Foi com muita alegria que os profissionais do Hospital São José, de Taquari, celebraram a saída do primeiro paciente da UTI Covid-19 na noite da terça-feira, 21 de julho. Na quarta-feira, foi a vez de uma mulher, 51 anos, de Taquari. A casa de saúde iniciou o atendimento, após habilitação do Ministério da Saúde, em 27 de junho.
Como tem ocorrido nos demais hospitais, os trabalhadores do setor fizeram um corredor de aplausos para a passagem dos pacientes. O primeiro deles foi Jorge Luís Ávila dos Santos, 62 anos, morador de Butiá, na Região Carbonífera. A cidade do paciente chegou a 50 casos de Covid-19 nesta semana.
Ele chegou em estado crítico, no dia 6 de julho, e intubado, encaminhado do hospital de São Jerônimo. “O médico de lá não deu esperança. Disse: ‘o caso do Jorge Luis é muito crítico. Se vocês sabem rezar, se agarrem com Deus’. Sessenta por cento dos pulmões estavam comprometidos. Foram muitas orações”, conta a filha de Jorge, Gislaine Rodrigues dos Santos 42 anos, que esteve no hospital de Taquari, na quarta-feira, 22, para visitar o pai. Era a primeira vez que eles se viam depois que Jorge Luís foi internado na UTI. “Me sinto ótimo, renasci. Sou fênix, renasci das cinzas. E tem gente que não acredita nessa doença”, disse, cheio de disposição, Jorge Luís. Ele também destacou o trabalho realizado no hospital. “Ótimo, me senti. O atendimento é vip, não sabem o que vão fazer por nós”, salientou o paciente, que teve alta nesta quinta-feira.
A enfermeira da UTI do Hospital São José, Cassiana Pereira, é de Santa Cruz do Sul, trabalha há 30 dias em Taquari, e falou, em nome da equipe, à reportagem de O Fato sobre o momento. “Uma sensação inexplicável porque acompanhamos dias difíceis, de insegurança; outros dias melhores e a recuperação lenta; nos faz bem, faz a equipe acreditar cada dia mais no nosso trabalho. Nos sentimos valorizados e agradecidos de presenciar a melhora de cada paciente”. Cassiana conduziu a cadeira de rodas na qual Jorge Luís deixou a UTI, na noite da terça-feira, vivendo uma experiência inédita. “Foi muito emocionante, a sensação de estar levando a pessoa para uma vida nova. Todos que estavam em volta, inclusive ele, não aguentaram, e o choro veio…mas um choro de alegria, felicidade e gratidão”, conta a enfermeira.
O prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, destaca a importância do investimento feito na casa de saúde. “Além de comemorarmos muito a melhora desse paciente, e de nos enchermos de esperança, podemos afirmar que o investimento, o empenho e a mobilização da nossa gestão até agora valeram a pena, na medida em que salvamos uma vida. Parabéns à competente equipe médica do nosso Hospital São José e a todos que estão juntos conosco na linha de frente para ajudar a combater essa doença!”, manifestou-se o prefeito na rede social.
“Eu me achava o cara mais forte da família”
Na família de Jorge Luís, seis pessoas se contaminaram com coronavírus, entre eles, Gislaine, que teria passado o vírus ao pai.
Em junho, Gislaine teve sintomas de crise de rinite e de sinusite e pediu um remédio a um médico, que suspeitou e solicitou o exame de coronavírus. O resultado foi positivo.
Jorge Luis lembra do momento em que a filha contou que o resultado dela tinha dado positivo. “Ela me ligou e disse: ‘pai, deu Covid’. Mas eu me achava o cara mais forte da família, não pego isso aí”, lembra Jorge.
Dias depois, os demais familiares começaram a apresentar sintomas. “Eles ficaram só dois dias com os sintomas, mas no pai agravou. Foi um susto enorme”, conta a filha.
Nos primeiros dias do tratamento de Jorge Luis, o médico lhe receitou um remédio para dor e mandou descansar em casa. Mas a situação piorou, e ele teve que voltar para o hospital.
O exame do pulmão mostrou a alteração causada pelo Covid-19, e ele precisou ser sedado e intubado.
A família teve acompanhamento da equipe de saúde de Butiá.
Leitos foram equipados com doações e recursos próprios da administração
Os 10 leitos de UTI do Hospital São José, administrado pela Associação Taquariense de Saúde (ATS) desde novembro de 2018, foram montados e estruturados em cerca de um mês, na ala onde funcionou a maternidade na casa de saúde. A obra durou cerca de 20 dias com investimento de mais de R$ 3 milhões em recursos próprios da administração municipal e cerca de R$ 1 milhão em doações da comunidade. Além dos leitos, foi adquirido um tomógrafo para reforçar a prevenção. A UTI está equipada com respiradores, maca elétrica, oxímetro, aparelho para exame de gasometria, bomba de infusão, monitores de sinais digitais, cardioversores, desfibriladores e eletrocardiógrafos.
A habilitação pelo Ministério da Saúde foi publicada no diário oficial da União, no dia 8 de julho, junto com 300 leitos em 20 municípios no Estado para atender pacientes com Covid-19 na categoria Adulto Tipo II, pelo prazo de 90 dias, podendo ser prorrogado. Para isso, o Ministério da Saúde repassará R$ 480 mil por mês, durante três meses, o que corresponde a R$ 1,440 milhão no período.
Com a habilitação, os leitos estão à disposição da secretaria estadual da Saúde e submetidos ao Sistema de Regulação (SisReg) , que faz a regulamentação dos leitos.
Cerca de 40 profissionais, entre fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médico, equipe de diálise, área da limpeza e recepção, foram contratados para atuar na área da UTI Covid-19.