Uma ação de rotina do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, realizada na terça-feira, 24 de julho, no hospital São José, em Taquari, interditou temporariamente o bloco cirúrgico da instituição e a sala do Centro de Material e Esterilização (CME).
Conforme o titular da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, Ramon Zuchetti, foram identificadas situações de rotina do trabalho que precisam ser corrigidas, entre elas, o uso de um mesmo acesso no CME para a entrada de material sujo e saída do limpo. “Tem que ter um fluxo, entrar com o material sujo por um lado e o material limpo sair pelo outro lado. Não pode usar o mesmo acesso. São situações de rotina, que a solução não é complicada”, diz. O coordenador não citou outras situações que geraram a interdição, segundo ele, porque o relatório da vigilância sanitária não está concluído.
Em consequência dessas inconformidades, o bloco cirúrgico não pode ser utilizado durante 10 dias para que os ajustes sejam feitos e ocorra nova vistoria. “É mais por uma medida cautelar que qualquer outra situação. São rotinas do dia a dia que precisam estar formalizadas. Por isso que se interditou”, explica.
O demais serviços do hospital, como emergência e internações, continuam funcionando.
O Inapp pronunciou-se sobre esta situação através de nota
“A recente interdição dos setores de Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico e Centro de Materiais Esterilizados do hospital pela Vigilância Sanitária, ressalvada a situação de procedimento emergencial “necessário para salvar a vida do paciente”, no que tange a questões de ordem operacional, o INAPP está trabalhando de forma assídua para total resolução das causas da interdição (mediante auditoria interna); quanto aos aspectos de ordem estrutural, a prefeitura já foi informada acerca do teor da fiscalização da Vigilância Sanitária e das adequações necessárias, bem como da necessidade de referenciar os pacientes para unidades hospitalares competentes de modo que a população não fique desassistida. Frisa-se que os demais setores e serviços do hospital seguem funcionando normalmente. Por fim, salienta-se que o INAPP vem trabalhando em conjunto com a prefeitura para solucionar a situação e o mais breve possível retomar a integralidade dos serviços no hospital São José”.
Pedro Dinarte Faleiro
DIRETOR PRESIDENTE
Inaap ainda não está realizando partos
Embora tenha sido prometido para o dia 1º de junho, o Instituto Núcleo de Apoio às Políticas Públicas (Inaap), que administra o Hospital São José, de Taquari, ainda não está realizando partos na instituição. Em maio, quando assumiu a casa de saúde, o Inapp anunciou que tinha a equipe médica para iniciar o trabalho de obstetrícia no mês seguinte.
Entretanto, conforme o administrador, Fernando Vegner, que assumiu em meados de junho, naquela ocasião o instituto tinha uma médica para realizar o serviço. O administrador da época teria feito uma proposta ao obstetra, mas as negociações não tiveram andamento. Agora, segundo Vegner, outros três obstetras estariam finalizando a negociação.
Ainda, para realizar o trabalho foi necessário comprar equipamentos para estruturar o serviço. A licitação foi realizada no dia 27 de junho, porém houve impugnação por parte de uma empresa. “Foi feito o projeto de materiais de retaguarda de UTI”, disse. O valor do investimento dos equipamentos é de R$ 250 mil feito pela prefeitura de Taquari. “Daria para começar sem estes aparelhos, mas se hoje tem estas tecnologias, seria começar errado. Se o prefeito disponibilizou verba para isso, fez investimento, não há por que a gente não começar da forma correta”, salienta.
O Inapp anunciou, na semana passada, que o médico pediatra Clóvis Antônio de Matos Souza iniciou o atendimento pelo sobreaviso, na quarta-feira, 18 de julho. “Não havia plantão pediátrico”.
A nova previsão de início da realização dos partos é para agosto. “Até fechar a questão da tecnologia, vamos ter os obstetras. A primeira questão era a falta de pediatra, porque não se fazem mais partos sem o pediatra presente. Ter a equipe toda é uma das preocupações. A ideia é até o final do mês ter os outros obstetras”.
“O Inaap é responsável e não brinca com vidas”
O Inapp assumiu a administração do hospital em 11 de maio, por seis meses, substituindo emergencialmente, o Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV). Por ser um contrato emergencial, a prefeitura está encaminhando o processo de licitação para que uma instituição assuma a administração da casa de saúde por um tempo maior. Antes de assumir, o Inapp comprometeu-se em oferecer o serviço de obstetrícia.
Questionado por O Fato Novo se o atraso no início poderá comprometer o projeto do Inapp de continuar administrando a casa de saúde, o administrador Fernando Vegner diz: “Pode contar como ponto negativo num primeiro momento, dependendo do ponto de vista que for avaliar. Vai começar a nascer taquariense a partir do momento que houver a infraestrutura e recursos humanos contratados e treinados e equipe médica, com tudo certo. O Inaap é responsável e não brinca com vidas. Nós seremos irresponsáveis em aceitar um parto, precisar um equipamento e não ter. Olhando por este lado, não conta. Depende de quem vai avaliar”, diz.
Ele diz que o Inapp quer manter os contratos no Rio Grande do Sul, onde está a sede (os demais são em São Paulo) e que o hospital de Taquari, que foi o primeiro assumido pelo Inapp, servirá de case de sucesso.
Ele diz ainda que, desde que assumiram a instituição, houve o treinamento dos setores e a informatização dos serviços. “Hoje em dia trabalhar sem sistema de gestão é impossível. Praticamente todos os setores foram treinados. Agora serão cadastrados todos os medicamentos”, salienta.