A última semana de 2020 também será marcada pelos últimos dias do prefeito Maneco (PT) à frente da administração municipal. Eleito em 2012, aos 32 anos, e reeleito em 2016, Maneco deixará a Prefeitura na próxima quinta-feira, 31 de dezembro, mesmo dia do seu aniversário de 41 anos. Ele comandou o Executivo entre 2013 e 2020, e passará a gestão ao seu sucessor, o atual vice-prefeito André Brito (PDT).
Em entrevista a O Fato, transmitida pelo programa Mistura Fina Online nas redes sociais Youtube e Facebook, Maneco avaliou a gestão, as conquistas e os desafios que ainda precisam ser enfrentados. “O balanço é extremamente positivo e superior às expectativas que a gente tinha quando iniciou a primeira e segunda gestão. A realidade da nossa cidade hoje é completamente diferente de oito anos atrás. Hoje nós temos uma cidade pujante , que está se desenvolvendo e que tem obras em todos os bairros da cidade, que viu o emprego voltar a ser gerado e que viu nosso hospital retomar um patamar, inclusive superior, ao que tinha em seus melhores momentos”, ponderou o prefeito.
Entre as obras mais importantes do governo, além de mais de uma centena de pavimentações por diversos bairros e construções de postos de saúde , inclusive no interior, como o de Amoras, Maneco destacou o asfaltamento de Aterrados, as melhorias na urgência e emergência, bloco cirúrgico, quartos e construção dos leitos de UTI no hospital São José, e a reforma do Seminário Seráfico para geração de empregos com a Zanc. “Fizemos muita coisa, praticamente cumprimos todas as promessas que fizemos, o que ficou para trás foi o Distrito Industrial, mas não por culpa nossa. Estamos aguardando licença ambiental há oito anos, é uma burocracia enorme, uma dificuldade, mas tínhamos a expectativa de estar com essa obra pronta, mas, por outro lado, conseguimos fazer mais em outras áreas do que se imaginava e podemos substituir o distrito industrial pela vinda da Zanc, que não estava no planejamento, mas deu certo e tem sido uma bênção para cidade”, considerou.
Mudanças na estrutura da Prefeitura
O corte drástico no número de cargos de confiança, incluindo secretários municipais, foi outro ponto destacado na entrevista de Maneco, que também salientou que há oito anos os CCs e agentes políticos não recebem reposição da inflação no salário, que já está entre os mais baixos da região. “Nós mudamos a cultura do serviço público na cidade e para isso tive que ser mais duro do que sou normalmente, e ainda há coisas que podem ser melhoradas na gestão. Mas isso não é do dia para noite. Gastamos 80% menos com CCs, os números de hora-extra e de diárias reduziram drasticamente. Realizamos dois concursos, demos condições para os funcionários trabalharem com o próprio prédio da Prefeitura que foi concluído. Claro que a gente gostaria de ter dado um aumento salarial, os professores, por exemplo, é sabido que ganham muito menos do que merecem, mas o orçamento da cidade ainda não permite. Essa política é necessária para Taquari”, relatou. Segundo Maneco, a cidade precisa continuar trabalhando para aumentar seu orçamento, que já dobrou nos últimos oito anos, para que seja viável a realização de investimentos e manutenção da máquina pública, já que o orçamento municipal em proporção ao número de habitantes é o mais baixo do Vale e um dos piores em todo o estado. “Porque durante muito tempo Taquari não se preparou para receber investimentos”, avaliou o prefeito.
Esporte, agricultura e área de camping
Questionado sobre as reclamações referentes a sua gestão, como a área municipal de camping e a agricultura, Maneco também acrescentou o esporte às respostas. “Faltou investir em mais quadras, construir um novo ginásio de esportes, assim como faltou na área de camping, por razões de prioridade. A nossa área de camping não tem como se manter com luz e água para todo mundo, porque custa R$ 20, R$ 30 mil por mês. Também não se sustenta se colocar funcionários lá 24 horas por dia. O caminho poderia ser uma terceirização, mas achamos que ainda não era o momento de se fazer, ficou em segundo plano, para um momento posterior, porque tínhamos outras questões de infraestrutura, saúde, educação e emprego para ver primeiro. Agora , nessa gestão do André não vai precisar gastar dinheiro para construir posto de saúde, por exemplo, para construir creche, porque quando acabar as que estão em construção vai zerar o nosso déficit, isso vai proporcionar investimentos em áreas que não conseguimos investir como gostaríamos nestes primeiros oito anos”, relatou.
Sobre a agricultura, o prefeito falou que foram realizadas algumas iniciativas de plasticultura para construção de estufas, apresentada proposta de diversificação com os pepinos e custeio da estrutura para produção, além do incentivo à instalação de dois aviários, que devem gerar emprego e renda para o município. “A agricultura não depende da Prefeitura, a Prefeitura ajuda. Nós não recebemos nenhum projeto do Comdagro (Conselho de Desenvolvimento Agropecuário), nós temos dificuldade por questões de cultura, de burocracia de financiamento, e Taquari agora começa a avançar na agricultura familiar. Vamos fazer a rua coberta ao lado da Lebes, que está em licitação; por organização dos próprios produtores também foi feita a rota turística e nós incentivamos. Tem que haver um engajamento ainda maior dos produtores para que a Prefeitura possa auxiliar nessa área”, pontuou.
Experiência na prefeitura
Além das conquistas para o município, Maneco destacou o aprendizado que teve dentro da Prefeitura nestes últimos oito anos. “O saldo é positivo para mim também, eu saio dali muito mais preparado do que entrei, com capacidade de trabalho maior, aprendi muito a trabalhar com equipe, porque sempre fui muito individualista, e a parceria com André foi fundamental porque a gente se equilibra e isso traz um resultado positivo para a cidade e sei que esse equilíbrio de perfis vai continuar agora com André e Ramon. Para mim, pessoalmente, foi um orgulho enorme esses últimos oito anos poder estar à frente da cidade e tirar do papel nossas ideias para que Taquari pudesse melhorar e se desenvolver.”
Polêmicas
Durante os oito anos de governo, Maneco também se envolveu em algumas polêmicas com repercussão nacional. Uma delas foi a retirada do busto do presidente Arthur da Costa e Silva, em 2014, da Lagoa Amrênia. A outra foi um comentário na rede social Instagram, em 2018, em que chamou de “baita mala” a cantora Paula Fernandes, que havia sido a atração principal do Natal Açoriano daquele ano. O prefeito disse que não se arrepende das ações. “Na Paula Fernandes, eu estava defendendo a nossa cidade, sobre um compromisso que ela assumiu e não cumpriu, e toda vez que alguém mexer com Taquari , eu vou defender sempre. E a questão do busto até hoje eu defendo que o Costa e Silva não merece homenagem na Lagoa. Foi um ditador que assinou o AI-5, o pior momento da história recente brasileira, fechou o Congresso, cassou deputado, cassou prefeito, autorizou tortura, tudo de ruim que se podia fazer no governo contra sua própria população. O busto está ali no museu e desde que eu saiba ninguém costuma visitar. Claro que não imaginei que não daria tanta polêmica”, disse.
A entrevista completa com o prefeito pode ser assistida pela página de O Fato no Facebook e canal no Youtube.