Sintonia no amor

Uma das datas mais comemoradas no mundo, o Dia dos Namorados, será especial para um jovem casal de Taquari. A estudante Sami Schwingel Nunes, 18 anos, e o montador em empresa calçadista, João Pedro Moraes de Freitas, 23 anos, ambos portadores de Síndrome de Down, começaram o relacionamento em agosto de 2017 e planejam um 12 de junho especial.
O namoro de João Pedro e Sami é cercado de romantismo, carinho e gentileza. “Eu vou me declarar para ele e dar um presentinho. Ele vai se declarar para mim e me dar um presente”, diz Sami. João está na expectativa pela primeira comemoração com a namorada. “Tô nervoso. Vou dar um cartão e flores pra ela”, antecipa. Além disso, eles vão sair para jantar sozinhos. Nesta semana, logo ao chegar na casa de Sami para juntos contarem a história do casal a O Fato Novo, João Pedro elogiou: “tá bonita, sogrinha!”. Sobre a namorada, não se intimida: “Gosto da Sami, é linda, minha princesa, minha noiva. Depois que conheci a Sami, fiquei um homem bom e trabalhador”, avalia.
O relacionamento deles iniciou na escola que frequentam, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e a iniciativa foi de Sami. “Primeiro dando paquera para ele, um olhar. Daí o João começou a se aproximar e começamos a nos gostar. O primeiro encontro foi aqui em casa, que era assistir a um filme aqui, eu e ele sozinhos”, conta. O primeiro jantar foi na casa dela, à luz de velas.
A aproximação dos jovens chamou a atenção da professora da Apae, que comunicou às famílias. As mães que pouco se conheciam se reuniram para organizar o namoro. “Marcamos um dia para combinarmos como ficaria bom para eles começarem a se conhecer ”, conta a mãe de Sami, Cristina Zimermann Schwingel.
Para a mãe de João Pedro, Clarice Capelão de Moraes, o interesse do filho foi surpresa. “Ele nunca tinha se manifestado para namorar e sempre se mostrava apaixonado pelas artistas da televisão. Não falava de namorada. Quando me contou que iria namorar a Sami, fiquei surpresa”, lembra.
No início, os encontros ocorriam nas sextas-feiras e aos sábados. Porém, os dois têm atividades diárias e chegavam na sexta-feira cansados. Então, eles estão se encontrando apenas nos sábados e domingo e um turno, a cada 15 dias, na APAE, para as atividades escolares. “Mas sabem que lá são colegas. As professoras colocam esta diferença, o namoro é no final de semana”, salienta Clarice.
Questinados sobre o futuro, Sami deixa para João Pedro responder. “E aí, amor?”. Ele logo diz: ‘Eu e a Sami vamos casar, ter filhos. Já falei com o padre e vamos marcar a data”. Para as famílias, é necessária uma caminhada de amadurecimento. “Eles tão ansiosos, mas vão ter o tempo deles. O João está encaminhado na questão de trabalho e a Sami ainda tem uma trajetória para esta independência. Ainda não consigo ver os dois morando em uma casa sozinhos. Eles têm autonomia, são descolados, mas assumir o compromisso de uma casa não é brincar”, aponta Cristina. Para ela, o mais importante é o momento que estão vivendo. “A questão é o amor dos dois, este encantamento, a possibilidade de fazerem tudo que qualquer outro casal possa fazer também, de sair se divertir, ir a baile”. Como namorados, João Pedro e Sami foram ao Baile de Debutantes, nas baladas promovidas pela APAE e em casamentos de familiares.
Cristina diz que uma das suas preocupações como mãe era que o amor da filha fosse correspondido. “Nunca tive dúvida de que a Sami iria namorar. Meu receio era o mesmo de todos os pais, que fosse uma paixão que não fechasse. A minha preocupação era a pessoa certa que suprisse esta necessidade. Vejo que os dois combinam porque são românticos”, diz.
Clarice também comemora a etapa da vida de João Pedro. “Foi muito natural deles. Não levei o João para eles se conhecerem. Um complementa o outro”.

SINDROME DE DOWN

A síndrome de Down, ou trissomia 21, é uma doença genética causada por uma mutação no cromossomo 21 que faz com que o portador não tenha um par, mas um trio de cromossomos, e por isso no total possui 47 e não 46 cromossomos. Essa alteração faz com que a criança nasça com características específicas. Todas as crianças com síndrome de Down apresentam algum grau de atraso no desenvolvimento intelectual, que pode variar de caso para caso, no entanto, todas as crianças acabarão por aprender esta habilidade, embora possam demorar mais tempo que outra criança sem a síndrome.
Fonte: tuasaude.com