O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 2 de setembro, trouxe à tona uma preocupação. A falta de prevenção e de manutenção em todo o País desses espaços que guardam a história.
Nesta semana, o jornal O Fato Novo esteve no Museu Casa Costa e Silva e constatou que os dois extintores do local estão vencidos e não há Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), emitido pelo Corpo de Bombeiros. O Museu, além do acervo mobiliário da família do Marechal Arthur da Costa e Silva, que presidiu o Brasil de 1967 a 1969, abriga a Biblioteca Pública Municipal, a Casa Açoriana, e objetos de demais personalidades locais, como Sofia da Costa e Silva e Frei Roque Ruschel.
Em diversas ocasiões, o jornal O Fato Novo tem mostrado os transtornos causados pelas goteiras e infiltrações que há na casa. A Hora do Conto, que acontecia no sótão, não é mais realizada.
O estudante taquariense Angelo Antônio Junqueira da Silva, 18 anos, esteve, nesta semana, na redação do jornal O Fato Novo e disse que a situação do museu é preocupante. “Já tinha visto que isto estava ocorrendo. Estive ali nesta semana, visitei todas as dependências. Fiquei apavorado e indignado com a situação. Ali, até os 9 anos morou o Marechal, antes de ir para a Escola Militar, e depois voltou presidente do Brasil, o único taquariense que voltou presidente. Nossa história está ali dentro”.
Ele destaca a necessidade de união da comunidade. “Se nós, povo taquariense, não nos unirmos, vai acabar. Tem um acervo que, se molhar, não tem recuperação, como o piano da Sofia da Costa e Silva. No quarto de casal, a cômoda e o roupeiro perderam os pés, tem muitos quadros que os funcionários conseguiram salvar as telas, mas as molduras não, e guardaram”.
Ele teme ainda o risco de incêndio, uma vez que as instalações são antigas e acredita que se a biblioteca for retirada do local a casa poderá ser fechada.
O que diz a prefeitura
O Fato Novo questionou a prefeitura, nesta semana, sobre a situação. Através da assessoria de imprensa, houve a seguinte manifestação:
“A Prefeitura de Taquari salienta que valoriza a democracia e os direitos civis em sua integridade, de modo que abomina as atrocidades cometidas entre 1964 e 1985. O período da Ditadura produziu memórias que muitos brasileiros preferem esquecer. O Museu Casa Costa e Silva é um espaço que remete a um dos ditadores que contribuiu para os anos de chumbo no Brasil. Cabe ressaltar que o município não é proprietário do local, sendo que o mesmo pertence ao IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL e é cedido ao município. Qualquer obra ou alteração depende da aprovação do referido órgão. Como o local também armazena os livros da biblioteca municipal, a Prefeitura está buscando alternativas para preservar o acervo em outro espaço, o qual possui grande valor histórico e cultural, com milhares de exemplares. A Prefeitura de Taquari reforça que mantém o espaço do Museu Casa Costa e Silva em condições de segurança para os profissionais que lá trabalham. Atualmente a Prefeitura não dispõe de recursos para atender às demandas da população e ao mesmo tempo investir no museu que foi casa de um dos representantes da Ditadura. Como é bem reconhecido, a Administração ainda precisa trabalhar com atrasos de milhares de reais em repasses do Estado e cortes frequentes do Governo Federal, inclusive na manutenção da cultura. Deste modo, no momento é impossível para o município dispor recursos para investir no Museu Casa Costa e Silva”.
Como não houve manifestação sobre o PPCI da Casa, na tarde de ontem o jornal questionou o prefeito Emanuel Hassen de Jesus. Ele disse que será providenciado na próxima semana e que houve uma falha.