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O primeiro dia útil de 2020 começou turbulento no Hospital São José. No fim da manhã de 2 de janeiro, pacientes se acumulavam na recepção da urgência e emergência e chegaram a esperar atendimento por cerca de seis horas. A situação, recorrente nos últimos dias, gerou muitas reclamações. A Associação Taquariense de Saúde (ATS), responsável pela gestão do hospital, esteve no local, constatou a demora no atendimento e decidiu rescindir o contrato com as empresas prestadoras dos serviços de plantão e administração.
A Medinic Saúde Familiar Ltda, de Rio Pardo, era responsável pela contratação do diretor da unidade e de um diretor adjunto. O valor recebido pela empresa era de R$ 30 mil mensais. A outra contratada era a Pramed Serviços Médicos Ltda, que administrava o plantão da instituição. Eram pagos R$ 90 mil mensais para atendimento aos pacientes do SUS na instituição. As duas empresas foram representadas pelo médico Piraju Nicola Neto, em 10 de outubro de 2019, no ato de assinatura dos contratos.
Segundo o presidente da Associação Taquariense de Saúde, Pedro Ramos, as empresas não estavam cumprindo os contratos. “Deviso às muitas reclamações de atendimento do plantão, entre outras coisas, nós observamos nos contratos que as empresas não estavam cumprindo à risca e então rescindimos os contratos com as empresas de plantão e de gestão”, disse.
Mais uma vez buscando melhorar os atendimentos na instituição, a ATS chegou a uma nova estratégia para o plantão da instituição: a contratação do médico taquariense Vander da Rosa Bizarro, que atuará como coordenador do setor. Ele iniciou o atendimento ainda na tarde de ontem, após a rescisão dos contratos com as prestadoras do serviço. “O Vander vai organizar os plantões, vai contatar e arrumar os médicos para atender no hospital e nós (ATS) vamos pagar diretamente para os médicos. Ele vai nos dar suporte para atendimento, quando tiver muita gente, ele vai arrumar outro médico para dar suporte ou ele mesmo vai atender”, explicou o presidente da ATS. De acordo com Pedro Ramos, não haverá acréscimos no valor do plantão, ficando em torno dos mesmos R$ 90 mil que eram pagos à Pramed.
O segundo contrato, que previa o diretor e o adjunto, não será substituído. Por enquanto, a equipe administrativa da instituição dará seguimento ao trabalho, sem as figuras dos diretores, mas com suporte da ATS. A chefe da enfermagem continuará sendo Iara Margit Goerck, que já atuava no setor. “Vamos economizar o dinheiro pago ao diretor e estamos estudando contratar mais pessoal que estamos precisando, uma enfermeira, técnicos em enfermagem e higienização”, explicou Pedro Ramos. Para o presidente da ATS, esta é uma boa solução para o momento.
Tempos difíceis
Desde 2018, a prefeitura, proprietária do hospital, buscou diversas allternativas na instituição para melhora no atendimento, que ainda não foi conquistada em plenitude. Em maio de 2018, foi rescindido o contrato com o Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), que administrou o hospital por nove anos. Na ocasião, foi contratado o Instituto Núcleo de Apoio às Políticas Públicas (Inapp), que permaneceu na administração do Hospital São José por seis meses. Ainda no final do ano de 2018, foi criada a Associação Taquariense de Saúde (ATS), buscando uma melhor gestão e transparência dos recursos da instituição. Desde então, a ATS, formada por membros da comunidade e servidores municipais, realiza a gestão do hospital. Em pouco mais de um ano de ATS, já ocorreram quatro trocas na presidência. O contador Gilberto Hermann assumiu a associação em novembro de 2018 e deixou o cargo no final de dezembro, quando ocorreu a eleição da diretoria e Aldo Gregory foi empossado presidente. Ele renunciou ao cargo em 1ª de abril de 2019, quando Gilberto reassumiu a presidência. Em 9 de outubro de 2019, Gilberto Hermann deixou o cargo, que foi assumido pelo contador Pedro Ramos.
Desde que assumiu o hospital, a ATS contratou empresas para atuar na administração. Essas empresas eram responsáveis pela contratação do diretor da unidade, entre outros serviços. Somente em 2019, o Hospital São José teve cinco diretores. De janeiro a março, Fernando Wegner comandou os trabalhos; de março a junho, Marcelo Bittencourt esteve no cargo; de junho a outubro, Oscar Fernando José Júnior exerceu a função; de outubro a novembro, José Vanderlei Clain Ibing ocupou o cargo. De novembro até ontem, Rinaldo Costa era o diretor da unidade. Com a demissão das empresas, o diretor deixou o cargo, que deve ficar desocupado por enquanto. “Não estamos procurando um novo diretor agora. Se funcionar dessa forma, vamos manter assim”, informou o presidente da ATS, Pedro Ramos.
