animais porque eram poucos os casos no município, mas que, entre os anos de 2019 e 2020, houve um aumento considerável. “Vale ressaltar que 70% dos casos de abandono de animais, principalmente cachorros, não são de munícipes e sim de pessoas de outras cidades. Outros 30% são munícipes e pessoas de cidades que confrontam suas divisas com o município. Acreditamos que por Fazenda Vilanova estar às margens da BR 386, isso contribui bastante. A Prefeitura está realizando um estudo, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a CCR/Via Sul, para encontrar uma forma de inibir a má conduta desses tutores que abandonam animais na cidade junto à BR 386.
A secretaria municipal do Meio Ambiente de Fazenda Vilanova, em parceria com o setor de fiscalização, ao receber alguma denúncia de maus-tratos a animais, aciona a Polícia Civil e juntos visitam a residência e notificam, por escrito, o agressor, que tem um curto prazo (um dia) para fazer as adequações. Após essa ação, a fiscal da Prefeitura faz visitas durante um período de aproximadamente três meses. Em situações extremas, o animal é levado para um lar temporário até ser adotado.
Aqui em Fazenda Vilanova também existe um grupo de três pessoas voluntárias que resgatam os animais abandonados no Centro e no interior do município. Elas fazem campanhas para comprar ração e medicamentos, organizam lar temporário e encontram novos tutores. Neste ano, quando a Prefeitura encaminhou um Projeto de Lei para a Câmara de Vereadores com o objetivo de firmar contrato com a Empresa Multipet (Fábrica de rações de animais), o vereador Sérgio Cenci (PP) criou uma emenda na lei para que a Multipet, em contrapartida, doasse 50 quilos de ração, mensalmente, durante cinco anos para uma ONG. Com isso a Prefeitura conseguiu auxiliar o grupo de voluntários da cidade que indicou a APAMA, da cidade de Lajeado, para receber a ração. Essa ONG, em contrapartida, dá um suporte para o grupo e quando existe disponibilidade de vaga no canil, aloja alguns cachorros”.
