O Fato Taquari Jornal On-Line
Na semana em que Taquari completou oito meses do primeiro registro de paciente de coronavírus, o município ultrapassou a marca de 1.000 casos da doença, com 95 pacientes ativos. Até a tarde de ontem, eram 1.040 casos confirmados de coronavírus em Taquari.
Os 500 primeiros registros ocorreram entre 30 de março (o primeiro paciente positivado) e a última semana de agosto, ou seja, em cinco meses. As 500 seguintes confirmações foram registradas em 90 dias, aproximadamente.
Na última semana, entre 26 de novembro e 03 de dezembro, foram 100 casos novos da doença (61 mulheres e 38 homens), a segunda maior marca desde o início da pandemia. A mais alta ocorreu na última semana de agosto (entre 21 e 27 de agosto), quando foram 115 casos novos.
Taquari tem 95 pacientes ativos, 757 pessoas monitoradas e 102 suspeitos aguardando o resultado de exames. São 927 pacientes recuperados da doença, o que corresponde à 89,13% dos casos do município.
Também nesta semana, foi divulgada a 18ª morte em decorrência do vírus. Uma mulher, 80 anos, faleceu na quinta-feira, 26 de novembro. Ela estava internada desde o dia 16 de novembro na UTI Covid-19 do Hospital São José, em Taquari. Conforme informações da Prefeitura, ela tinha doenças prévias, como hipertensão arterial sistêmica. O primeiro óbito por coronavírus de um taquariense foi registrado em 6 de junho, de uma mulher que estava internada em Porto Alegre.
A UTI covid-19 do hospital está com 80% de ocupação. São 10 leitos disponíveis e oito pessoas internadas, sendo dois pacientes de Taquari (uma mulher, 54 anos, e um homem, 62 anos). Os demais pacientes são de Caraá (homem, 56 anos), Palmares do Sul (mulher, 64 anos), Terra de Areia (homem, 30 anos), Arroio do Meio (mulher, 71 anos), Estância Velha (mulher, 40 anos) e Sapucaia do Sul (homem, 65 anos).
Nos leitos clínicos há três pacientes internados, duas mulheres de Taquari, 36 e 44 anos, e uma mulher, 67 anos, de Gravataí.
“O vírus está aí e não vai embora, não dá pra vivermos procurando culpados”
O vice-prefeito, André Brito, eleito prefeito de Taquari para 2021, foi diagnosticado com coronavírus na terça-feira, 24 de novembro e três dias depois foi internado com baixa saturação e glicose alta. Ele foi levado para o Pavilhão Pereira Filho, na Santa Casa, em Porto Alegre. Na tarde de ontem, ele recebeu alta hospitalar. Nesta semana, Brito contou sobre a doença para a reportagem de O Fato. “Sinto que o susto e o medo já estão indo embora, mas têm sido muitos dias de conversa e interligação permanente com Jesus”, relatou.
O vice-prefeito iniciou com os sintomas na sexta-feira, 20 de novembro, e foi submetido ao teste. Cerca de sete dias depois, teve o quadro de saúde agravado. “Segundo os especialistas, após o 8º dia é que aumenta o risco do agravamento. Clinicamente acho que comecei uma evolução maior. A gente sozinho numa outra cidade é complicado, mas hoje digo que toda essa gente que forma um exército de guerra contra o coronavírus aqui neste hospital são como uma família pra mim, cuidam da minha saúde física, da minha alma e coração. Sou um bebê nas mãos deles, que recebe muito afeto e força para a superação. Sem palavras para agradecer.”
Brito diz que a experiência com a doença também serviu para mudar sua forma de pensar. “Graças a Deus, isso tá passando e, com certeza, é uma grande provação que serviu para aprofundar a minha fé, o compromisso de vivê-la na plenitude e a convicção que devemos ser cada vez mais solidário é próximo das pessoas.”
Essa nova visão da vida, ele disse, será aplicada quando assumir a prefeitura. “Toda provação tem um objetivo. Vamos lutar pela pacificação e união da cidade. Nossas prioridades jamais poderão ser as divergências. Viemos ao mundo para amar e quando fazemos da nossa vida um ato de amor permanente, a cidade cresce, evolui e une. Empatia com o irmão em ato e atitude”, destaca. Na família do vice-prefeito, a esposa Andréia Portz Nunes, e o filho de 11 anos, também positivaram para a covid-19 mas não precisaram de internação. “As orações que vêm de todos os lugares, pastores, padres, monges, os familiares, amigos de todos os cantos, muitos que há tempos não falávamos, os hinos que recebo, tenho certeza que têm sido importantíssimo. A melhora começou a vir quando acordei de um sonho horrível, todo amarrado querendo me matar e eu lutando contra uma força terrível, até que consegui me soltar. Fiquei sabendo depois que, naquele momento, teve igrejas fazendo vigília de oração por mim”, contou.
Como mensagem para os taquarienses, Brito diz: “O vírus está aí e não vai embora, não dá pra vivermos procurando culpados, pois não sabemos onde ele está. Nós até fugimos, mas ele nos acha. Infelizmente, muitas contaminações estão e estarão acontecendo enquanto não tivermos vacinação. Cuidem-se o máximo possível e tenham muita empatia. O nosso inimigo é o vírus”, ressalta.
Prefeito Maneco cumpriu quarentena
O prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, também teve diagnóstico positivo para coronavírus. O resultado do exame foi divulgado na terça-feira, 24 de novembro. Maneco não teve sintomas e cumpriu o isolamento em casa. Na segunda-feira, 30 de novembro, ele anunciou que estava liberado pelos médicos desde o domingo, 29 de novembro.
Prefeito de Bom Retiro está internado no Ceará
O prefeito de Bom Retiro do Sul, Edmilson Busato, foi diagnosticado com coronavírus, no início da semana. Ele estava em viagem, com a esposa, o filho e o chefe de gabinete, no Ceará, na região Nordeste do País, e precisou de internação em UTI, mas não precisou de intubação apenas ventilação mecânica, inicialmente com máscara de oxigênio e agora com cateter de alto fluxo.
Conforme informações disponibilizadas na rede social do prefeito, o quadro de saúde de Edmilson segue estável. “Ele segue com acompanhamento radiográfico que mostra evolução positiva no comprometimento pulmonar. Apesar da melhora, o corpo médico opta por seguir com internação em UTI Covid a fim de ofertar um acompanhamento médico mais próximo.”
Vale do Taquari volta à bandeira vermelha após três meses
O governo do Estado divulgou, durante transmissão ao vivo pela rede social, na tarde da segunda-feira, 30 de novembro, o mapa definitivo do modelo de Distanciamento Controlado. Desde 14 de agosto, a região não era classificada com risco alto para contaminação do coronavírus. A prévia, com as 30 macrorregiões do estado em vermelho, saiu na sexta-feira.
Desde a terça-feira, 1° de dezembro, o Vale do Taquari está classificado com risco epidemiológico alto. Apenas dois dos 11 pedidos de reconsideração enviados por municípios e associações regionais foram acatados pelo Gabinete de Crise do Estado. As regiões de Cachoeira do Sul e Guaíba permaneceram em bandeira laranja (de risco epidemiológico médio). Os municípios do Vale do Taquari não contestaram a classificação da sexta-feira. A Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), por meio do Comitê Científico Regional, encaminhou recomendação aos municípios para que adotem medidas de prevenção ao coronavírus, a fim de conter o número de casos na região, tendo em vista o aumento verificado nas últimas semanas. Conforme os indicadores analisados pelo comitê estadual para definir as bandeiras, dos 11 indicadores (leitos de UTI disponíveis, casos ativos, hospitalizações, entre outros) quatro receberam nota 3, o que corresponde à bandeira preta, no qual as regras são mais rígidas.
Mudanças no protocolo da bandeira vermelha
Na tarde desta segunda-feira, em reunião com representantes de Associações de Municípios, o presidente da Famurs, Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, e o governador do Estado, Eduardo Leite, ficaram definidas ações, como a suspensão da cogestão, que possibilita aos municípios fazerem protocolos menos restritivos que os do governo do Estado e estava em vigência desde agosto. Com isso, todos os municípios com bandeira vermelha devem seguir os protocolos. Além disso, para contar o número de contaminações, será intensificada a fiscalização da Brigada Militar em força-tarefa nos municípios e criado um canal telefônico de denúncias sobre aglomerações, pelo número 150. Também, o governo do Estado anunciou a suspensão de eventos e festas de encerramento de ano, tanto realizadas pelo Executivo municipal como estabelecimentos privados, em condomínios. Apenas eventos em que há controle de público, cumprimento de protocolos, em local aberto, em que as pessoas permaneçam sentadas podem acontecer. Há restrição de reuniões familiares, com o limite máximo de até dez pessoas, pelo menos nas próximas semanas. “Se a gente quebra este ciclo de contágio e o aumento de contaminação agora, haverá menos pessoas contaminadas no Natal e consequentemente teremos menos restrições. A restrição que fazemos para as próximas duas semanas ajuda a quebrar este ciclo de contágio”, disse o governador Eduardo Leite, na transmissão ao vivo.
Decreto polêmico entre os empresários
Dentro das novas medidas definidas pelo protocolo da bandeira vermelha, está a restrição de horário para comércios e restaurantes, que poderão funcionar todos os dias. Porém, o comércio permanecerá aberto até às 20horas e restaurantes, lancherias e bares, somente com clientes sentados, com o distanciamento de dois metros entre as mesas, até às 22horas, limitando grupos de até seis pessoas, para evitar aglomerações.
As medidas anunciadas pelo governador são polêmicas e não foram bem recebidas por alguns empresários. Há os que entendem serem justas as ações para conter o vírus, como o proprietário de lancheria, André Luís dos Santos, que foi contaminado e passou três dias internado com covid-19. “Essa doença é tão grave, que a gente vai ter que ceder, não adianta. Está muito avançada. Temos que trabalhar, temos que ter o dinheiro, é importante, mas a saúde em primeiro lugar.”
A proprietária de restaurante, Taís Kern, não concorda com a centralização das decisões no governo do Estado. Ela conta que precisou cancelar 10 pequenos eventos que estavam marcados para os próximos dias. “Nos sentimos muito prejudicados pois agora que estávamos voltando aos poucos ao normal nos nossos atendimentos, seguindo todos os protocolos de higiene, já com algumas datas reservadas para pequenos grupos, tivemos que cancelar. Este período seria o de maior movimento no nosso negócio”, diz. Para ela, a definição das regras e protocolos deveria seguir com cada gestor municipal.
O decreto do governador do Estado é válido, pelo menos, até 14 de dezembro.
Regras da bandeira vermelha
Comércio não essencial, não há restrição de dias, mas pode funcionar somente até às 20horas.
Comércio essencial (farmácias), sem restrição de dia nem de horário.
Restaurantes, lancherias e bares podem funcionar sem restrição de dia, mas somente até às 22horas, com clientes sentados e com distanciamento de dois metros entre as mesas. É permitido apenas grupos de seis pessoas por mesa e está proibido ter música ao vivo no ambiente para não prejudicar a comunicação.
Serviços de delivery e pague-e-leve devem funcionar até às 23horas.
É vedado o funcionamento de atividades em locais fechados, como teatros, cinemas e casas de shows.
Está proibida a realização de eventos sociais, como casamentos, festas e formaturas.
Em condomínios e clubes não é permitido o uso de brinquedos, salões de festas, piscinas, churrasqueiras e quadras.
Está vedada a permanência das pessoas em locais abertos como praias, parques e praças. Nestes locais é permitida apenas a circulação ou prática de exercícios.
*Medidas válidas, pelo menos, até 14 de dezembro.
