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Conforme dado da Emater-RS/ASCAR, as perdas na produção de milho em decorrência das enxurradas estão estimadas em 210 hectares, em Taquari. Esta é a cultura mais atingida, porque grande parte da plantação foi concluída no início de setembro.
O produtor de milho da Beira do Rio, Janito Roberto da Costa, 51 anos, pretendia, na safra 2015/2016, ter duas colheitas. Para a primeira, terminou de fazer o plantio de seis hectares em 3 de setembro e previa colher até o final de dezembro, para depois semear novamente o milho para silagem. Porém seus planos foram por água abaixo. Com a inundação do período de 7 a 20 de outubro, tudo o que estava plantado foi perdido. Os pés de milho que sobraram na lavoura serão arrancados porque não servem para mais nada. “O lodo entra no olho do milho e, se entra água por cima, não vai ter colheita. Ele desenvolve, cresce mas não produz, a planta fica esterilizada”, diz o engenheiro agrônomo, Romeu Casanova. “Não adianta perder tempo com este milho”, conforma-se Janito, que fará o replantio.
O produtor buscará o ressarcimento das perdas através do seguro do banco, que deverá cobrir o que foi feito até o momento, como o gasto com adubo, semente e mão de obra. Coforme o agrônomo, o plantio do milho deve ser feito do início de agosto até 20 de setembro e de 20 de novembro até 20 de janeiro, por serem as melhores épocas de plantio para se ter maior sucesso. “No intervalo destes períodos, pega estiagem nas fases de plantio e na floração, que pode dar prejuízo”, comenta.
Na cultura do arroz, conforme dados do agrônomo, não ocorreram muitas perdas porque a maioria das lavouras não foi semeada. “Só tem plantados no Passo do Santa Cruz, que é feito em setembro, e, na Beira do Rio, tenho um cliente que vai ter que ressemear uns cinco hectares”, contou Casanova. Ele estima que possam ter ocorrido perdas em 10 hectares no total.
Embora haja luminosidade, não há raios de sol, o que é essencial para o desenvolvimento das plantas. Casanova diz que, se o clima se mantiver, haverá perdas em todas as culturas. “O grande problema agora é excesso de chuva, baixa insolação, que não enxuga o solo. O raio solar que ajuda a planta a se desenvolver tá pouco. Num ano normal, no mesmo estágio, com 40 dias de plantio, as plantas têm uma diferença de quatro folhas verdadeiras, quando deveriam ter 12, no mínimo, estão com sete a nove”. Segundo ele, a previsão é de ser assim até dezembro com tempo nublado, chuva e pouco sol.
Se ainda der tempo bom na floração em fevereiro, teremos boas produções, não vai afetar muito. Mas se der problema sério de formação de grão, podemos ter milho a R$ 50 a saca (de 60 quilos) e arroz a R$ 60 (a saca de 50 quilos), pagos ao produtor.
Perdas também em outras culturas
Nas lavouras de melancia, a previsão é de que, se continuar a chover, as perdas cheguem a 50%. “Com toda esta chuva, vendaval e frio, a melancia está em péssimo estado, com perda de no mínimo 50% da produtividade inicial, estimada em 36 toneladas por hectare. Com o vento, o baraço da melancia começa a enrolar”, explica.
Os produtores de leite da localidade de Caramujo, segundo a Emater, também tiveram prejuízos porque o caminhão que recolhe a produção não pode ir até a propriedade nos dias de cheias do rio. Além disso, o gado não ganhou peso neste período.
Já entre os produtores de fumo de Amoras, o granizo registrado em muitos pontos da região não afetou aquelas lavouras.
Na semana passada, o prefeito Maneco decretou situação de emergência no município em decorrência dos estragos pelo excesso de chuva, inundações e granizo. Nas últimas semanas, o volume de chuvas que atingiu o município foi superior à média prevista para outubro, que era de 140mm. Em dez dias, o pluviômetro automático instalado na Prefeitura registrou 300mm de precipitação. Na quarta-feira, foram registrados 67mm de chuva no pluviômetro instalado na Prefeitura de Taquari.
