Na estrada geral do Canto dos Vicente, uma cerca com 500 metros de extensão já indica que algum gremista fanático mora por ali. As madeiras são pintadas nas cores azul, preto e branco. Ao chegar em frente à residência, se tem a certeza da paixão tricolor. A casa azul leva o símbolo do clube e o mascote O Mosqueteiro em diversos lugares.
Na propriedade rural residem Serenita Alves de Souza, 89 anos, e Marcelo de Souza, 51 anos, que, de tão torcedor do tricolor gaúcho, anda sempre com a camisa do clube e já é conhecido em Paverama por Marcelo Gremista. “Eu uso todo dia, em qualquer lugar que eu vou. Se é frio, eu boto por baixo. Eu cansei de ir em evento e me dizerem: até que enfim veio sem camisa do Grêmio, aí eu mostro que está por baixo do casaco. Eu só tiro a camisa de noite, porque capaz que eu vou dormir em cima do símbolo do Grêmio”, fala.
A paixão pelo tricolor foi herdada do pai, falecido há 21 anos. Em uma placa, em frente à residência, Marcelo o homenageou. “Fiz este projeto com o apoio de minha mãe em especial para meu pai, que foi um homem honesto, simples, digno e com caráter. Um verdadeiro imortal tricolor”, diz a placa.
Os presentes que mais agradam o paveramense são itens alusivos ao Grêmio, como camisetas, fotos, pôsteres, canecas, chaveiros e objetos decorativos. E ele já tem muitos destes produtos. Mais de mil na coleção. “Se me der R$ 100 em dinheiro e um objeto simplesinho do Grêmio, eu prefiro o objeto”, conta.
A sala da residência é o cantinho tricolor. Alí, embora os colorados também sejam bem recebidos, segundo conta Marcelo, não entra nada vermelho. O fio do rádio, que era encapado na cor do rival Internacional, foi coberto por fita isolante. Até a boca de um sapo, objeto decorativo com a camiseta do Grêmio, foi recebeu a fita preta para não lembrar o colorado. “Minha irmã mais velha me trouxe um tapete vermelho. Eu deixei uns 20 dias. Mas eu não gostava, não me servia aquilo ali. Um dia peguei e joguei lá no fundo da roça”, ri.
Com tanto amor pelo Grêmio, o maior ídolo do paveramense não podia ser outro: Renato Gaúcho. Ele acompanha toda a trajetória do jogador desde sua primeira passagem pelo clube do coração. “Eu acompanho a carreira dele desde os 16 anos, quando ele veio para o Grêmio. Mas começou a ser ídolo mesmo em 1983, na Libertadores e no Mundial. Eu sei todos os times que ele passou, como jogador e treinador. Isso que eu nem tenho internet. Está tudo na cabeça”, relata. O maior desejo de Marcelo é conhecer o ídolo na Arena do Grêmio, já que nunca esteve lá.
Um grupo de funcionarios da Lojas Quero-Quero, de Paverama, está se mobilizando para ajudar o amigo a realizar seu sonho. Nilmar Fabriz, 31 anos, Jeferson Duarte, 26 anos anos, e Odimar Vargas, 26 anos, gravaram um vídeo contando a história de Marcelo. A divulgação foi feita pela rede social Facebook e já tem milhares de visualizações e compartilhamentos. Os amigos já receberam diversas ligações para auxiliar na promoção do encontro, inclusive da coordenadoria do Grêmio, que tenta encaixar uma agenda do treinador do clube com o torcedor paveramense. “É só eles marcarem a data, que a gente bota o Marcelo no carro e leva lá”, conta Nilmar. Enquanto isto, o gremista fanático mantém acesa a esperança de encontrar seu grande ídolo e planeja uma revitalização da pintura da casa, feita no estilo gremista em 2003. “De certo vai ser do Grêmio de novo”, fala a mãe, que nunca se opôs ao desejo do filho de pintar a residência nas cores do time do coração.