O aumento no preço da carne, principalmente a de rês, tem apavorado não só os consumidores, mas todo o mercado do setor. Conforme informações de proprietários de frigoríficos e açougues do município, o preço do gado no campo subiu cerca de 40%. O percentual ainda não foi passado integralmente para o consumidor, que já está pagando cerca de 30% a mais no produto.
Segundo Leandro Joel Vianna da Silva, proprietário do Frigorífico Vianna, situado em Taquari, há cerca de dois meses era possível comprar o gado, no campo, pelo preço de R$ 5 o quilo do boi vivo e R$ 4 o quilo da vaca. Hoje, os preços encontrados são R$ 7 e R$ 6 respectivamente. O aumento é de 40% no preço do boi e 50% no da vaca. “O preço subiu por causa do aumento da exportação e falta da matéria-prima. Com a exportação em alta, os frigoríficos grandes pagam mais porque têm a venda da exportação, que é mais cara, e isso acaba aumentando o preço para todo mundo”, contou o empresário.
No frigorífico, o quilo da carne de rês era vendido aos açougues, em média, de R$ 11 a R$ 11,50. Hoje, o preço está entre 14,50 e R$ 15,50 o quilo. Para Leandro, o preço ainda pode subir. “A carne vai virar sobremesa, vai ser só uma amostra na mesa do consumidor”, disse o empresário.
Há sete anos trabalhando com açougue, Márcio Amaral, 34 anos, relatou que esta é a pior fase do mercado. “Neste mês, a gente está trabalhando só para empatar, para não fechar as portas. Aumentamos em média R$ 4 por quilo, mas teria que ser o dobro. Mas se a gente passar todo o aumento para o consumidor, ficamos sem clientes”, falou o comerciante, lembrando que os açougues compram o gado inteiro e têm perda de cerca de 30% do peso da carne quando é vendida ao consumidor. “Às vezes, as pessoas pensam: ele compra o boi por R$ 15,50 e vende a picanha a R$ 49. Mas não percebe que o boi só tem 2,5 kg de picanha e que a 35% da carcaça é carne de segunda. O peito, por exemplo, eu vendo a R$ 14, mas ele me custou R$ 20, se somar os R$ 15 que eu paguei mais a perda. Então tu arranca perdendo quase a metade para conseguir recuperar depois”, explicou Márcio.
Segundo o comerciante, a alta nos preços está assustando os consumidores. A parte mais nobre da carne, a picanha, era vendida a creca de R$ 39 o quilo. Hoje, está custando em torno de R$ 49. “Tem gente que veio comprar carne, viu o preço e foi embora sem levar nada, achou que a gente estava louco. Depois voltou e comprou, porque viu que a carne está alta em todos os açougues, que não era só no nosso”, contou.
Os consumidores também estão apreensivos com o aumento. O jornal realizou uma enquete, na rede social Facebook, perguntando se os internautas já notaram o aumento. A maioria relatou que sim. “Quem ainda não notou, vai se apavorar neste final de ano. O churrasco vai ser muito salgado”, disse um internauta. “Eu notei na de frango, de porco, de rês e por aí vai. Se fosse só na de rês, eu estava feliz”, disse outra.