O Fato Taquari Jornal On-Line
O número de motoboys que circulam pelas ruas de Taquari teve crescimento notável em 2020. Embora sem estatísticas formais sobre o setor, na maioria formado por trabalhadores autônomos, os empresários locais relatam o aumento na demanda de tele-entregas durante a pandemia de coronavírus e a consequente contratação de profissionais para o serviço.
A farmacêutica Maria Beatriz Bizarro já oferecia o serviço de tele-entrega, mas foi em 2020 que o setor ganhou força. Tendo a farmácia como um dos serviços essenciais, a população encontrou na tele-entrega uma forma de manter a compra das medicações e evitar o risco de contágio. “Nós já oferecíamos, mas as pessoas não tinham muito a necessidade, vinham até a farmácia. Agora, durante a pandemia, aumentou bastante a procura e também tem se divulgado bastante para as pessoas se protegerem mais”, relatou.
Nas lancherias, os pedidos de entrega das refeições em casa aumentaram, principalmente no início da pandemia, quando muitos estabelecimentos estavam com atendimento presencial bastante restrito. “Eu cheguei a ter cinco atendendo, não fixos, mas chamávamos alguém para ajudar, porque era só tele, as pessoas não saiam de casa. Hoje eu tenho dois e outro para ajudar quando tem muito movimento”, relatou o comerciante Carlos Zimmermann.
As lancherias registraram, ao menos , o dobro da procura pelo serviço em 2020. “Nossas teles dispararam a partir de abril, com a função da quarentena. Depois disso, as pessoas se habituaram a pedir mais delivery. Hoje temos dois motoboys fixos para dar conta”, contou o comerciante Vinícius Maassen.
Em meio à crise gerada pela pandemia às lancherias, com redução do horário e capacidade de atendimento, a tele-entrega foi o que manteve a maior parte dos estabelecimentos nos últimos meses. “Sempre foi importante, mas o que nos mantém funcionando tem sido esse serviço realmente. Hoje, se o comerciante não procurar ter esse serviço, não tem para onde correr, sem a tele, nosso tipo de comércio não funciona”, disse outro comerciante, Vinícius Castro.
Uma oportunidade de renda extra para muitos
Enquanto para o comércio o serviço tem sido essencial, para muitos taquarienses, a tele-entrega significa renda. Como boa parte dos atendimentos são realizados à noite, muitos trabalhadores exercem outras funções durante o dia e veem no serviço uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra. “Vale a pena, varia muito de dia para dia, mas é um extra bem legal. E aqui em Taquari o trânsito é tranquilo, acredito que, em outros lugares, seja mais complicado. Eu nunca sofri acidente”, relatou o motoboy há um ano, Laone Scherer, 28 anos.
Outro taquariense que trabalha como motoboy à noite é Márcio Schwingel, 35 anos. “Fui trabalhar só duas semanas para substituir um rapaz que teve que viajar e acabei ficando, pois vi que era muito lucrativo. Porque hoje as pessoas preferem receber o lanche em casa devido à pandemia. Tem horas da noite que eu passo por uns 10 motoboys diferentes em um mesmo bairro”, contou.
Há sete anos na profissão, também como forma de renda extra, Gilberto de Souza, 35 anos, vê o aumento no número de motoboys. Além de mais profissionais por lancherias, ele acredita que a pandemia também fez com que muitas pessoas decidissem abrir novos empreendimentos na área de lanches e acabassem precisando de motoboys para seus clientes. “Na época que eu comecei, eram poucos nesse ramo de lancheria. Aumentou bastante o número de lancherias e muita gente desempregada , que tinha uma moto , viu a oportunidade de virar motoboy. Hoje em dia está mais disputado, é difícil conseguir uma lancheria para trabalhar, mas também é difícil conseguir motoboy, alguns trabalham um final de semana e não querem mais”, considerou.
