Conforme a delegada Betina Martins Caumo, a investigação do assassinato do advogado Itomar Espíndola Dória ainda está em apuração para descobrir um possível mandante do crime. A motivação, segundo a delegada, pelo levantado até o momento, estaria relacionada à atividade profissional da vítima.
No dia 20 de março deste ano, a Polícia Civil prendeu um homem de 21 anos, acusado de ser o autor dos disparos que atingiram Dória, 60 anos, no dia 12 de dezembro de 2018. O crime ocorreu por volta das 14h, quando a vítima trabalhava em seu escritório, no bairro Parque da Pedreira. O homem entrou no escritório, pedindo informações e disparou cerca de 10 tiros contra o advogado, que estava sentado em sua mesa de trabalho. O suspeito foi preso em Novo Hamburgo e, segundo a delegada, ele foi identificado em fevereiro de 2019, após diligências, viagens e contatos com outros órgãos policiais e informantes. Na data da prisão, Betina afirmou que o acusado foi contratado para executar o crime. Ele segue respondendo preso ao processo.
“É como se tivesse ocorrido ontem”
O filho do advogado Itomar, Gabriel Corrêa Dória, falou a O Fato sobre a perda de sua família. “Passados dois anos da morte de meu pai, naquele trágico dia 12 de dezembro de 2018, nós da família continuamos enlutados, pois foi uma perda repentina e imensurável em todos os aspectos. Pode-se dizer que é como se tivesse ocorrido ontem”, salienta. Para Gabriel, trata-se de um choque de realidade muito difícil de se relatar e de se adaptar. “Continuamos profundamente tristes pela forma como os fatos se sucederam, mas seguimos.”
Segundo Gabriel, não se pode dizer, ainda, que a justiça foi feita. “Seja ela humana ou divina. Há que se aguardar os desdobramentos subsequentes dessa situação. O que houve até o presente momento foi o reconhecimento da figura, da estima e da relevância do ilustríssimo doutor Itomar Espíndola Dória nas mais diversas esferas. Seja através de manifestações de carinho dos amigos, familiares e clientes; por meio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com a solidariedade e o apoio institucional ao caso, bem como o empenho da Polícia Civil.”
Para Gabriel, a violência e insegurança tomaram proporções inimagináveis e insustentáveis para qualquer sociedade organizada. “O conceito de segurança foi totalmente relativizado, ou seja, ninguém está totalmente seguro em nenhum lugar, em nenhuma circunstância. Basta observar o noticiário e o cotidiano para comprovar o que eu digo, estendendo-se desde a nossa cidade até o nível internacional.”
O filho da vítima acredita que o mais importante é que o caso, o fato, jamais seja esquecido ou secundarizado para que não se repita. “É lembrar para não esquecer! A instituição de 12 de dezembro como Dia Estadual de Defesa das Prerrogativas da Advocacia, pela OAB/RS, corrobora com esse intuito. Frisamos que apesar de tamanha crueldade, o legado do doutor Itomar Dória é maior que tudo isso e essa tragédia não apagará ou diminuirá a sua história de vida como advogado exemplar, pai de família com princípios e valores de base, como esposo fiel e dedicado, como incentivador do esporte e católico de fé.”
OAB emite nota
A Ordem dos Advogados do Brasil emitiu nota sobre os dois anos do fato. Segue.
No dia 12 de dezembro, a morte do advogado Itomar Espíndola Dória completou dois anos. Ele foi assassinado em pleno exercício profissional dentro de seu escritório. Além da cobrança realizada às autoridades para a elucidação do caso, a OAB/RS decidiu transformar a data em um símbolo de resistência.
No dia 13 de março deste ano, com a aprovação unânime do Conselho Pleno da OAB/RS, foi instituído o Dia Estadual de Defesa das Prerrogativas da Advocacia, a ser destacado de forma permanente a cada 12 de dezembro.
O ano de 2020 será o primeiro com a existência desta emblemática data. “Perdemos um colega no exercício da profissão, fazendo aquilo que sabia e o que gostava. Esta perda não pode ter sido em vão. A OAB/RS reconheceu o legado de Itomar Dória, e este dia foi criado para que possamos reforçar a defesa das prerrogativas da advocacia em defesa da cidadania”, salienta o presidente da Ordem gaúcha, Ricardo Breier.
Em março deste ano, na sessão do Conselho Pleno da OAB/RS em que ocorreu a aprovação do Dia Estadual de Defesa das Prerrogativas da Advocacia, um dos filhos, Gabriel Dória, agradeceu o apoio da Ordem. “Itomar Dória foi um homem dedicado a seus afazeres. A criação da data é importante para relembrar aquele fato e para que não seja esquecido. Essa data passa a ter um significado maior”, destacou Gabriel.
No ano passado, a OAB/RS organizou um ato em memória de Itomar, juntamente com os familiares, amigos e colegas de profissão, comandando pelo presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, ocorrido na subseção de Taquari.
Neste ano, em decorrência do distanciamento social imposto pela pandemia, a advocacia gaúcha vem a público manifestar solidariedade aos familiares, pontuando que permanece atenta e atuante no que tange à resolução do caso.
Ricardo Breier – Presidente da OAB/RS
Maricel Lima – Presidente da Subseção de Taquari