A Associação Taquariense de Saúde (ATS), instituição que administra o Hospital de Taquari, ainda não tem a titularidade da conta de energia elétrica da RGE Sul. A fatura, pelo menos até junho de 2019, foi emitida em nome do Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev) que deixou a instituição há mais de um ano.
A ATS acionou a justiça, em abril de 2019, para a troca da titularidade e para obter dados como o valor e o número de pessoas que colaboram com a instituição através da campanha Hospital Com Mais Saúde, pela conta de energia elétrica da RGE Sul.
A juíza da 2ª Vara de Taquari, Mariana Machado Pacheco, determinou em 30 de maio de 2019, que fosse modificada a titularidade da conta de luz, colocando a ATS, e que fosse fornecido, mensalmente a lista de contribuintes do hospital. Mas a troca ainda não ocorreu nem a disponibilidade dos dados.
Conforme o presidente da ATS, Gilberto Hermann, na semana passada, ele assinou o contrato enviado pela RGE Sul para a substituição do nome da conta e espera que a próxima fatura saia no nome da ATS, que assumiu a instituição em novembro de 2018. Entre maio e novembro de 2018, a administração ficou com o Instituto de Apoio às Políticas Públicas (Inapp).
O que diz a RGE Sul
A companhia emitiu a seguinte nota:
“A RGE informa que o Programa Hospital com Mais Saúde foi criado em 2006 para auxiliar as entidades hospitalares e contribuir para a saúde financeira dos hospitais. Para todos os convênios firmados, a distribuidora realiza, automaticamente, um encontro de contas mensal entre os valores oriundos do crédito gerado pelas contribuições e a fatura de energia elétrica. Esse procedimento foi adotado para o Hospital São José de Taquari até o mês de julho. A distribuidora ressalta que todas as contribuições destinadas ao Hospital de Taquari são repassadas ao hospital. A Associação Taquariense, administradora atual do Hospital São José, deverá firmar um novo convênio para permanecer com o programa Hospital com Mais Saúde e assim receber contribuições da comunidade. A RGE presta um serviço essencial e acredita que o Programa Hospital com Mais Saúde auxilia as entidades hospitalares na geração de receitas, qualificando o atendimento à população e contribuindo para a adimplência dos Hospitais”.
Questionamentos do jornal
O jornal O Fato enviou várias perguntas sobre a situação à assessoria de imprensa da RGE Sul, no entanto, nem todos foram respondidos. Foram feitos os seguintes questionamentos:
“Por que há demora na troca do registro do beneficiado das doações, sendo que elas não estão sendo destinadas para o Hospital de Taquari? Há previsão de normalizar a situação? Para onde estão sendo encaminhadas estas contribuições? Os valores contribuídos serão revertidos para o hospital de Taquari? Como as pessoas devem proceder para fazer a adesão à campanha? É necessário assinar algum documento? Quantas pessoas fazem a contribuição em Taquari? E quanto representa em valores (reais)?”.
Situação preocupa contribuintes
O morador do Centro, 20 anos, que prefere não se identificar, diz que ao conferir a conta de energia elétrica da família, notou a cobrança da contribuição, mesmo sem ter autorizado. Ao buscar mais informações sobre a situação, soube que a conta não estava em nome da ATS nem o valor que recebia em doações. A situação causou preocupação sobre a destinação do recurso. “Primeiro de tudo, senti o direito violado porque ninguém autorizou a contribuição. E segundo, enganado porque ali diz que vai para o hospital de Taquari e depois a gente vem a descobrir que pode estar sendo mandado para outro lugar. Esta é a preocupação, se o dinheiro está vindo”, diz, completando “como a gente vai ter a certeza de que a partir de agora o dinheiro vai para o hospital e não pra Cacequi?”. Ele referia-se ao fato de, em junho de 2018, as faturas da RGE Sul terem sido emitidas com a contribuição para Cacequi, onde o Isev tinha unidade. Na ocasião, a companhia disse que corrigiria o erro.
Colaborador da campanha há mais de um ano, morador do bairro Olaria, 34 anos, que também não quer se identificar, espera que o valor esteja contribuindo para o hospital de Taquari. “É preocupante porque faço a contribuição para o hospital da minha cidade. Gostaria que o dinheiro ficasse no hospital do município”, diz.