A Polícia Civil indiciou, no início deste mês, em 3 de setembro, quatro suspeitos de participação no sequestro e confinamento de um empresário, de 60 anos, de São Leopoldo, resgatado na área central de Taquari, no último dia 23 de agosto.
Segundo a Polícia Civil, os quatro são suspeitos de praticar os crimes de extorsão mediante sequestro, tortura, porte ilegal de armas, receptação dolosa de veículo automotor e adulteração de sinal identificador de veículo.
Dos quatro suspeitos indiciados, uma mulher e dois homens, um deles de Taquari, estão presos preventivamente. O responsável pelo imóvel onde o empresário foi mantido refém, também de Taquari, segue foragido. Ainda conforme a Polícia Civil, nenhum dos três suspeitos presos quis se manifestar em depoimento. Ainda não houve a formalização da denúncia oficial pelo Ministério Público. Além dos indiciamentos, segundo a Polícia, uma nova fase da investigação teve início na última semana. A partir de agora, a polícia intensifica a busca por informações para descobrir se há outros envolvidos e o motivo pelo qual o empresário foi escolhido como alvo da ação.
O empresário, de 60 anos, foi sequestrado por volta das 12h30min do dia 19 de agosto, quando foi surpreendido pelos criminosos, ao sair de sua residência, em São Leopoldo. De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), três criminosos abordaram a vítima vestidos com roupas falsas da Polícia Civil e armados com fuzil e pistola. Depois, a colocaram em um veículo Cobalt e a levaram.
Conforme o Deic, o único contato telefônico dos criminosos foi instantes após o sequestro, de maneira desorganizada, em ligação para um familiar da vítima, dizendo “queremos dinheiro, queremos dinheiro.” Não falaram em valor, tampouco ligaram novamente para negociações durante os cinco dias em que a vítima esteve no cativeiro.
Na quinta-feira, dia 22, foi identificada e presa uma mulher, de 20 anos, em Imbé. Ela dirigia um dos veículos que estaria envolvido no crime. No dia seguinte, dia 23, o Deic conseguiu encontrar um segundo veículo suspeito de envolvimento no crime, um Kia Ceratto. O motorista, ao ver os policiais, tentou fugir, mas foi abordado na BR-116, próximo a Canoas. No veículo estavam dois homens, que foram presos em flagrante. Com a dupla, foram apreendidos drogas, duas armas, além de uniformes falsos da Polícia Civil, que teriam sido usados no sequestro do empresário. Entre os dois presos, um homem é taquariense. Trata-se de Vanderlei Luciano Machado, o Lelei, 46 anos, que já esteve no sistema penitenciário federal por suposta ligação com a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e estava foragido desde julho deste ano. Ele esteve preso de 2003 até o início de 2024, quando ganhou o benefício de sair da prisão usando tornozeleira eletrônica, que foi rompida por ele em julho passado. Os outros dois presos, um homem e uma mulher, segundo o Deic, são irmãos e moravam em Canoas, mas estavam, temporariamente, residindo no litoral. Ambos têm, segundo o Deic, uma irmã que reside em Taquari.
A partir da prisão de três suspeitos, a Polícia chegou ao conhecimento de onde era o cativeiro em que a vítima havia sido levada. O empresário foi encontrado no porão de um prédio comercial, na avenida Lautert Filho, no bairro Santo Antônio, área central de Taquari, onde já funcionou uma borracharia e um delivery de cachorro-quente. Um quarto suspeito, que seria o responsável pelo imóvel onde estava a vítima e por cuidá-la, também de Taquari, foi identificado pela Polícia, mas não se encontrava mais no local quando da chegada dos policiais.
O empresário teria ficado no porão da casa, com os pés acorrentados, as mãos atadas por lacres, os olhos e a boca tapadas por uma fita. Tampões teriam sido usados para que ele não pudesse escutar ruídos externos, e uma caixa de som teria sido usada para desorientá-lo. No momento do resgate, a vítima se encontrava em condições de higiene precárias.
No terreno do cativeiro, foi encontrado um veículo Hyundai Creta, roubado, que teria sido usado, segundo o Deic, para trazer a vítima para Taquari.