Jornal O Fato comemora 20 anos de circulação

O jornal O Fato completou, na última terça-feira, 27 de abril, 20 anos de circulação. O aniversário foi comemorado com o lançamento da rádio web O Fato, com programação ao vivo de segunda a sexta-feira, das 7h às 10h, e, no restante do dia, programas musicais gravados.
O semanário teve sua primeira edição em 2001, com notícias dos municípios de Taquari e Tabaí. A partir de 2005, iniciou a circulação em Fazenda Vilanova e, em 2006, em Paverama.
Nesses 20 anos de trajetória, foram 1.041 edições, entregues às sextas-feiras pela manhã. O jornal surgiu com o propósito de levar informação de qualidade e dar espaço de manifestação à comunidade. Entre tantas notícias divulgadas, algumas tiveram o impacto de transformar vidas. Duas dessas histórias foram gravadas para o especial de 20 anos do jornal O Fato. Os vídeos estão disponíveis na página do jornal no Facebook. Confira, abaixo, um pouco das histórias.

Reencontro de mãe e filha após 37 anos

Depois de quase quatro décadas sem nenhum contato, a moradora do bairro Leo Alvim Faller, Eva Martins, 74 anos, reencontrou sua filha Cleonir Terezinha Martins, de 53 anos, em 2018. Elas haviam se afastado quando moravam em Foz do Iguaçu, no Paraná. Na época, Eva se separou do companheiro e mudou-se para o Rio Grande do Sul. A filha mais velha, Cleonir, era adolescente e decidiu ficar morando na cidade junto com a família paterna.
Muitos anos se passaram e, sem telefone, mãe e filha acabaram perdendo totalmente o contato. Com a chegada da internet, Cleonir, que estava morando em São Paulo, começou a pesquisar o nome da mãe nas redes sociais em busca do reencontro. Todas as tentativas foram sem sucesso até dezembro de 2018. No início do mês, uma das filhas de Cleonir decidiu colocar o nome de Eva nas pesquisas do Google. Durante a busca, a primeira opção para o nome Eva Martins era uma matéria feita pelo jornal O Fato, em 2017. A notícia era de que a família de Taquari precisava de ajuda, pois estava cuidando do irmão de Eva, Donário Ferreira da Silva, o Soneca, que viveu situação de morador de rua e, na época, estava doente recebendo cuidados da família. “Logo de cara eu vi que era minha mãe, quando eu olhei a foto que estava na matéria, eu sabia que era a minha mãe. Eu enlouqueci, fiquei feliz demais, quase botei o apartamento abaixo, acho que os vizinhos pensaram que eu estava louca, de tanto que eu gritei de felicidade. Eu tinha certeza que era a minha mãe, a questão era só o tempo de eu conseguir me comunicar”, lembrou Cleonir.
Na segunda-feira seguinte, ela entrou em contato com o jornal, pedindo o número de telefone da mãe. Como dona Eva não tinha celular, O Fato foi até a residência no Leo Alvim Faller e levou o telefone do jornal para que as duas pudessem conversar. Depois de muita emoção, o reencontro presencial foi marcado para o mesmo mês. Ainda em dezembro de 2018, Cleonir veio a Taquari para passar as festas de final de ano ao lado da mãe.
Eva Martins lembra que o filho Moacir chegou a viajar para o Paraná e Mato Grosso atrás da irmã, mas nunca conseguiu informações sobre a localização. “Às vezes, eu tinha esperança de encontrar minha filha, mas com o passar dos anos, eu já achava meio difícil. Com a idade que eu tenho, eu pensava que ia morrer e não ia mais ver a minha filha”, se emociona.
Atualmente, as duas estão pertinho. Cleonir mudou-se para Taquari em janeiro de 2021 e mora no bairro Colônia Vinte. Todos os finais de semana ela almoça com a mãe. “A sensação que eu tinha a minha vida inteira era de que todo mundo tinha mãe, tinha família e eu não. Mas, graças a Deus, hoje eu posso falar: eu vou na casa da minha mãe, eu estou na minha mãe”, comemora.

Uma luta contra a cegueira

A moradora de Paverama, Inara Beatriz de Vargas, 51 anos, guarda as matérias feitas pelo jornal O Fato em 2017 como forma de recordar um dos momentos mais difíceis da sua vida. No mês de fevereiro, o filho Davi, na época com 3 anos, havia sido diagnosticado com catarata congênita. Ele já tinha perdido totalmente a visão de um olho e, do outro, restavam 40%. Para não ficar cego, era preciso realizar uma cirurgia em até 30 dias. Diante da demora na marcação de consultas e procedimentos pelo SUS e do valor de R$ 20 mil para a cirurgia particular, a família estava desesperada. O filho mais velho de Inara, Gabriel, decidiu tentar, na internet, uma campanha de arrecadação de doações para a cirurgia. O caso chegou ao conhecimento do jornal O Fato, que entrou em contato com a família para realizar uma matéria. “Ali se espalhou a notícia de que ele precisava da cirurgia, pessoas começaram a me procurar para ver no que poderiam ajudar. E a gente conseguiu forças para ir atrás dos direitos dele”, relatou a mãe, lembrando da repercussão na região e no estado.
Através de pedido judicial, a família conseguiu a determinação de que o governo do Estado custeasse o procedimento cirúrgico contra a catarata, realizado no dia 9 de março de 2017, dentro do prazo de 30 dias recomendado pelos médicos. Hoje, aos 7 anos, Davi segue acompanhado pela mesma equipe médica, com os valores necessários pagos pelo Estado, e tem autonomia para fazer todas as atividades de uma criança da sua idade. “Graças a Deus que deu tudo certo, a gente correu a tempo. Foi uma correria mesmo, foi bem difícil, mas tivemos apoio e conseguimos. Hoje ele está aí, sapeca”, contou.