PAVERAMA: Mesmo com doador 100% compatível, jovem ainda não pôde fazer transplante

Há um mês, a moradora do Morro Bonito, Jaqueline Kolling Borges, 21 anos, achou que chegaria ao fim o sofrimento que enfrenta desde os 19 anos com a leucemia. A tão esperada medula óssea 100% compatível foi encontrada no início de novembro e, finalmente, a jovem poderia realizar o transplante. No entanto, a luta continua. Desta vez, em busca de um leito para realização do procedimento.

Jaqueline está na lista de espera por um leito no Hospital de Clínicas, de Porto Alegre, onde se faz este tipo de procedimento. No Brasil, existem outras instituições, mas, segundo a paveramense, em nenhuma delas há disponibilidade de leito. “É bem complicada a saúde pública, porque a parte da população, de correr atrás, de se cadastrar como doador, a gente fez, a comunidade ajudou e várias cidades se movimentaram. Agora a parte do nosso governo, que é dar o leito para o transplante, não tem. A gente fica à mercê deles. A indignação não é só minha e da minha família, mas de todos que ajudaram”, disse.
A busca por um doador 100% compatível para Jaqueline iniciou em maio deste ano e mobilizou centenas de pessoas da região a realizarem cadastro no Hospital de Clínicas. No dia 11 de novembro, Jaqueline recebeu a notícia de que havia sido encontrado o doador, um estrangeiro, segundo a jovem, que não tem mais informações sobre ele. Embora a compatibilidade não tenha surgido das pessoas da região, a mobilização ampliou o cadastro de doadores em cerca de mil pessoas.
Enquanto não consegue o transplante, para a doença não evoluir, Jaqueline precisa continuar o tratamento com quimioterapia, que a deixa bastante debilitada e faz com que passe dias no hospital. No entanto, nas últimas semanas, a paveramense não tem conseguido fazer as sessões em decorrência de fragilidade na saúde. Ela precisa ter resultados bons nos exames de sangue para poder passar pela quimioterapia, mas desde novembro, não tem conseguido.
O jornal entrou em contato com a secretaria de saúde do estado solicitando posicionamento sobre o assunto. O governo informou que “a responsabilidade pela regulação do leito neste caso é do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, instituição à qual a paciente já está vinculada”. A secretaria estadual de Saúde disse que há outros hospitais no estado que também realizam o procedimento, mas não citou quais. O jornal também entrou em contato com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, mas a instituição não emitiu resposta até o fechamento desta edição.