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A Sapataria Pithan, localizada na avenida Açorianos, 826, no Bairro Coqueiros, está retomando às atividades. Seu proprietário, Erani Pithan, 57 anos, natural de Seberi, mora em Taquari desde 2003.
Ele aprendeu a trabalhar na área, em 1978, aos 16 anos, na fábrica de Calçados Reifer, em Canabarro, cidade onde residia. Deste primeiro emprego, seguiu a atividade em outras empresas e no Vale do Sinos, polo do calçado na década de 1980. Passou por marcas conceituadas como Strassburger e Conforto, entre outras, acumulando conhecimento de produção e gerência. Voltou para o Vale do Taquari, atuou em Canabarro e, na Dakota, em Bom Retiro do Sul, para ficar próximo do seu pai, que ficou viúvo. “Depois que a mãe faleceu, fiquei oito anos cuidando do pai, porque ele dava certo só comigo, de uma família de 11 filhos”, conta. “Tive que colocar alguém para cuidar do pai, mas não deu certo”, conta. Então, deixou o emprego para cuidar dele e, para ter uma renda e aproveitando o conhecimento das fábricas de calçados, pensou em abrir uma sapataria.
Ao deixar o emprego na empresa Lígia, passou na sapataria de Alfredo Jardim, no Centro de Bom Retiro do Sul, e pediu para comprar a máquina. O empresário lhe ofereceu todo o negócio. Pithan utilizou o dinheiro que tinha para receber da empresa para comprar a máquina e os equipamentos e os levou para uma pequena sala, nos fundos da igreja católica, em Canabarro. “Montei a tímida sapataria em um galpão. Para trabalhar com o calçado, basta ter técnica e conhecimento, porque a maior parte se faz a mão”, salienta.
Em 1997, nasceu a Sapataria Pithan, com uma máquina adquirida de Alfredo Jardim, uma Patent Elastique No10374, de costurar couro, do início do Século 20. “Essa máquina não existe outra que faça a costura que ela faz. No Brasil ela deve ter mais de 100 anos porque o senhor Alfredo Jardim criou a família com o trabalho de sapateiro com essa máquina e faleceu com cerca de 80 anos”, comenta.
Em Canabarro, a empresa cresceu. “Em 2003, tinham três sapateiros trabalhando e mais uma pessoa para atender a portaria. Por fim, eram 300 lugares para guardar calçados porque as empresas de lá começaram a dar garantia nos calçados através da minha sapataria”, conta.
O pai de Pithan faleceu no início dos anos 2000. Após Pithan, casou-se com —-Beatriz Dresch, 56 anos, e tiveram o filho Pablo, 15 anos.
Em 2003, mudaram-se para Taquari, e Pithan assumiu a direção da Liquigás Pithan. Ele trouxe os equipamentos da sapataria. Mesmo assim, o empreendimento continuou lá com o sobrinho. “E vive muito bem”, completa. No novo município, investiu na venda de botijões de gás, mas manteve a sapataria com as portas abertas.
Em 2016, Erani sofreu um acidente de trânsito, com fraturas graves. Há alguns meses, ele decidiu focar no trabalho de sapateiro. “Nunca deixei de fazer quando tinha algum trabalho. Enquanto eu tiver condições, vou seguir e, se encontrar alguém que queira aprender, estamos aqui”, diz.
Com a experiência adquirida em fábricas, Pithan destaca que sempre há uma solução para o calçado. “Quando alguém acha que não dá mais para arrumar, dá para fazer um novo. Peço sempre que traga o par. Cada calçado, conforme o material, tem um tempo e um processo diferente”, ressalta.
Para ele, sempre haverá o trabalho do sapateiro. “É um trabalho atual e vai permanecer, especialmente para as pessoas que têm conhecimento e bom gosto”, afirma. “Temos que botar amor naquilo que estamos fazendo. O objeto de uma pessoa tem uma história e faz parte da vida dela. Você tem que tratar aquele calçado com amor porque faz parte da vida dela. Isso traduz em satisfação, em transmissão de pensamento. Assim como aquilo que é mal feito gera coisa mal feita, a coisa bem feita, gera coisas bem feitas. Há um fluido de energia, aquela que quando a pessoa está em paz consigo, ela chega num ambiente e passa”, conclui.
A Sapataria Pithan trabalha também com conserto de calçados, bolsas e artigos de couro em geral.
