O Fato Taquari Jornal On-Line
Uma campanha tem ganhado as redes sociais nas últimas semanas. As escolas de educação infantil da rede privada estão buscando alternativas para se manterem em funcionamento, pois estão com as atividades suspensas desde março. A mobilização quer, além da reabertura das escolas, o apoio e a conscientização dos pais e do poder público.
A campanha Minha Escola Querida, iniciada em Passo Fundo, tem a adesão de 10 cidades gaúchas e quer ganhar o estado para chegar ao nível nacional. Em Taquari, os quatro educandários, Crescer, Sonho de Criança, Instituto Encanto e Esconderijo Sapeca, estão participando. As escolas juntas possuem cerca de 400 alunos e aguardam a definição da data por parte do Governo do Estado para retornarem.
As atividades encerraram em março, quando iniciaram as medidas de isolamento para evitar a propagação do coronavírus. Sem alunos, as escolas tiveram redução nas despesas com alimentação, água, energia elétrica e aluguel. Mas há outras, como internet e profissionais que complementam a rede de atendimento multidisciplinar, que devem ser pagas.
A folha de pagamento foi incluída no programa de suspensão e redução, por três meses, de contratos do Governo Federal. Mas a preocupação das direções é que o prazo desse benefício está esgotando e não há uma data definitiva para o retorno. Recentemente, o governo ampliou o programa, mas para novas adesões.
Os pais tiveram desconto de 40% na mensalidade, mas muitos não conseguiram manter o filho na escola. Cerca de 50 alunos, nas quatro instituições, já deixaram as escolas, a maioria, filhos de profissionais liberais e nas faixas etárias não obrigatórias pela legislação, até quatro anos. “O auxílio do governo está expirando e, quando entrar a despesa da folha, aí a situação ficará pior”, justifica Ana Paula Lemos, da Crescer.
Se houver o fechamento das instituições da rede privada, a demanda será encaminhada para a rede pública, que já tem uma fila de espera de 249 alunos
“Precisamos de algum auxílio para manter as escolas abertas. Se fecharem, serão 400 crianças na rede pública de educação, que não tem capacidade de receber”, diz Cíntia Silveira, da Esconderijo Sapeca.
Além de absorver a demanda, as escolas da rede privada atendem 12 horas (das 7 às 19h) o que é uma solução para os pais que trabalham no comércio. Na rede pública, a maioria das escolas encerra às 17 horas e apenas uma permanece até às 18h.
Onde deixar os filhos é a preocupação
Sem poder levar o filhos para as escolinhas, os pais precisaram reorganizar a rotina para seguir trabalhando. “O que mais aflige é a fala dos pais que relatam não ter onde deixar o filho, dependendo de outros para cuidá-los, cada dia em um lugar, e acabam tendo contato com muitas pessoas”, salienta Rosele. Algumas famílias tiveram despesa extra, pois estão pagando uma pessoa para cuidar.
Sem ter familiares em Taquari, Adriane Assmann Bach e o esposo têm feito malabarismos para dar conta do trabalho fora de casa e de cuidar das filhas. “Tivemos vários momentos desde que começou a pandemia em março”, diz Adriane, mãe de duas meninas, uma de 10 anos e meio e outra de seis anos. O esposo dela já trabalhou em home office e tirou férias”, conta. Agora, eles reajustaram os turnos de trabalho e estão dividindo o tempo de cuidado das filhas. “O que mais complica é que elas estão chegando no limite. Na mais velha, de seis anos, os medos estão mais latentes e ela não está querendo sair de casa, se for para ficar só no carro, e, às vezes, chora de saudade dos colegas. Como pai e mãe, isso corta o coração, além de lidar com toda esta pressão que o mundo inteiro vive e administrar a questão psicológica dos filhos”, ressalta Adriane.
Mudanças para o retorno
As escolas de educação infantil terão algumas reformulações para receber os alunos. O plano entregue na Vigilância Sanitária prevê, entre outros, a redução no número de alunos na sala. Também foram adquiridos equipamentos de proteção individual (EPIs). “Salas frequentadas por até 15 crianças, com o retorno, poderá ter até cinco”, diz Grasiele Martins do Instituto Encanto. O atendimento também será escalonado, ou seja, não poderá ser 100% da clientela. “Vamos ter que esperar a data definitiva de reabertura para aguardar a manifestação dos pais sobre quem vai deixar o filho nas escolinhas para, depois, organizar a demanda”, completa Rosele, da Crescer.
Escolas procuram manter o vínculo
As escolinhas estão enviando trabalhos para as crianças realizarem. “No tempo das famílias, sem cronograma rigoroso, porque os pais estão trabalhando e precisam da escola, porque querem que continuem evoluindo e, por isso, continuamos atendendo”, diz Rosele.
Outra preocupação é com os filhos que estão concluindo essa etapa e ingressarão no primeiro ano do ensino fundamental.
Câmara aprovou moção de apoio
A Câmara de Vereadores de Taquari aprovou, na terça-feira, 28 de julho, uma moção de apoio à campanha das escolas de educação infantil.
As diretoras das escolas também buscam reunir-se com o prefeito de Taquari, Emanuel Hassen, e o apoio dos deputados para prorrogar o programa do governo de suspensão e redução dos contratos.
O que diz a Prefeitura
O jornal O Fato questionou a Prefeitura quanto à situação. “Diante do momento de crise e de enfrentamento ao coronavírus, não há a possibilidade de incentivo.”
Há duas creches em fase de conclusão das obras que devem zerar a fila de espera. Além disso, nesta semana iniciou a etapa de sondagem, ou seja, de avaliação do terreno onde será construída a Escola Municipal Adroaldo Mesquita da Costa. Na próxima semana começa a etapa de terraplanagem”.
