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A Assembleia Geral Ordinária da Certaja Desenvolvimento, realizada na quinta-feira, 25 de junho, foi marcada pela troca da presidência da cooperativa. O então vice-presidente, Luís Carlos Granja da Rocha, assumiu a presidência no lugar de Pedro Maia, que estava no cargo há cinco anos.
Maia foi presidente desde 2015, ano em que a cooperativa enfrentava dificuldades financeiras resultantes de problemas ocorridos na execução dos projetos de construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) de Morrinhos, em Barão do Triunfo, e Abranjo, em Encruzilhada do Sul.
Outro assunto debatido na assembleia foi a recuperação do saldo financeiro da cooperativa que acumulava déficits nos últimos anos. O resultado obtido em 2019 foi de R$ 554 mil positivos, o que não ocorria desde 2013. Isto se deve à renegociação de dívidas com bancos, à venda de um terreno à Certaja Energia e ao enxugamento de despesas.
A Certaja Desenvolvimento foi criada em 2008, após a separação dos negócios da Certaja Energia que, por legislação, teve que se dedicar exclusivamente à distribuição da energia elétrica. A Desenvolvimento ficou com as demais atividades da cooperativa.
“Esperamos tornar essa cooperativa mais sólida”
O novo presidente da Certaja Desenvolvimento, Luís Granja (foto), está há 31 anos na cooperativa e iniciou na função de servente na construção de redes elétricas. Ele falou sobre o novo desafio.
OF – Como é assumir a presidência da Certaja Desenvolvimento?
Luís Granja – Assumir a presidência é uma satisfação e ao mesmo tempo um desafio enorme por tudo que o nome Certaja representa nas comunidades onde atua. Mas costumo dizer que tudo o que aprendi e conquistei na vida foi graças a essa cooperativa, por isso, sou muito agradecido e me sinto no compromisso de dar o meu melhor sempre. Sou consciente dos desafios dessa nova função, mas acredito que trabalhando com humildade e parceria vamos superá-los, garantindo um serviço de qualidade ao nosso associado e contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio em nossa região.
OF – Quando você chegou na Certaja?
Luis Granja – Tive uma passagem rápida entre 1981 e 1983, retornando em 1989, na função de servente na construção de redes elétricas. Passei por praticamente todos os setores da empresa, até assumir, em 1996, a gerência do setor de insumos agropecuários. Em 2016, desliguei-me do quadro de funcionários para concorrer ao Conselho de Administração, como vice-presidente, na chapa que tinha como Presidente o Sr. Pedro Maia.
OF – Quais são seus planos neste novo cargo?
Luís Granja – Junto com nosso conselho de administração e conselho fiscal, esperamos tornar essa cooperativa mais sólida, aumentar o faturamento e o resultado dos negócios atuais, buscar parcerias para investimentos e melhorar os serviços prestados aos nossos associados e clientes.
“Cumpri o meu objetivo principal”
Nesta semana, Pedro Maia concedeu entrevista ao jornal, por e.mail, sobre sua atuação na presidência no último ano e a saída da cooperativa, na qual estava há 38 anos. Maia chegou na Certaja em 1982, contratado como engenheiro elétrico. Em 2008, houve a divisão das cooperativas, ficando a Desenvolvimento com as atividade do engenho, a agroveterinária, entre outros. A Certaja Energia permaneceu com a distribuição de energia elétrica.
OF – Por que você deixou a Certaja?
Pedro Maia – Trabalhei como funcionário da Certaja de 1982 até 2015, sendo que desde 1993 atuava como Diretor-Geral, sendo responsável, junto com o presidente e Conselho, pela formulação de todas as diretrizes da empresa. Em 2015, como a situação da Certaja Desenvolvimento piorou muito devido ao problema das usinas, ela precisava de uma atenção focada, por isso me desliguei da Certaja Energia assumindo a presidência da Certaja Desenvolvimento, com a renúncia do Renato que passou a focar as questões da Certaja Energia. Meu objetivo único era de salvar a cooperativa do desastre financeiro e prepará-la para o crescimento. Este objetivo foi, a meu ver, atingido já no segundo semestre do ano passado.
OF – Na assembleia da Certaja Desenvolvimento, no ano passado, alguns cooperados manifestaram descontentamento com o desempenho da cooperativa e, por consequência, com o trabalho da presidência. Isso interferiu na sua saída?
Pedro Maia – Primeiro, é normal que pessoas descontentes manifestem sua opinião. O processo cooperativo exige participação, e nós sempre disponibilizamos a manifestação de todos. Porém, quem não acompanha o dia a dia da empresa não sabe direito o que está acontecendo. Não posso tomar minhas decisões em cima desse tipo de manifestação.
OF- Como foi o seu trabalho neste último ano na Certaja?
Pedro Maia – Muito desgastante, mas ao mesmo tempo, muito gratificante porque conseguimos encaminhar a questão financeira de modo muito satisfatório, o que me permite dizer que cumpri o meu objetivo principal, saindo com a alma lavada e confiando que a nova diretoria conseguirá levar adiante este trabalho.
OF – A Certaja Desenvolvimento acumulava déficits financeiros em decorrência de problemas nos projetos das pequenas centrais hidrelétricas. Como ficou a situação financeira da cooperativa Certaja Desenvolvimento?
Pedro Maia – Tivemos uma parceria muito importante, diria fundamental, do Sicredi, que juntou todos os nossos “papagaios” em um só financiamento, com prazo de dez anos para pagar e juros mais baixos. Isso, e a venda de uma área de propriedade da Certaja Desenvolvimento para a Certaja Energia, nos garantiu o capital de giro necessário para operar a cooperativa de maneira mais tranquila. Internamente foi mais difícil. Fomos obrigados a promover um “enxugamento” na estrutura de pessoal como forma de reduzir custos. Os que ficaram estão com mais trabalho e responsabilidades do que antes. Mas como são pessoas de muito valor, estou certo de que conseguirão dar conta do recado.
OF – Quais ações foram desenvolvidas para melhorar a saúde financeira da cooperativa?
Pedro Maia – Os fatos pontuais já descrevi na resposta anterior, mas quero reforçar aqui algo que foi primordial nas minhas gestões nas duas Certajas e a que credito parte do nosso atual sucesso: a educação e a preparação do quadro funcional. Sempre lutei para o desenvolvimento profissional da equipe. O resultado está aí. Tanto o novo presidente com o novo vice da Certaja Desenvolvimento começaram nos trabalhos mais simples da cooperativa e, tendo abraçado nossos planos educacionais, se capacitaram plenamente para a função que agora vão exercer. Também por isso acredito no futuro da cooperativa.
OF – Quais lembranças você levará da Certaja e de Taquari?
Pedro Maia – Taquari e a Certaja fazem parte do que eu sou hoje. Foram mais de quarenta anos de convivência repleta de desafios e realizações pessoais e profissionais que, sem dúvida, ajudaram a moldar o meu ser. Taquari e a Certaja não serão só lembranças, mas parte do meu corpo e da minha alma.
OF- Quais são os planos para o seu futuro?
Pedro Maia – Tenho recebido convites de antigos colegas para trabalhar na área de energia na qual me formei. Mas não estou com pressa. Os últimos anos na cooperativa foram muito desgastantes. Preciso descansar um pouco.
