Em julho de 2015, a rotina de Márcia, 46 anos, mudou após a filha de 3 anos ser diagnosticada como portadora de diabetes. Ao descobrir que o nível de glicose da criança estava muito alto, a dona de casa teve que eliminar os alimentos com açúcar do cardápio. Além disso, no início de todo mês, ela vai até a Farmácia Básica de Taquari retirar a insulina, que é administrada diariamente, três vezes. Porém, no dia 5 de novembro, quinta-feira, ela recebeu um medicamento diferente.
“Retirei a insulina da embalagem, para colocar na caixa de isopor, e estranhei, porque o remédio que eu aplico é branco, e aquele era transparente”, relata. Segundo a dona de casa, ao questionar a funcionária que havia entregado o remédio, a mesma informou que era fabricado por outro laboratório, por isso a diferença.
A insulina permaneceu guardada até o dia 29 de novembro, domingo, data em que Márcia começou a administrar a medicação obtida no início do mês na Farmácia Básica. No mesmo dia, a filha começou a apresentar sintomas que indicavam aumento de glicose no sangue. No dia seguinte, dia 30, ela começou a passar mal.
Sem saber o que fazer, a mãe decidiu medir o nível da diabetes com uma aparelho que possuía em casa. Ao invés de aparecer o número da glicose em miligramas por decilitros (mg/Dl) – padrão utilizado para realizar a medição da diabetes -, a máquina marcava apenas a letra H. Pensando que era um erro da máquina, Márcia consultou o manual do aparelho e descobriu que o resultado indicava um nível de glicose acima de 600 mg/Dl, extremamente além do normal.
Durante a semana, a mãe continuou aplicando a medicação na filha. Porém, a criança não apresentava melhoras. “Ela urinava bastante. Em uma noite, eu precisei trocar a fralda dela quatro vezes”, lembra. No dia 3 de dezembro, quinta-feira, a mãe conseguiu contato com a endócrina de Porto Alegre que acompanhava o caso da filha.
Ao informar a situação, a médica perguntou se Márcia havia mudado a insulina. Ela respondeu que não, mas comentou que o medicamento entregue na Farmácia era diferente do habitual. Após saber sobre as informações da bula, a endócrina fez um alerta para a mãe:
“A insulina que está sendo aplicada é a errada. Pare imediatamente, porque a vida da sua filha está em risco.”
Farmácia Básica confirmou a troca, segundo o relato
Revoltada com a situação, Márcia decidiu ir até a Farmácia Básica, no mesmo dia, para comunicar o ocorrido. Inicialmente, a funcionária que havia entregado o medicamento semanas antes negou a acusação. Porém, de acordo com o depoimento da mãe, o farmacêutico da Secretaria da Saúde, Marcos Reis, verificou o cadastro da menina e constatou a troca de insulina.
Farmácia Básica, então, entregou a medicação correta para o tratamento da filha de Márcia. Embora tenha deixado claro que este fato nunca acontecera antes, a mãe procurou O Fato Novo para relatar o ocorrido. A expectativa dela é que a população e a equipe da Farmácia, fiquem atentas:
“Este tipo de erro não pode voltar a acontecer. Assim como a vida da minha filha esteve em risco, outras pessoas podem passar pela mesma situação”, explica.
O que diz a Secretaria da Saúde
A reportagem foi até a Farmácia Básica buscar esclarecimentos. Mas o farmaceutico Marcos Reis afirmou que não poderia dar entrevista. De acordo com o Secretário da Saúde, José Harry Saraiva Dias, o depoimento de Márcia não havia sido comunicado oficialmente até o momento. Entretanto, afirmou que irá investigar o caso: “Vamos tomar as medidas cabíveis para verificar o que aconteceu e garantir que isso não irá ocorrer novamente. Por enquanto, devemos pedir desculpas para a família.”