Folhosas hidropônicas são produzidas em Taquari

A produção de hortaliças do casal André Gaedck, 45 anos, e Eliana Rodrigues, 44 anos, não é nada convencional. Os pés de folhosas como alface, rúcula, cebolinha e agrião, repolho, entre outros, são cultivados na água, através de uma técnica em difusão no Brasil, a hidroponia, sistema no qual o plantio não ocorre na terra.

Há dois anos o casal, que residia em Venâncio Aires, decidiu investir na agricultura. Ele, natural de Taquari, formado em Administração, atuava como consultor do Sebrae, na área de agronegócio. Ela, bióloga, fazia consultoria ambiental para empresas e tem conhecimento na área da hidroponia, com experiência obtida em Venâncio Aires. “Vimos a oportunidade neste mercado e resolvemos empreender aqui. O mercado não tinha esse tipo de trabalho nem produtores convencionais de hortaliças, a maioria vem da Central de Abastecimento (Ceasa)”, conta André.
Em 2018, abriram a empresa Essencial Hidroponia, localizada na TK 21, Boa Vista 1. Eles próprios iniciaram a montagem do sistema de encanamentos e bancadas para reduzir o custo. Contrataram apenas o serviço de montagem dos postes e de colocação do plástico da estufa. O investimento foi de, aproximadamente, R$ 60 mil com os encanamentos, perfis, caixa d’água, motor, estrutura, lastro e outros.
Em janeiro de 2019, iniciou-se o processo de plantio em uma área de 400 metros quadrados. Por mês, são colhidos 4 mil pés de alface e três mil das demais hortaliças. No inverno, ocorre uma pequena queda. “Num espaço menor, temos maior produtividade com custo baixo, além da questão da água, com aproveitamento, inclusive dos nutrientes”, explica.
A produção não utiliza nenhum tipo de agrotóxico e é protegida dos insetos pelas telas e o plástico da estufa, no entanto, explica a bióloga Eliana, não é considerada orgânica porque o adubo, como ferro e cálcio, possuem partículas químicas. Para garantir a qualidade do alimento, eles compram a semente, fazem a semeadura na espuma fenólica, obtendo as mudinhas. “Não compramos a muda de fora para não ter o risco de doenças nem contaminar a produção, ficando mais controlado. O nosso objetivo é um alimento saudável e seguro”, afirma Eliana.
No sistema de hidroponia, a planta fica em contato com a água desde a semeadura. Passado o processo de germinação, as mudas são levadas para a estufa e colocadas nos canos. “É um sistema de cultivo na água, mas a água é economizada porque ela retorna para o uso na plantação. O consumo é apenas a necessidade da planta, de aproximadamente dois mil litros por mês, esse é o gasto total, mas consome menos água do que se fosse plantada na terra”, explica André. A água utilizada para limpar as bancadas é reaproveitada nas plantas frutíferas que estão na propriedade.
Mesmo sem reaver todo o investimento, a renda da produção é a principal da família, que também comercializa frutas, mudas nativas e frutíferas. “No trabalho da consultoria, o estresse era mental, com a papelada. Aqui, por mais que se esteja cansado, não é a mesma coisa. Todo mundo quer ter um emprego em uma sala bonita, com ar condicionado; aqui é no sol, na chuva, calor forte, mas é muito gratificante”, comenta Eliana.
“O cansaço é físico, que dorme e resolve”, completa André.
O trabalho na propriedade é realizado pelo casal e uma funcionária, Maria Mota. “Não troco o meu serviço por nada”, salienta.

Comércio apenas por aplicativo de mensagem

A comercialização das hortaliças é direta ao consumidor, através de aplicativo de mensagem, com distribuição semanal nas residências. Há venda também em alguns supermercados de Taquari. O valor da alface, por exemplo, é de R$ 3,00 a R$ 3,50.
A intenção inicial dos empreendedores era abrir a propriedade para a visitação e venda, no entanto, com a pandemia, isso foi adiado.
Também, com a pandemia, eles acreditavam que a venda seria reduzida, mas acabou aumentando pela questão da segurança também em relação à prevenção do contágio. “As pessoas têm a mania de colocar a mão nas frutas e verduras que estão expostas. O nosso produto tem a entrega direta para o cliente e a pessoa seleciona previamente o que quer”, conta.
Há disponibilidade também de mix de folhas higienizadas prontas para o consumo.
Para os próximos dias, deverão estar disponíveis, também, tomates orgânicos, produzidos com adubo com selo orgânico.
As pessoas interessadas em adquirir os alimentos podem entrar em contato pelos telefones (51) 997465801 e (51) 997218080.