Enquanto a maior parte da produção rural da região é baseada na floresta cultivada e campo nativo para criação de gado, alguns produtores têm apostado na fruticultura.
Nesta semana, O Fato inicia uma pequena série de matérias que visa a mostrar histórias de agricultores que buscaram alternativas para diversificação de culturas.
Esse é o caso das produtoras Deise Moura, de Tabaí, e Flávia Bavaresco, de Taquari, que estão satisfeitas com o cultivo de morango, iniciado há cerca de um ano. A fruta é produzida o ano inteiro em estufas, que podem ser construídas em pequenas áreas de terra. O preço de venda varia conforme a época do ano, ficando em cerca de R$ 20 o quilo para comercialização direta ao consumidor.
No Campo do Estado, sete mil mudas
Depois que se aposentou, a veterinária Flávia Pereira Bavaresco, 58 anos, iniciou um empreendimento em família. Com ajuda dos filhos, Pedro e Luísa, e do esposo Clóvis Bavaresco, são produzidos, classificados e distribuídos dezenas de quilos de morango semanalmente. A estufa de 14 x 48 metros tem capacidade para sete mil mudas. “A produção está diretamente relacionada com as condições climáticas, a temperatura entre 13 a 26 graus e a umidade relativa do ar em torno de 60%. Oscila muito, já chegamos a colher 50kg por semana”, relata Flávia.
O cultivo iniciou em julho de 2019, sem a utilização de agrotóxicos e defensivos agrícolas. As mudas devem ser trocadas pela família quando completarem dois anos, para manter a produtividade em alta. Entre as dificuldades no cultivo, Flávia considera o tempo necessário para a produção, que chega a levar quatro horas diárias só na colheita, classificação e embalagem. “Colho segunda, quarta, sexta e sábado. Seis horas da manhã já tenho que estar na estufa, para não pegar um fruto quente. Nós colhemos e entregamos no mesmo dia”, conta. Toda a produção da família é escoada em Taquari, em embalagens de 450 gramas. Encomendas são aceitas no número (51) 99669-4007.
Em Tabaí, morangos incrementam renda de família na agricultura
Moradores da localidade de Lajeadinho, no interior de Tabaí, o casal Deise Moura e Sirlério Ferreira, e os filhos Mateus, Vitor, Tiffany e Valentina, se dedicam ao cultivo de hortaliças há cinco anos. Desde junho de 2020, a fruticultura também foi implantada na propriedade. Em duas estufas de 7 x 24 metros, são produzidos cerca de 200 quilos de morango por mês. “Quando eu comecei com a ideia de produzir hortaliças, muita gente dizia que não tinha como sustentar uma família com isso, que o pequeno não tinha vez. Eu não dei ouvidos e comecei”, lembra Deise. Toda a área plantada na propriedade tem cerca de meio hectare e a produção representa em torno de 80% da renda da família, já que Sirlério também trabalha fora da propriedade.
Os moradores de Tabaí construíram duas estufas através de financiamento do Pronaf, com carência inicial de três anos, e já estão viabilizando a duplicação da produção, com construção de novas estufas, investimento proporcionado pelo próprio morango. “Quando eu começar a pagar o financiamento das primeiras estufas, eu já estarei trabalhando com quatro”, relata Deise. A produção é vendida, através das redes sociais Facebook e WhatsApp, em embalagens de um quilo. O escoamento é nos municípios de Taquari, Tabaí e Canoas, onde Deise faz entregas. O contato da produtora é (51) 99892-5922.
Saiba mais
Segundo dados da Emater, do balanço de 2019, Taquari tem 11 mil hectares de produção rural, sendo a maior parte ocupado por floresta cultivada, campo nativo e arroz irrigado. A fruticultura representa 125 hectares, apenas 1% do total. A plantação é de melancia, laranja, nogueira pecã, bergamota, uva, melão, pêssego e morango. Na microrregião, que inclui Tabaí, Paverama e Fazenda Vilanova, são mais 89,25 hectares na fruticultura.