Mais um passo foi dado para a formação do primeiro grupo de Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) de Taquari. Estão definidas as três famílias que farão a entrega de cestas semanais. A próxima etapa para formação do grupo é encontrar um número mínimo de cotistas, que pagarão um valor mensal para o recebimento dos produtos frescos e orgânicos.
A proposta começou a ser implantada em Taquari no mês de outubro, quando foi promovido curso sobre CSA. O conceito visa a um comprometimento entre os participantes do grupo. Os clientes, que na CSA são chamados de co-agricultores, pagam um valor fixo mensal para recebimento de oito variedades, podem conhecer o local e a forma com que os alimentos são produzidos. Os agricultores se comprometem com uma produção livre de agrotóxicos e defensivos químicos, obtém uma renda fixa mensal com o grupo e compreensão em caso de intempéries.
As entregas semanais costumam ser feitas na parte da tarde, já que os alimentos são colhidos no mesmo dia, pela manhã. O dia da entrega será definido, assim como o valor mensal a ser cobrado pela cesta, que deve ficar em torno de R$ 130, (cerca de R$ 30 por cesta).
Quem quiser participar do grupo e receber, semanalmente, os produtos frescos e orgânicos , deve entrar em contato com Marcelo Pereira, pelo telefone 9 9682-7056.
Hortaliças, folhosas e raízes da Clarisse e Sidimar
O casal Sidimar e Clarisse Teles, moradores do assentamento Tupi, serão os responsáveis pela maior parte dos produtos da cesta. Eles já se dedicam à produção de hortaliças, folhosas e raízes para entrega a clientes em Taquari e para o Programa de Aquisição de Alimentos, onde o poder público compra alimentos para entrega a famílias carentes. O casal busca, agora, mais uma oportunidade de escoamento da produção. “É um trabalho coletivo, um projeto que a gente já vinha buscando com essa entrega para nossos clientes de Taquari, de conseguir essa questão do consumidor compreender de onde vem este alimento, conhecer o espaço, todo esse envolvimento. A pessoa não está só comprando uma alface, mas comprando todo o trabalho desenvolvido por aquelas famílias no processo de produção”, relatou Clarisse.
Formada em técnico agrícola e estudante de licenciatura em Educação do Campo – Ciências da Natureza, ela aplica os ensinamentos obtidos nos cursos para a produção orgânica dos alimentos. “Fizemos bastante consórcio das plantas, que são plantas companheiras, que se plantam juntas, no mesmo canteiro, para vários motivos, como facilitar o manejo, aproveitar o espaço e para que uma sirva de repelente para outra, por exemplo, o alho ao lado dos canteiros serve de repelentes para os insetos. Toda nossa produção é voltada ao equilíbrio ambiental do espaço, usamos tudo orgânico, calda bordalesa, biofertilizantes, nós fazemos o nosso composto, usamos muita cobertura vegetal morta , tanto para proteger, quanto para manter o solo, porque serve de adubação , porque é carbono”, contou.
Além de Clarisse e Sidimar, trabalha na propriedade a mãe de Clarisse, Jandira. Eles também contam com a ajuda do amigo Carlos, para, entre outros, a entrega dos produtos, já que não possuem carro. Até a pequena Anahí, filha do casal, auxilia na produção, enquanto brinca e se diverte na plantação. Eles produzem alface, brócolis, rabanete, tempero verde, couve, vagem, repolho, beterraba, cenoura, alho poró, alho nirá, cebolinha fina, pepino, tomate, rúcula, espinafre, além de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS), como tansagem, língua de vaca e ora-pro-nóbis, e temperos, como manjericão, alecrim e hortelã, que costumam ser enviados como um presente nas cestas já entregues pela família.
Microverdes do Marcelo
Há cinco meses, o morador da Fazenda Lengler, Marcelo Pereira, se dedica à produção de microverdes. Ele fornecerá uma bandeja do produto nas cestas da CSA Taquari. São vegetais jovens, que estão na segunda fase da planta (após o broto), e concentram grande quantidade de vitaminas e minerais, além de um intenso sabor. Marcelo produz diversas variedades de microverdes, como alface, beterraba, cenoura, rúcula, couve, couve rábano, mostarda, coentro e repolho roxo. “Está sendo muito importante esta participação dos agricultores, vamos fazer com que a CSA nasça e cresça e se estabilize. Hoje eu produzo microverdes, mas já estou começando com abóbora cabotiá e pepino japonês, todos cultivados de forma orgânica”, relatou o produtor.
Os morangos da Ana
Em Amoras, a agricultora Ana Maria da Rosa tem se dedicado, desde agosto de 2019, ao cultivo de morangos sem agrotóxicos e defensivos químicos. Começou com mil mudas da fruta e, devido à demanda, hoje planta outras mil. “O pessoal gosta bastante e eu produzo o ano todo, sempre tenho morango. Não uso nada de veneno, faço adubação orgânica, para fungo, uso água oxigenada e bicabornato de sódio e, para os bichinhos, coloco detergente ou extrato pirolenhoso”, explicou. A produção de Ana atualmente é vendida para clientes próprios no município e para viajantes que buscam em sua propriedade, às margens da RSC-287.