A loja de materiais de construção localizada na avenida Açorianos, número 74, bairro Coqueiros, completa, em 2019, 10 anos de atividade. O fundador, René D’Ávila Marques, 56 anos, deu ao seu empreendimento o nome pelo qual ficou conhecido na comunidade, ‘Tio Nei’.
O envolvimento nesta área do comércio iniciou na adolescência, quando, em 1978, aos 14 anos, começou a trabalhar na casa de materiais de construção de Alfredo Castro e Silva, localizada na avenida Lautert Filho, que funcionou até início dos anos 2000.
Aos 18 anos, afastou-se para prestar o Serviço Militar e depois foi trabalhar como inspetor de qualidade na antiga empresa Satipel (adquirida em 2009 pela atual Duratex). Ficou por lá por cerca de cinco anos e meio e retornou para a loja de materiais de construção, em 1988. Trabalhou por quase uma década até que, em 1996, foi para a loja Castoldi Materiais de Construção, de propriedade de Nestor Castoldi, localizada na rua 7 de Setembro. Dois anos depois, René e outros dois sócios, José Roberto Vargas e João Lopes de Vargas, compraram a empresa de Nestor Castoldi e deram andamento no negócio com uma sociedade. “Eu criei a Madeireira Emanuel. Botei esse nome por causa da Igreja. Eu tinha um programa de rádio com esse nome, que quer dizer “Deus Conosco”, disse Nei, que é integrante da Igreja do Evangelho Quadrangular há mais de 30 anos. A sociedade durou cerca de 10 anos. Paralela a essa atividade, Nei abriu uma loja de tintas e equipamentos hidráulicos para a construção civil. Eram os primeiros passos para o empreendimento próprio. Ficou com ele por cerca de quatro anos, até deixar a sociedade e se dedicar a “Tio Nei Materiais de Construção”. “Gosto de conversar com o cliente. Na Satipel eu não tinha o contato com o povo. Achei melhor ir para o balcão, me aposentei por tempo de serviço no balcão. Foi mais que uma vida. Continuo no balcão porque é como uma terapia. hoje eu conseguiria me manter, mas gosto de conversar com o pessoal. Como sou político e vereador, sempre tem assunto. Gosto de fazer o bem e receber o bem das pessoas. No balcão consigo me alegrar e desestressar. Nunca tirei férias de 30 dias, hoje são no máximo 10 dias afastado do balcão. Estou fazendo o que gosto, me sinto feliz”, conta o empresário.
A loja possui um balcão de quase cinco metros que serve para o cliente ficar mais à vontade, na opinião de Nei. “Tem gente que se habituou a comprar assim, chegam e se debruçam no balcão. Vem o pedreiro, muitas vezes até sem camisa, como estão trabalhando nas obras chegam para comprar e ficam conversando. Eles querem estar bem à vontade. Eu tô no sistema antigo, aprendi no Alfredo Castro assim e mantenho, mas pelo meu guri já teria mudado. Não mudou ainda porque eu tô aqui. Ele já tinha eliminado e reformulado”, salienta.
A empresa familiar é tocada pelo filho Nei Misael Rosa Marques, 25 anos, e a futura nora, Taís Cristina Driemeyer, 24 anos. No futuro, o filho deverá dar andamento no empreendimento.
A troca de endereço para um bairro
Ao decidir investir em um negócio próprio, Nei deixou um ponto comercial no Centro por um em um bairro, com menor circulação de pessoas. Ele comprou o prédio e o terreno onde funcionou, até o início da década de 1990, um presídio, no bairro Coqueiros.
Ali foi fazendo investimentos e abriu sua loja, segundo ele, porque entendia, desde então, que a cidade cresceria para aquela região, uma vez que, no lado oposto está o rio Taquari. Atualmente, ele contabiliza cerca de mil clientes. “Vêm desde a Madeireira Emanuel e da Alfredo Castro. Os moradores do bairro vêm primeiro aqui e se não tem a mercadoria vão para as outras lojas. Hoje vejo que o bairro Coqueiros, pelo desenvolvimento de pavimentos de ruas que foram feitos, tem sido um dos melhores de morar. Estamos bem no meio das melhorias que o município recebeu aqui. Facilitou bastante”, avalia. Outras vantagens apontadas é o espaço para estacionamento.
Os 30 anos de experiência renderam muitas histórias, entre elas, a vez em que um cliente chegou na Alfredo Castro para comprar uma cremona de janela, a peça que tranca a janela. “Como tem vários modelos, pedi para ele ir em casa e buscar a velha. Ele foi em casa e levou para a loja a senhora de idade, mãe dele. pela mão. Ela chegou no balcão, chamou o Alfredo Castro e disse: – Senhor Alfredo, mandei comprar aqui uma insignificância e mandaram me buscar em casa para assinar a nota. Compro do senhor aqui há 20 anos. Como mandaram me buscar em casa por causa de uma insignificância dessas? – Fiquei em maus lençóis porque até eu explicar que tinha mandado buscar era a peça velha e não a mãe dele que era a proprietária da conta, não foi fácil, tomei uns xingões, mas tudo se ajeitou”, diz.
O apelido que
virou nome
Na infância de René ele sempre foi chamado de Nei, inclusive por sua mãe, que acreditava ser esse seu nome. A verdade veio à tona no primeiro ano na escola, quando os professores contaram a ela, que era analfabeta, que ele se chamava René. Para homenageá-la ele incluiu Nei no nome do filho.