Doutores da fé e alegria

Um grupo de voluntários que vestem jaleco branco e roupa em cores alegres e descombinadas, com uma maquiagem marcante, visita frequentemente hospitais da região para levar alegria. Na sexta-feira, 26, eles estiveram no Hospital São José, em Taquari.
Os Doutores da Alegria, como são chamados, integram a Comunidade Cristã Restaurar e são coordenados pela cabeleireira Jaqueline Freitas, 50 anos, que passou um período hospitalizada em tratamento contra câncer. Eles se reúnem voluntariamente para cantar e orar nos quartos dos hospitais.
O grupo de cerca de 10 pessoas já esteve no hospital Ernesto Dorneles, em Porto Alegre, no Centenário, em São Leopoldo e, a cada 15 dias, visita o São José, em Taquari. Porém, caso algum conhecido solicite, eles fazem a visita antes desse prazo. Motivada pela experiência que teve, ela diz que gosta de ajudar as pessoas. “Por amor, gosto muito de fazer este trabalho voluntário, ajudar outras pessoas, orar. Dá um abraço que é tudo o que, no momento, elas estão precisando. Já tive doença e sei como é estar dentro de um hospital. Isso é um dos motivos que me fez pensar que aqui eles precisam muito”, afirma. Jaqueline destaca que, ao concluir a visita, tem a sensação de missão cumprida e recebe mensagens de gratidão. “Mais uma vez cumprimos esse dia de trabalho para o Senhor. Recebemos pelo whatsapp mensagens, por exemplo, que oramos pela mãe e ela foi pra casa”, cita.
O pastor Romeu Quadros destaca a importância da ação. “Não temos uma van. Eles pegam seus carros e vão. Saem daqui de Taquari para fazer isso em outros hospitais, sem conhecer paciente algum lá”.

“Parece que acende uma luz no coração”

Na visita da semana passada, a reportagem de O Fato acompanhou o grupo. O silêncio dos corredores, cortado pelo toque do violão, atrai a atenção dos internos, que, no primeiro momento, demonstram estranheza e acanhamento. Mas a sequência de acordes libera a emoção. “Quando eu estava hospitalizada, sentia falta de uma palavra, um carinho, um abraço, que é tudo o que as pessoas precisam”, salienta Jaqueline.
A cuidadora de crianças e idosos de 48 anos, que prefere não se identificar, estava hospitalizada na tarde da sexta-feira e destaca o valor da ação: “Foi muito importante, muito bom para quem está aqui ter uma esperança, uma fé de que vai se recuperar logo. A gente fica aqui sozinho, chateado da vida e quando aparece algo assim, parece que acende uma luz no coração da gente, um brilho especial”.