As más condições de tráfego na Beira do Rio e a revolta dos moradores sobre a negligência do poder público com a manutenção da localidade levaram a mais um triste episódio neste final de semana. Foi ateado fogo em uma ponte que já estava em péssimas condições. Formaram-se dois buracos de cerca de dois metros, que impossibilitam a travessia. O local foi interditado.
A ponte está situada logo nos primeiros quilômetros da estrada principal da região, que faz a divisa entre Taquari e Bom Retiro do Sul. Além de centenas de moradores, a estrada é muito utilizada para escoamento da produção da localidade, uma das mais significativas do município, principalmente na cultura do arroz e milho. Agora, para transitar pelo local, é preciso usar um desvio, por dentro de propriedades rurais, em uma ponte que já era utilizada pelos produtores. A travessia foi reformada pela Prefeitura, com material doado pelo produtor Paulo Sebastião Lopes das Neves, de 53 anos, que, na última quarta-feira, conversou com O Fato. “A gente fez para passar as máquinas, se não fizesse, ninguém mais passava, nem eu conseguia tirar minha produção. A única saída que tem agora é passar por lá, mas eu acredito que não vá danificar”, considerou.
A moradora Jair Saldanha Oliveira, 46 anos, relatou que a situação está complicada. “Taquari está perdendo mais da metade dos clientes da Beira do Rio, porque nós estamos indo tudo para Bom Retiro”, contou.
Abandono do poder público
A estrada da Beira do Rio e as duas pontes da região recebiam manutenção da Prefeitura até 2017, quando o Departamento Autônomo de Estrada de Rodagens (Daer), ligado ao Governo Estadual, fez reunião com a administração municipal para assumir novamente os trabalhos na via. Na época, foi divulgado que a estrada era de domínio estadual.
A última manutenção realizada pelo Daer no local foi em abril de 2019, quando O Fato fotografou o trabalho com maquinário do departamento. Depois disso, Daer e Prefeitura entraram em discussão sobre a quem pertencia a responsabilidade da manutenção. Em matérias já divulgadas pelo jornal, Prefeitura e Daer negam a responsabilidade sobre o serviço. Em março, a administração municipal ingressou com ação judicial contra o Governo do Estado, exigindo que o departamento faça a manutenção da via.
Daer quer que a Prefeitura faça as manutenções necessárias
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens (Daer) disse que não vê empecilho no fato de a Prefeitura realizar a manutenção no trecho, pois ele está dentro da área do município, que já fazia os reparos. “O Departamento, aliás, enfatiza que tem autorizado e firmado parcerias com municípios para atuação em rodovias municipais e estaduais por períodos determinados. No momento, não há previsão de serviços nesse trecho”, informou a autarquia. O jornal questionou ainda se, mesmo diante da situação emergencial, a manutenção não seria realizada, mas o departamento não respondeu.
Administração municipal diz que via é do estado, mas fará os reparos emergenciais
A Prefeitura informou que interditou o local para segurança no trânsito e fará os reparos necessários. O material para a obra deve chegar até hoje, e os trabalhos serão iniciados em seguida. “Vale ressaltar que o ato de atear fogo é uma ação criminosa, prejudicando a todos. Também é importante destacar que a responsabilidade da via é do Daer, autarquia do Governo do Estado. Inclusive, o próprio jornal noticiou o Daer fazendo a manutenção da estrada, em meados de abril de 2019. A administração municipal segue buscando uma alternativa e cobrando melhorias na estrada, para não prejudicar a população”, disse a Prefeitura.