A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram, na última terça-feira, a Operação Tavares, para desarticular organização criminosa dedicada ao contrabando e à produção clandestina de cigarros. A investigação apura, ainda, os crimes de redução à condição análoga à de escravo, contra o meio ambiente e corrupção de menores.
Na ação, foram cumpridos 40 mandados de prisão e 56 mandados de busca e apreensão em 25 cidades do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Dois destes mandados foram cumpridos em Paverama. Conforme documentação divulgada pela Polícia Federal, foram cumpridos um mandado de prisão e um de busca e apreensão no município. A reportagem de O Fato buscou mais detalhes sobre a ação no município, mas a Polícia Federal informou que, no momento, não estão disponíveis detalhes dos locais para divulgação. No Vale do Taquari, também houve diligências em Lajeado e Anta Gorda e, na região, em Montenegro e Triunfo.
A operação realizou a execução de ordens judiciais para sequestro e arresto de 56 veículos, 13 imóveis e valores em contas vinculadas a 23 pessoas físicas e jurídicas, até o valor de R$ 600 milhões.
A investigação iniciou em 2020 para apurar a prática de contrabando de cigarros na região metropolitana de Porto Alegre. Diligências realizadas identificaram a existência de uma organização criminosa estruturada para a produção clandestina de cigarros de marcas paraguaias em cidades do Rio Grande do Sul. Há indícios de que a fabricação seria operada por trabalhadores supostamente cooptados no Paraguai e que seriam mantidos em condições análogas à de escravidão.
Parte dos cigarros produzidos abasteceria o mercado clandestino do Uruguai e pontos de venda no Rio Grande do Sul vinculados à facção criminosa do estado. A estimativa da polícia é de que a fábrica clandestina produziria cerca de 10 milhões de maços de cigarros por mês, com faturamento mensal de R$ 50 milhões. Conforme projeção da Receita Federal, os impostos, se recolhidos, atingiriam R$ 25 milhões.
Durante o cumprimento de mandado de busca, no município de Triunfo, 16 trabalhadores supostamente paraguaios foram localizados escondidos no subsolo da fábrica, onde permaneciam enclausurados. O esconderijo era acessado através de um elevador hidráulico. As vítimas foram resgatadas.
Além do contrabando e falsificação de cigarros, a Operação Tavares investiga a organização criminosa por cooptar cidadãos paraguaios para trabalharem na produção clandestina de cigarros em condições análogas à escravidão. Segundo a Polícia Federal, ao chegarem ao Brasil, os estrangeiros tinham os celulares apreendidos pelos líderes do grupo e eram levados à fábrica, de onde não poderiam sair até o fim do ciclo de produção.
A operação foi denominada Tavares em alusão ao local onde foi identificado o primeiro depósito do grupo, no município da Cachoeirinha.