O apelido Pimenta é atribuído, até hoje, à grande parte de quem carrega o sobrenome Machado. Entre os membros da numerosa família, há apenas um consenso: muito brabo e espírito esquentado.
A professora aposentada de História, Flávia Machado Ferreira, conta que o avô, Alfredo Pereira Machado, “era muito brabo”, segundo contava seu pai, Adão Machado (nascido em 31 de maio de 1914, em Taquari, e falecido em 2 de fevereiro de 1991) e, por isso, o apelido Pimenta. A família Machado é uma das primeiras que chegou para colonizar Taquari, no século 18. Alfredo, filho de José Luciano Machado e Eufrazia Francisca de Oliveira, casou-se com Zeferina Francisca de Medeiros e teve uma numerosa família, tendo entre os filhos, Pedro, Eduardo, Arlinda, Amaro, Antônio (Nico), Almerinda, Adão (o mais moço dos filhos) e dois adotados, cujos descendentes moram na Planalto, em Taquari. Alguns dos filhos se estabeleceram na outra margem do rio Taquari, na localidade de Santo Amaro.
O carpinteiro Antônio Amaro Machado, 62 anos, neto do casal Antônio Luciano Machado, o Nico, e Eva Terezinha Machado, que morreu há cerca de 40 anos – ele aos 96 anos e ela, aos 97 anos, conta que o apelido surgiu porque avós, que residiam na localidade de Caramujo, gostavam de cultivar pimenteira e isso tornou-se tradição na família, passando pelas gerações, tanto que ele mantém dois pés, de variedades diferentes, em sua casa, no bairro Praia. “Foram seguindo e conservando na família toda”, diz. O fato de serem conhecidos pelos pés de pimenta que tinham em casa, somado ao espírito esquentado dos integrantes da família, teria sido o motivo para o apelido. “São tudo meio indignado, meio bravos. Eu não!”, brinca Antônio Amaro.
Os netos, bisnetos e trinetos também são conhecidos pelo apelido. “Se perguntar pelo meu nome, ninguém conhece. Agora por Toninho Pimenta, todo mundo sabe quem é.”
Sérgio Machado diz que os Pimenta “eram brabos e alguns brigões, mas na minha geração, posso afirmar, ficou só o apelido, não conheço nenhum Pimenta brabo”, diz, completando, “pelo contrário, são relevantes, amigos e de diálogo”, brinca.
