O Grêmio Recreativo Alvi Negro ficou lotado durante a última quarta-feira, quando ocorreu o 1º Seminário sobre Coleta Seletiva em Taquari. O evento, organizado pela Câmara de Vereadores, em parceria com a prefeitura e voluntários, reuniu cerca de 2 mil pessoas durante os três turnos em que foi realizado. A maior parte do público era formada por estudantes e professores do município.
O objetivo do seminário foi expor a situação de Taquari em relação aos resíduos sólidos, além de ouvir a comunidade para elaborar uma proposta de melhor reaproveitamento de lixo no município. Durante a manhã e a tarde, as escolas mostraram ideias para o projeto e realizaram apresentações artíricas. Também foram relatados alguns problemas e pontos a serem melhorados, como a frequência da coleta de lixo no interior, que ocorre uma vez por mês, e a falta de recolhimento de restos de construção, móveis e galhos.
Para o estudante do 2º ano do Técnico em Meio Ambiente do Instituto Pereira Coruja, Rafael da Silva Santos, é muito importante a realização do debate em Taquari. “O município gasta um valor bem significativo por mês com o descarte destes resíduos. Se todo mundo fizer a sua parte e começar um trabalho com as escolas, fazendo um projeto sério, acho que tem como a gente reduzir bastante esse material e fazer nossa cidade um pouco mais limpa”, considerou o participante do seminário.
Além das sugestões apresentadas pelos estudantes, o seminário contou com palestras. Entre elas, a da coordenadora do departamento municipal de Meio Ambiente, Marília Juliano Souza. Ela mostrou fotos de situações problemáticas envolvendo resíduos sólidos no município, como o descarte em locais inadequados e a Área de Transbordo de Resíduos Sólidos, situada no bairro Pinheiros, popularmente conhecida por lixão. “Não pensem que eu me orgulho de mostrar estas fotos”, falou, salientando que a área está interditada pela própria prefeitura para que não aumente o problema ambiental. São buscadas parcerias com a iniciativa privada para a recuperação do local, já que a adminsitração municipal não tem recursos para o serviço no momento.
Separação do lixo em casa
A coordenadora municipal de Meio Ambiente também destacou que há mais de 40 famílias ligadas diretamente à coleta seletiva no município. É buscada uma parceria entre comunidade e catadores visando à facilitação e melhor aproveitamento desse trabalho. A ideia é que os munícipes façam a separação do lixo seco e orgânico em suas residências, para que os catadores consigam chegar ao material com mais facilidade. “Mesmo a gente sabendo que existem catadores, ainda não mudou a nossa postura. Então talvez estivesse precisando dessa mexida, dessa desacomodação, que é o que a gente está fazendo, para que comecemos a repensar as nossas atitudes”, disse Marília Juliano Souza. Para ela, é possível implantar ações simples e que gerem resultados. “É muito difícil uma mudança cultural, uma mudança de hábito, mas é possível. E ela só é possível quando acontecem momentos assim, em que todos têm um objetivo em comum e a mesma vontade que dê certo”, considerou.
Próximos passos
Os vereadores Clóvis Bavaresco (PP) e José Harry Saraiva Dias (PDT) atuaram na organização do seminário. “Ficamos surpresos com a quantidade de público. Estávamos esperando um número grande de pessoas, mas superou nossa expectativa”, contou José Harry.
Os próximos passos para a elaboração da proposta de coleta seletiva em Taquari, segundo os vereadores, será reunir o material levado pelas escolas no seminário para a criação do projeto, e já começar a pôr em prática algumas ações básicas, como a conscientização da comunidade em relação à separação do lixo nas residências. “A questão não vai sair do 0 e ir direto para o 10. Temos que começar aos poucos, é uma crescente”, relatou Clóvis Bavaresco. Segundo os vereadores, a comunidade já pode separar os materiais orgânicos e secos para facilitar o trabalho e o acesso dos catadores, que também estão cientes do trabalho que está sendo realizado no município e têm colaborado com sugestões para o melhor aproveitamento do material.
Dados sobre o lixo
Produção
– 4,4 mil toneladas por ano
– 370 toneladas por mês
– 12,3 toneladas por dia
– 170 kg por habitante ao ano
– 500 gramas por habitante ao dia
Gasto com destinação
Coleta Urbana (Conesul) – R$ 113.525,84
Coleta Rural (Transportadora Medeiros) – R$ 9.939,18
Área de Transbordo (Ecotrat) – R$ 11.988,00
Transporte para o Aterro Sanitário (Dartora) – R$ 23.500,00
Aterro (Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos) – R$ 28.000,00
Total – R$ 186.953,02
Programação adiada
Em função da chuva, o segundo dia de programação do seminário, que estava previsto para a noite de ontem, acabou sendo cancelado. A prefeitura divulgou, em suas redes sociais, que o mau tempo acarretou dificuldades no deslocamento do público e de palestrantes de outros municípios. A programação foi remarcada para a Semana Municipal do Meio Ambiente, que ocorre em junho.