A indisponibilidade de recursos da prefeitura para subsidiar o Carnaval 2016 afetou diretamente a realização do evento. Uma reunião na tarde de ontem, na prefeitura, com o prefeito Maneco, que está em férias, e o vice-prefeito, André Brito, que está no exercício da função, com os representantes das sociedades carnavalescas e das turmas definiu os rumos da festa neste ano.
Maneco iniciou a reunião justificando que os municípios, o Estado e o País estão passando por dificuldades financeiras, nos últimos seis meses. “Já realizamos o Natal Açoriano aos 45 minutos do segundo tempo, com 99% de recursos externos; estamos com os repasses da Saúde, do Governo do Estado, completamente atrasados, tanto para o Município quanto para o Hospital; a APAE tem um projeto, de R$ 80 mil por ano, que era patrocinado pela Duratex, mas do dia para a noite a empresa cortou. Cerca de 30 a 40 crianças autistas podem ficar sem atendimento. Nós enfrentamos uma série de dificuldades financeiras, que ainda se mantém, e não temos nem uma garantia de que vai melhorar”, justificou. Ele disse ainda que, neste ano, há mais de R$ 2 milhões a serem dados de contrapartida para viabilizar obras que estão ou vão ser contratadas, e que há uma demanda de mil exames a serem disponibilizados. O prefeito destacou também que recebeu manifestações de integrantes das escolas de samba de Taquari de que não estavam em condições de desfilar. “Ninguém mais do que eu e o André gosta de Carnaval, podem gostar igual, mas mais eu duvido. Durante o nosso governo, desde o início, ninguém mais do que nós na história do município, investiu em eventos, Carnaval, Rodeio, Natal Açoriano e fizemos porque achamos importante para a cidade. Só que agora, o momento econômico é outro completamente diferente. Antes nós tínhamos dinheiro, agora não tem”.
Ele disse que o Carnaval tem um custo em dinheiro de R$ 190 mil para ter as arquibancadas, som de qualidade, os banheiros, praça de alimentação, auxílios para as escolas, de cerca de R$ 30 mil, fora a mão de obra da prefeitura.
Com este valor, ele disse que é possível colocar os exames da secretaria da Saúde (não os laboratoriais) em dia. O prefeito anunciou que a Câmara de Vereadores vai zerar o gasto com diárias neste ano e o recurso será utilizado para pagar as despesas do atendimento dos autistas da APAE.
“Ninguém vai morrer por não ter o Carnaval num ano”
Os representantes das sociedades carnavalescas concordaram com a decisão do prefeito. “Acho louvável não investir em Carnaval e investir em Saúde, não tem nem que discutir. Não tem dinheiro, ninguém vai morrer por não ter o Carnaval num ano. Até mesmo se hoje a gente fosse fazer, não dá mais tempo”, afirmou o presidente da Sociedade Carnavalesca Batutas da Orgia, Fabrício Araújo. Ele acredita que a tendência é o Carnaval terminar em Taquari, com os anos, por falta de voluntários. “Quem me ligou preocupado com o Carnaval? As pessoas que ganham dinheiro. Não adianta nós querer e os outros não”, disse.
Uma representante da Irmaõs da Opa, Amanda Martins, destacou que a partir da reunião de ontem poderia se pensar no próximo Carnaval, com o envio de projetos para captar recursos externos, como na Corsan. Também da Opa, Ivan dos Anjos, disse que a escola já estava se preparando e que as fantasias continuarão sendo feitas para o próximo ano.
“Fazer meia-boca é melhor não fazer”
Maneco pediu que as turmas façam um levantamento do que vão precisar para fazer as concentrações, já que nos anos anteriores eram disponibilizados os banheiros químicos, e a prefeitura avaliará no que poderá ajudar. Ele justificou que não há possibilidade de fazer um evento sem a infraestrutura. “Fazer meia-boca é melhor não fazer. O cara vai sair lá da Leo Alvim Faller para assistir ao desfile das turmas, chega aqui e não tem lugar para sentar, vai ter uma corda na avenida, não vai ter o banheiro, ele vai voltar falando mal”, acredita.
Além disso, não há indicativos de a Brigada Militar ampliar o efetivo para o evento. “No Natal Açoriano de 2013, vieram 40 brigadianos de fora. No último, quatro”, falou o prefeito.
A prefeitura, conforme Maneco, não realizará nada de programação. “Qualquer ideia criativa das turmas, que tenha custo reduzido, nós somos parceiros”, afirmou.
Durante a reunião, Maneco divulgou uma lista da demanda por exames solicitados na secretaria de Saúde: ecocardiograma, 31; ecodoppler vascular, 126; ressonância magnética, 142; tomografia, 152, e ecografia, 550, totalizando 1001 solicitações e uma despesa de R$ 150 mil.