O médico clínico geral, Lucas Dickel Canova, 24 anos, natural de Florianópolis, foi aos 3 anos de idade morar na cidade gaúcha de Três Passos. Fez faculdade na Ulbra, em Canoas, e formou-se em dezembro de 2018.
O Fato – O posto de saúde em Taquari é seu primeiro trabalho?
Lucas Dickel Canova – Não, eu fazia plantões na região metropolitana de Porto Alegre, Montenegro, Viamão, Ivoti, Canoas. É meu primeiro trabalho na atenção primária.
OF – Quando você decidiu ser médico?
LDC – Foi no final da minha adolescência; me inspiraram os médicos que eu vi na televisão, como Doutor House, Plantão Médico. Era romantizada a medicina no seriado, mas foi o que me interessou em um primeiro momento.
OF – Há outros médicos em sua família?
LDC – Sim, um anestesista, um tio pediatra. Mas minha mãe é psicóloga e meu pai é arquiteto.
OF – Qual o principal desafio de ser médico da atenção básica à família?
LDC – Um desafio é criar um vínculo com o paciente, isso é muito importante na atenção básica. Conhecer bem o paciente, saber quais são as dificuldades daquele paciente, entender o paciente como um todo, a comunidade em si, entender cada complicação da comunidade, seja com doenças com mais prevalência na região ou este tipo de abordagem populacional seriam os principais desafios na atenção básica
OF – Você vai começar a visitar as famílias, de acordo com as necessidades levantadas pelos agentes de saúde. O que é importante nesta visita?
LDC – É um programa implantado pelo Governo Federal, a visita domiciliar. O que acontece, aqueles pacientes que não conseguem o deslocamento apropriado, por doença ou idade mais avançada ou que o impeça de vir até o posto de saúde. Os agentes comunitários fazem um rastreio na área que é atingida pelo posto de saúde, trazem os casos dos pacientes para uma discussão dentro do posto e é definido se é necessário uma visita domiciliar. São feitas às segundas à tarde, quatro ou cinco visitas domiciliares
OF – Já fez alguma visita? Como foi?
LDC – A população é muito receptiva , ficam muito felizes que o médico vai até à casa. Para eles, é uma alegria, se sentem amparados e importantes de um médico ir até a casa deles, de que alguém está ali zelando por eles. É bastante interessante.
OF – Você sabe no bairro Colônia 20 o universo de quantas pessoas você tem que atender?
LDC – É a maior área, é o posto de maior abrangência. Acredito que são de 6 mil a 8 mil pessoas.
OF – São quantas consultas diárias?
LDC – São 15 consultas pela manhã, 15 consultas pela tarde, mais a renovação de receitas. Depois que se conhece o paciente, para uma renovação de receita, o paciente não precisa vir até o posto. Os agentes de saúde trazem as receitas e eu renovo .
OF – A equipe do posto está completa para desempenhar um bom trabalho?
LDC – A equipe está sendo completada, vamos dizer assim. Agora, tem um edital de contratação, vamos receber seis agentes comunitários, uma secretária, uma zeladora, mais uma ou duas técnicas de enfermagem. Daí a equipe vai estar completa. Hoje temos dentista, enfermeira, uma assistente de dentista e duas técnicas de enfermagem. A equipe vai mais que dobrar, ainda este ano. É um posto muito organizado.
OF – Na saúde pública, de forma geral, aqui em Taquari, o que você percebe que será seu maior trabalho?
LDC – Este é o posto mais organizado em que trabalhei. Acho que o maior desafio são a vinda dos recursos do governo Federal e Estadual . Não noto só em Taquari, mas em Canoas onde resido. Está faltando muita verba e isso dificulta a saúde do município.
OF – Você gostou da cidade, pretende permanecer um tempo por aqui?
LDC – A ideia ainda não é morar na cidade. Ainda estou analisando como vai ser esta minha vinda e ida todo dia. Continuo morando em Canoas. Estou analisando se vale a pena vir morar em Taquari, acabei de fazer uma mudança, não sei se quero fazer mais uma mudança agora. Ainda estou em período de adaptação.