Obra parada há cinco anos vira lar para família

A família de Giovana Olinda de Souza, 52 anos, está, mais uma vez, morando em um local público sem ocupação. Há cerca de um mês, a matriarca, uma filha de 17 anos e o genro vivem nas estruturas construídas para a creche do bairro Parque do Meio. A obra está parada desde 2016.

Esta não é a primeira vez que a família se encontra em situação extrema de vulnerabilidade social. Em 2019, eles residiram no prédio do antigo CTG David Canabarro, que foi demolido pela Prefeitura. Na época, deixaram o local para morar com uma filha de Giovana, mas devido a conflitos familiares e a interrupção do trabalho formal de um dos integrantes (corte de mato), acabaram voltando às ruas. Em 2020, a família mudou-se para as estruturas inutilizadas da feira do produtor rural, na avenida Ceci Leite Costa. O local também acabou desmanchado pela administração municipal, quando a família negociava a compra de um terreno com pagamento através do auxílio emergencial e a assistência social buscava doações para construção da casa. Nesta semana, Giovana contou a O Fato que o negócio da compra do terreno acabou desfeito. “Perdi R$ 800”, contou.
Morando nas estruturas da creche, o sustento é mantido com o salário do genro, que trabalha em uma carvoaria, e com o dinheiro arrecadado pela venda de materiais recicláveis, recolhidos pelas mulheres. A família também busca cesta de alimentos na assistência social, mas contou que teve as doações deste mês furtadas na creche, já que a moradia improvisada é aberta. O local conta com água, que foi instalada recentemente, mas não tem energia elétrica ou banheiros. A família diz que não tem condições de pagar um aluguel e aceita doação de alimentos, cobertores e roupas.

A obra

A construção da creche do Parque do Meio, com investimento de R$ 790.613,29, iniciou em 2014, realizada pelo governo Federal através da MVC Soluções em Plástico, que propunha um inovador método de construção. A empresa venceu licitação para construção de centenas de escolas de educação infantil no país, mas acabou decretando recuperação judicial e abandonando a maior parte das obras, sem conclusão.
A construção em Taquari ficou em 60% e foi totalmente abandonada em outubro de 2016. Desde então, a Prefeitura busca autorizações junto ao governo Federal para continuação da obra em construção convencional (alvenaria) ou aproveitamento das estruturas para outros fins, como proposta já apresentada em anos anteriores de construção de quadra de esportes.

O que diz a Prefeitura

A administração municipal manifestou-se, através de nota. “A mulher que está na creche do Parque do Meio é acompanhada pela Assistência Social do município, através do CREAS. Ela possuí familiares em Montenegro, inclusive já morou com esses familiares, mas acabou retornando para a situação atual. A Assistência Social tem monitorado o caso, com visitas e intermediando o contato com a família, buscando a reinserção da mesma e acompanhamento. Ela recebe Bolsa Família e cestas básicas do CRAS, além de ter recebido Auxílio Emergencial. A administração também disse que procura uma alternativa, junto ao Ministério da Educação, para conclusão do prédio”, informou a Prefeitura.