O prefeito José Luiz Cenci (PP) falou, nesta semana, a O Fato sobre os resultados do trabalho de 2018 e as metas para 2019. Ele anunciou um superávit de R$ 1,4 milhão, mas lamentou que para esse ano haverá muitas dificuldades pois a prefeitura terá que pagar R$ 2,1 milhões em precatórios.
Para o prefeito, este mandato é o mais trabalhoso comparando aos três anteriores. “Para mim está sendo mais desafiador este mandato do que os outros três. Sem dúvida nenhuma. Nos outros (mandatos) tinha que ter a capacidade de administrar os recursos que eram realmente em volumes expressivos. Hoje, tenho o desafio de poder e ter que atender bem a nossa população e com muito pouco recurso”, disse. Cenci anunciou ainda a geração de pelo menos 200 empregos em 2019. Veja a entrevista:
O Fato – Como foi o ano de 2018 pra Fazenda Vilanova?
Cenci – Foi bom, muito bom. Na realidade poderia ter sido melhor se não tivéssemos uma perspectiva complicada para 2019, que é a dos precatórios. Tivemos um superávit de R$ 1,4 milhão. Por essa expectativa dos precatórios tivemos que parar os investimentos, ou seja, poderíamos ter investido muito mais, ter feito esse R$ 1,4 milhão em obras e começado alguns trabalhos, mas que não se fizeram porque corríamos o risco de não pagar as contas e estamos trabalhando com os pés no chão. Se não tivesse o problema dos precatórios, estaria fazendo asfalto, obras, o parque municipal, terminando o ginásio, que está em fase final. Estamos nos preocupando com o ano de 2019, que temos estes R$ 2,1 milhões pra pagar.
O Fato – Há ainda algo a ser feito para amenizar a situação do pagamento dos precatórios?
Cenci – Eu tenho algumas expectativas que poderemos fazer alguma coisa em termos de defesa para reduzir este valor. Estamos negociando, trabalhando muito forte nisso, há três ou quatro meses, e muita expectativa de mudar este cenário. Isto não é um problema do prefeito. Amanhã eu pago e vou embora. O problema é do Município, não posso enterrar o meu município agora. Nosso orçamento de 2019 está com um déficit de R$ 1,5 milhão, ou seja, todo o meu superávit de 2018 vai pra lá e ficamos no zero a zero. Será mais um ano perdido pra pagar umas contas que vão custar caro pra população.
O Fato – O que originou estes precatórios?
Cenci – São questões trabalhistas e duas de indenização de área de terra. Foi uma abertura de rua, no tempo que Fazenda Vilanova pertencia a Bom Retiro do Sul, sem ter sido feito o processo normal que se faz da desapropriação, antecipação de área. Quando as pessoas vêm aqui e reclamam que o prefeito não arruma uma rua, às vezes não é nem rua porque não foi doado ou loteado. Aí não posso fazer porque acontece o que aconteceu ali. As outras são ações, como um médico que trabalhou no posto e não recebeu durante um ano, praticamente.
O Fato – Quais são as metas para 2019?
Cenci – São ótimas, pena que a gente não pode pegar este R$ 1,4 milhão e mais o que colocamos no orçamento deste ano para pagar precatório e investir. Nossas perspectivas são excelentes: primeiro, porque o Brasil vai mudar, já mudou e nós vamos mudar junto. Estamos muito otimista em relação a economia do país. Estamos otimista nas reações das nossas relações com os empresários. Tinha gente que estávamos negociando há um ano para se instalar na Vilanova, abortaram o projeto, pela insegurança do país. Hoje eles estão voltando. Tenho absoluta convicção de que em 2020 esse município será outro. Queremos colocar o município no lugar em que ele deveria ter ficado sempre. Vilanova estava em pleno desenvolvimento e parou, estancou, regrediu. O nosso orçamento hoje é ainda de 2015, 2016 e veja o quanto tivemos que aumentar a despesa com a saúde e educação. Ampliar 100 vagas de creche é custo porque são 20, 30 ou 40 pessoas para trabalhar e o dinheiro de onde saí? Do investimento. Vou fazer asfalto ou dar saúde e escola? É questão de prioridade. Na área do emprego, minha perspectiva é de criar, no mínimo, esse ano, 200 empregos. Isto é significativo se for analisar em percentual de população ativa no município. Vamos investir todas as nossas energias nas empresas que vão se instalar. Tem uma, a Enova Calçados, que até junho ou julho vai se instalar com 100 funcionários. E outros que estão prontos para serem lançados. Temos que analisar que, no ano passado, estávamos na mesma situação de hoje. Estamos recomeçando este trabalho. Hoje a coisa mais importante é criar riqueza, se não ali na frente também terá que deixar de ser atendida a saúde e educação. Já adquirimos uma área, na Concórdia, e investimos quase um milhão de reais nela, onde podemos realmente gerar renda e riqueza para o município.
O Fato – Qual será a maior dificuldade?
Cenci – É resolver o problema dos precatórios. Se eu resolver isso, 90% dos problemas estarão resolvidos.
O Fato – O que está sendo feito para recuperar a receita do Município?
Cenci – Vilanova teria que estar com o orçamentos em 26 milhões (hoje são R$ 20) para voltar a ter o poder de investimento que tínhamos. Estamos trabalhando para isto. Prometo e tenho certeza de que vai acontecer, sem dúvida nenhuma, que em 2022 vamos estar neste patamar. Os investimentos que sairão a partir de agora serão de R$ 25 milhões. Será um salto de qualidade.
Estamos trabalhando para recuperar o Frigorífico Glória, vamos botar em funcionamento de novo, porque foi pra mim muito importante. Durante um governo e meio meu, foi a maior indústria; outra que estamos lutando desde que ganhei a eleição, que não consegui ainda mas vou conseguir, é a Lactalis. É uma empresa francesa, que precisa ir lá para negociar, e acho que vamos ter que fazer isso. Era, sem dúvida nenhuma, a maior indústria nossa. Primeiro tivemos o problema social por ter perdido 200 empregos e depois estamos resistindo ao problema econômico, que foi ter perdido o valor adicionado que era 30% do nosso ICMS. Acredito ainda que possa reverter esta situação que ela volte a pelo menos nos dar renda, porque o emprego se foi.
Conseguimos aumentar o nosso valor adicionado em 20% neste ano no setor primário. Isto é significativo. Tudo o que tínhamos perdido com a Lactalis nós recuperamos com o setor primário. Estamos já começando a recuperar o município no valor adicionado e é significativo para daqui a dois anos termos uma receita melhor de ICMS.
E o que foi feito?
Cenci – O nosso controle é muito forte. Faço um controle mensal em cima disso. Não sou um prefeito, sou um gerente daqui e cuido muito disso e de todos os produtores que têm alguma coisa significativa. A Granja Farias, por exemplo, é muito importante para a receita do município, e todo o mês, preciso saber o que teve de valor adicionado e sei o que pode dar e por isso posso cobrar quando não alcança. Tenho relatórios e vejo a empresa que está me dando e me tirando valor adicionado. Se tá dando problema, vou lá na empresa. Conseguimos, com isso, recuperar R$ 20 milhões de valor adicionado.
O Fato – Como está a relação com a Câmara de Vereadores?
Cenci – Muito boa. Até agora não teve problema. Na realidade, até agora temos aprendido e a gente vive aprendendo. Aprendi a conviver com harmonia. Antes eu achava que poderia atropelar, hoje sei que tem que dialogar e isso tem sido a grande vantagem desta administração. Conto com a colaboração da Câmara, principalmente, em alguns setores. Hoje eles têm uma estrutura espetacular para talvez 20 anos, que poucas câmaras têm. Claro, resultado do sacrifício deles e do Executivo. Agora temos que pensar no município, e tenho a certeza que se precisar do apoio da Câmara pra qualquer tipo de coisa neste sentido, vou ter, não porque o presidente é do meu partido, mas sim porque os vereadores estão conscientes das dificuldades.