Uma multidão de fieis tomou conta do Rincão São José durante o último domingo. Segundo a organização, a 30ª edição da Romaria de Nossa Senhora da Assunção foi uma das maiores em termos de público e reuniu entre 30 mil e 35 mil pessoas. Fiéis de diversos municípios do estado participaram do tradicional evento religioso de Taquari.
O percurso de 3,5km entre a Igreja de Nossa Senhora das Graças e o Santuário da Assunção, no Rincão São José, é feito desde que a imagem da santa foi vista no local, no ano de 1988, por dois meninos do colégio Timótheo Junqueira dos Santos, que fica nas proximidades, e, posteriormente, por dezenas de pessoas que ali rezavam para a santa. Após a caminhada, os fieis se reúnem no Santuário, construído após as aparições, para a missa campal. Neste ano, a celebração foi feita pelo Bispo da Diocese de Montenegro, Dom Carlos Rômulo, pelos freis da Paróquia de Taquari, João Sulzbach, Gastão Zart e Paulo Eduardo Müller, pelo Padre Felipe, da Fraternidade, pelo padre Ademar Stroher, da Paróquia de Triunfo, e Marcos, de Montenegro.
De acordo com o frei João Sulzbach, que realiza há muitos anos a celebração, a Romaria é um ato típico cristão, de peregrinação. “É sempre um momento de caminhar, nós estamos de passagem, nós estamos a caminho. Já faz parte das igrejas as Romarias, caminhar para um lugar determinado que é considerado um Santuário, para um encontro com Deus, para escutar sua palavra. E o nosso Santuário é ainda mais, porque tem a presença da mãe, de Maria. Não é um santuário criado por alguém, ideia de alguma pessoa, é um santuário que nasceu daquele chão, se transformou naquilo que, para mim, é um oásis, um lugar em que se recupera, se abastece, se alimenta, se recuperam forças para continuar a caminhada”, declarou o frei.
A primeira Romaria juntos
Tamiris Martins da Silva, 21 anos, e seu namorado, Jeferson Maciel Pereira, de 32 anos, participaram juntos da Romaria pela primeira vez. Com camisetas do Grêmio, além de buscar sorte para o tricolor gaúcho, os moradores de Taquari realizaram a caminhada em agradecimento. “A gente passa o ano todo pedindo para coisas melhores acontecerem e chega uma hora que a gente tem que agradecer pela saúde, pela família. Cansar um pouquinho, mas agradecer e ter fé”, disse Tamiris. “É importante a gente saber agradecer também, não é só pedir”, concordou Jeferson.
De Santa Cruz do Sul
A família Becker, de Santa Cruz do Sul, também realizou o percurso da Romaria. Esta é a terceira vez que Rosane Becker Barbian, de 44 anos, participa do evento. “Acho muito bom vir, a gente se sente muito bem vindo para cá. É um lugar abençoado, como falam”, relatou. Neste ano, ela veio acompanhada da mãe, Tráude Becker, de 63 anos, da irmã, Rosimeri Becker Hack, de 32 anos, e da sobrinha Camila, de 7. “Eu me sinto muito bem e parece que até as crianças ficam mais calmas”, disse Rosimeri, mãe de Camila. “Eu tenho muita fé e penso na minha família e nos outros”, acrescentou Tráude.
Com a família
O morador de Tabaí, Antônio Olimar Pereira, 44 anos, veio acompanhado da família na procissão. Todos estavam com a camiseta da comunidade São João Batista, da qual participam. Eles realizam a caminhada todos os anos, segundo Antônio. “A Romaria é um ato que expressa nossa fé em Deus, em Maria nossa mãe. A gente fica feliz em ter Maria como mãe e esse é o nosso modo de demonstrar, caminhar junto com ela. Se o mundo tivesse mais fé, não teria tanta violência, tanta desgraça como existe hoje. O que falta nas pessoas hoje é fé”, disse Antônio.
Mantendo a tradição
O morador do Rincão São José, Amaro dos Reis, 54 anos, está mantendo a tradição de seus pais, Amaro Nunes dos Reis, já falecido, e Terezinha Silva dos Reis. Morando na propriedade que era do casal, às margens da VRS-828, ele e seu filho Gabriel Belarmino dos Reis, de 16 anos, e demais familiares enfeitaram a frente da casa. Além de usar a imagem da santa e balões, eles pintaram o escrito “Salve Maria” no gramado em frente à residência. “O pai e a mãe sempre enfeitavam e eu vou continuar o mesmo sistema todos os anos, mantendo a tradição deles, por causa da fé que a gente tem em Nossa Senhora. Minha mãe sempre tinha muita fé e meus filhos também, eles vão na igreja aos domingos, acreditam” disse Amaro.
Com os pés descalços
O morador de Arroio dos Ratos, Jader Jesus de Freitas Barbosa, 27 anos, realizou a caminhada descalço. “Aos 21 anos, eu fiz uma promessa: se eu conseguisse comprar meu primeiro carro, eu sempre viria”, contou, dizendo que não se importava com as dores nos pés, causadas por realizar o percurso descalço, no asfalto, com o calor que estava domingo. “Dá alguma bolhas, estou com quatro, mas não intefere em nada. Vale o sacrifício”, considerou.
Há seis anos ele participa da Romaria e disse que conheceu o evento por influência da família de sua namorada, que sempre frequentava a procissão. Neste ano, o seu sobrinho, Guilherme Santos dos Santos, de 13 anos, morador de Triunfo, o acompanhou.