A professora Clair Silva da Costa, 53 anos, ocupava a cadeira de secretária municipal de Educação em Fazenda Vilanova, quando descobriu, em novembro de 2019, que estava com câncer. O exame mostrava um nódulo na mama e três na axila. O tipo de câncer de Clair não tem tratamento específico, portanto, segundo ela, foi aplicada a quimioterapia indicada para câncer de ovário.
A partir de então começaram as mudanças. Ela afastou-se do trabalho, o que mais consumia o seu tempo diário, e o seu estilo de vida. “Eu só pensava em trabalhar, meu lema era trabalho, trabalho e trabalho. Eu não tinha o cuidado comigo, achava que o trabalho era a coisa mais importante”, conta.
Com a necessidade de resolver um problema intestinal, causado pelas quimioterapias, e de perder peso, ela passou a fazer pequenas caminhadas com a filha. Começaram com três minutos, e a filha ainda levava uma cadeira de praia para Clair sentar quando não se sentia bem.
Em conversa com a amiga de infância e colega de trabalho, Cláudia Dornelles, combinaram caminhadas aos sábados, pela manhã, iniciando com pequenos trechos. “Era eu, meu genro, minha filha, e as amigas Cláudia, Luana e Silvana”, diz. A cada sábado, um roteiro diferente, mas com os mesmos ingredientes: contato com a natureza, boa conversa e recordações das pessoas que moravam nas casas atualmente desabitadas. “Conhecemos todo o interior. Não tem lugar por onde nós já não caminhamos. Mudei totalmente a minha rotina”, diz Clair. Com a frequência da atividade, o grupo, que caminha há um ano, alcançou a marca de 25,7 quilômetros em uma manhã.
Para a amiga e colega Cláudia, o programa das manhãs de sábado é mais do que uma atividade física. “Caminhar com a Clair, inicialmente, foi sinônimo de saúde para ela. À medida que ia melhorando, nós, junto da filha Daiana, que teve uma participação determinante, percebíamos a sua superação. Também estamos nos superando a cada quilômetro a mais que percorremos, tanto para a qualidade de vida que a Clair está alcançando, especialmente, para a sua resistência imunológica, quanto para nós como hábito saudável”, diz a professora, que se encarrega de fazer os registros fotográficos.
“Comecei a cuidar de mim e da minha saúde”
Ter que lidar com a doença fez a professora mudar totalmente seus hábitos. “Aprendi, com as minhas caminhadas e a alimentação, a cuidar de mim e a me prevenir. A atividade física e a alimentação são essenciais para a cura e, também, para não desenvolver a doença porque a obesidade é um dos fatores que pode desencadear o câncer e eu era obesa. Cheguei a ter 138 quilos, agora, estou com 84 e quero diminuir mais”, salienta.
A alimentação de Clair, hoje, é à base de frutas e verduras, com um pouquinho de carboidrato e proteína. “A minha filha é que cuida da minha alimentação. Na nossa mesa, verduras sempre têm quatro tipos. Vamos no mercado, enchemos um carrinho de frutas e verduras e o mínimo de outros ingredientes”, ressalta. Ela tem o acompanhamento de nutricionista e de personal na atividade na academia. “Comecei a cuidar de mim e da minha saúde. Estou curada e era um triplo negativo, de um câncer que assusta muito as mulheres porque ele ainda não tem tratamento adequado, estão pesquisando, mas eu respondi superbem cuidando da alimentação, da atividade física, da questão emocional e psicológica.”
Exames preventivos eram hábito
Clair conta que os exames preventivos, mamografia e ecografia mamária, sempre fez anualmente, mas o autoexame era eventual. “Todo mês de janeiro e, em 2019, eu fiz, mas em dezembro de 2019, quando eu estava com um nódulo na mama e três debaixo do braço. Em agosto de 2020, quando fui fazer a cirurgia, eu já estava com 13 debaixo do braço e três na mama (todos malignos), eram muito agressivos”, ressalta.
Clair encontrou o nódulo durante o autoexame, no momento do banho, e logo procurou o atendimento médico. “Recebi o diagnóstico no dia 24 de dezembro de 2019 e foi uma caminhada bem difícil, mas com muita fé e agradecimento à medicina, principalmente aqui do Vale, onde só encontrei anjos na minha vida. O grupo de amigos foi muito importante. Essa caminhada com as colegas, esse contato com a natureza e o meio-ambiente foram essenciais para mim.”
Clair é natural de Taquari, trabalha em Fazenda Vilanova, mas, atualmente, reside em Estrela e, mesmo assim, não deixa de fazer a caminhada aos sábados. Elas se encontram na casa da professora Cláudia, e o roteiro é definido, previamente, pelo aplicativo de mensagem. “Agora, sei que a atividade física influi no meu emocional e com isso até tenho mais rendimento no meu trabalho”, completa.