Há 15 dias, O Fato Novo esteve em Paverama para conferir como é o funcionamento e como estão os cemitérios locais. Administrados pelas comunidades onde estão inseridos, estão bem cuidados, são limpos e floridos. A Prefeitura não tem ingerência sobre nenhum cemitério do município.
O cemitério do Centro, por exemplo, que é um dos maiores de Paverama, pertence às comunidades católica e luterana. Só são sepultadas no local os membros das igrejas, que pagam uma contribuição mensal ou anual para as instituições. O valor é utilizado não só para a manutenção do cemitério, mas também para cobrir todas despesas da igreja.
Segundo a integrante da diretoria da comunidade evangélica luterana, Deise Dickel, são realizados mutirões para a limpeza do local. “No verão, fizemos uma vez por mês. Agora no inverno não precisa tanto, então limpamos conforme a necessidade e em datas especiais, como Dia das Mães, Dia dos Pais, Finados. Recentemente limpamos de lava-jato os muros e agora vamos fazer outro mutirão para pintar. Nós somos muito cobrados pelos nossos membros quanto à limpeza do cemitério”, explica Deise.
Já a manutenção e limpeza dos túmulos são feitas pelos familiares das pessoas que estão enterradas no local. Em praticamente todos os túmulos há flores.
A situação dos cemitérios de Taquari
A falta de manutenção dos cemitérios municipais de Taquari, frequentemente é alvo de reclamação da comunidade. O Poder Público, hoje, é encarregado pela limpeza e infraestrutura do espaço. Os familiares das pessoas sepultadas devem manter as lápides em bom estado de conservação.
Em Taquari, há sete cemitérios sendo quatro mantidos pela Prefeitura: o Municipal, Júlio de Castilhos, Almeida e Fazenda Pereira. No entanto, muitas são as reclamações.
No cemitério dos Almeida, onde esta semana a grama estava cortada e o lixo recolhido, já ocorreu de cavalos caírem em sepulturas e há reclamações quanto à limpeza. No Municipal, há lápides antigas quebradas. Há ainda o pórtico do acesso que precisa de manutenção. No Júlio de Castilhos, que fica na localidade de Povoado Júlio de Castilhos, há jazigos quebrados há anos. Outras questões como a falta de limpeza e de corte da grama também são recorrentes.
Situação diferente ocorre no Cemitério dos Barreiros, na Fazenda Pereira, único que possui um zelador mantido pela Prefeitura. O espaço é organizado e limpo. Há banheiros construídos com recursos da comunidade. Na localidade de Porto Grande, o cemitério da comunidade não é municipal, e possui uma zeladora voluntária. Uma moradora da localidade assumiu a função deixada por outros voluntários. O cemitério é limpo semanalmente e está bem cuidado. Há, ainda, no bairro Santo Antônio, o Cemitério Luterano, mantido pela Comunidade Luterana em Taquari, que se encontra em bom estado de limpeza e conservação.
A opinião da comunidade
Para muitas pessoas a tarefa de cuidar dos cemitérios é uma atribuição da Prefeitura e da Comunidade. “Não adianta só cobrar do município. Os dois, prefeitura e famílias, têm que ter um pouco a responsabilidade. As famílias têm que ir lá e cuidar um pouco”, opina Cassio Rocha, proprietário de uma empresa de serviços funerários. Para ele, outra alternativa seria uma parceria com as empresas que trabalham dentro dos cemitérios para a realização da manutenção, como o corte de grama.
Outro proprietário de empresa de serviços fúnebres, Maicon Costa, também entende que a família tem que fazer a manutenção das lápides e o Poder Público dar as condições adequadas aos cemitérios. “Mas a família tem que fazer a sua parte, com uma sepultura bem limpa, bem feita. No momento que adquire o terreno, tem que manter”. Costa entende que é necessário iniciar a discussão sobre a questão do futuro dos cemitérios, inclusive com os custos. “Sou a favor de amadurecermos esta ideia, do quanto custaria e de que maneira seria”.
A responsabilidade da prefeitura sobre os cemitérios não é dos últimos anos. Um moradora de Taquari, que prefere não se identificar, conta que a prefeitura fazia a manutenção e as famílias cuidavam das sepulturas. “Tinha um presídio, é a prefeitura e um dos presos capinavam a rua e o cemitério”.
Hoje para manter as lápides limpas, ela paga para fazer a limpeza do espaço onde estão seus familiares e que os demais serviços são atribuições do município. “O cemitério é municipal, é obrigação deles. A gente já paga imposto. Mas as famílias também têm que cuidar”. Ela lembra que o cemitério é local de visitação de pessoas de outros municípios, que levam a impressão da cidade, boa ou ruim.
Uma tarefa da comunidade
Mesmo com a tarde fria de ontem, Marcos Sulzbach, 47 anos, estava no Cemitério Municipal, limpando o jazigo da família. “Cada vez mais as famílias que têm que cuidar. Tudo é na mão da prefeitura, está errado. Quando enterra um parente, todos ficam comovidos. Depois todos abandonam. Quem tem que cuidar é a família. Quantos têm que a família não vem há 20 ou 30 anos”, diz.
Para ele, o cuidado com os cemitérios é como a calçada de casa. “A prefeitura não tem que tá limpando na frente de casa, vai fazer outras coisa que precisa fazer. Pra mim, isto aqui é como o pátio da casa da gente”, diz.
Prefeitura não tem recursos para colocar um zelador
O Prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, diz que a Administração não tem recursos para manter um zelador. “Não tem dinheiro, não vamos gastar dinheiro colocando zelador”, destaca.
O zelador, além de manter o local limpo, pode ser uma referência às empresas que prestam serviços fúnebres, tanto de Taquari, quanto de fora do município, quanto a informações sobre procedimentos a serem realizados no cemitério, uma função que não existe hoje. No entanto, o prefeito reafirma: “Entre ter um zelador no cemitério e nós mantermos algum tipo de serviço para a população, vamos investir onde é mais urgente. Não posso gastar com um zelador para cada cemitério quando tenho que ficar botando dinheiro para fazer exames e pagar remédios, infelizmente não dá”. Segundo o prefeito, o custo de um zelador concursado, com os encargos é de R$ 2,5 mil mensais.
Ele diz que, para o futuro, a ideia é abrir uma concessão para prestação de serviços nos cemitérios. “Estamos estudando para ver a forma legal”.