O mês de março marca o primeiro ano sem a realização de eventos, devido à pandemia de coronavírus. Impossibilitados de trabalhar, profissionais do setor, que segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) movimenta 4,32% do PIB nacional, tiveram que buscar outras formas de sustento. Em Taquari, a realidade não é diferente. Três profissionais que relataram a situação para O Fato realizavam, no total, mais de 200 eventos grandes no ano. Nos últimos doze meses, foram pouco mais de dez trabalhos, a maioria de menor porte.
“Adaptamos nossa forma de trabalhar, com kits de festa em casa e lembranças comemorativas”
A decoradora de eventos Márcia Rosa Rodrigues, 50 anos, trabalha há 22 anos no setor e nunca imaginou passar por esta fase de ter as atividades interrompidas, sem aviso prévio. “Adaptamos nossa forma de trabalhar, com kits de festa em casa e lembranças comemorativas”, relatou. Durante o último ano, além das novidades criadas, a empresa de Márcia realizou ornamentações de vitrines, decorações motivacionais na Zanc e cestas comemorativas. “O atual momento é gravíssimo diante da falta de política econômica de socorro ao setor, que é o único que não voltou às suas atividades. Eu acredito que a volta vai ser devagar e gradual à medida que a imunização com a vacina estiver abrangido a maioria da população”, opinou a decoradora.
“É como se esse setor estivesse falido”
O empresário do ramo da sonoplastia e iluminação de eventos, Douglas Rosa, 37 anos, disse que a situação é complicada. “É como se esse setor estivesse falido. Nunca imaginei não poder fazer algo a que me dedico há 15 anos e ver todos os meus materiais de trabalho,em que investi ao longo desses anos, ali parados”, lamentou.
Nos últimos meses, a empresa de Douglas atuou em três lives e uma formatura em formato Drive-in. Antes da pandemia, havia meses que ele trabalhava em 16 eventos. Para ter renda durante os meses sem trabalhar com a empresa, Douglas buscou emprego fixo como auxiliar de produção e realiza fretes.
“O objetivo é fortalecer nossa empresa e seguir com a fé de que tudo um dia vai passar”
A pandemia também pegou de surpresa a empresa de decoração de Deivid Nunes dos Santos, 30 anos, e Fabrício Ferreira de Araújo, 37 anos. “Tínhamos investido em materiais novos e muitos eventos agendados. Nunca imaginávamos uma situação sem solução como foi a chegada da Covid-19”, contaram a O Fato.
Nos últimos meses, com trabalhos de decoração somente para as lives municipais e da Lei Aldir Blanc e sem perspectiva de retomada, os empresários, que estão há 13 anos no setor, buscaram oportunidades em outras áreas. Em um primeiro momento, no ramo da alimentação, com bolos e tortas, depois Deivid seguiu cuidando da empresa de decoração e realizando trabalhos com uma empresa de florista, que atua em outros estados. Fabrício está na chefia de loja de uma rede de supermercados.
Para eles, a situação, que consideram catastrófica para o setor de eventos, será amenizada de forma muito lenta. “Até porque o maior público de eventos é o grupo que vai ser o último a ser vaciando, que são debutantes, formandos, entre outros. Mas, de certa forma, estamos aos poucos organizando a casa e preparando lindos cenários para essa tão esperada retomada de 100%. Hoje, o objetivo é fortalecer nossa empresa e seguir com a fé de que tudo um dia vai passar”, relataram.