A passagem da covid-19 pela família Santos, que reside no bairro Colônia 20, como em muitas outras, deixou traumas. Em meados de outubro, quando pensavam que não contrairiam mais o vírus, quase toda a família se contaminou, e dois deles, Americano Junqueira dos Santos, 91 anos, e a filha, a professora Gládis Pereira dos Santos, 65 anos, precisaram ser internados na UTI no Hospital São José, em Taquari. Passado o momento mais difícil, consideram que venceram o vírus graças à fé, ao trabalho dos profissionais do Hospital e à vacinação. “Tu vai no fim da tua vida e vem refletindo lá de trás onde tu errou, pra mim a morte é isso, e pede perdão para Deus, porque todo mundo tem pecado na vida”, lembra Gládis. Mesmo estando em casa, ela diz que ainda vive momentos de tensão emocional. “Tenho umas recaídas e vontade de chorar por tudo o que passei, lembrando que nem na doença nós dois nos separamos, eu e o pai, foi muito triste. Se não fosse a força daquele pessoal da UTI, eu não sei o que teria sido. Foi muito difícil. Tem coisa que só por Deus”, salienta.
O nonagenário Americano ficou 12 dias internado e deixou a UTI no final de semana e recebeu alta hospitalar na segunda-feira. “Se não tivéssemos recebido a vacina, nem eu nem ele teríamos escapado. Ele enfrentou com mais facilidade do que eu”, conta a filha, completando que o pai tem uma boa alimentação e faz uso de vitaminas. Gládis teve 55% de comprometimento pulmonar e Americano, que era tabagista, 50%, mas não foram intubados. Para Americano, que chegou a pensar que morreria, “foi com muita dificuldade de enfrentar, mas a assistência foi muito grande. Atenderam o máximo, trabalhando sempre.”
Para a família que estava em casa, os momentos foram de muita angústia também, porque as informações sobre o estado de saúde do paciente na UTI são dadas apenas no final do dia. O esposo de Gládis, o taxista Cléo Pereira dos Santos, o Teca, 71 anos, também teve covid-19 e perdeu o irmão na batalha contra o vírus.
A família destaca ainda o atendimento recebido no Hospital São José, além dos profissionais habilitados e equipamentos modernos, a atenção dispensada aos pacientes. “Excelentes médicos, que ficavam ao lado cuidando, os fisioterapeutas, técnicos e enfermeiros. Era gente com amor, parecia de filho para a mãe, querendo salvar a gente. Eu via as pessoas em coma e eles fazendo carinho nelas, coisa mais linda”, cita.
Mesmo com a alta hospitalar, eles seguem em tratamento por 30 dias, com medicação, e devem evitar esforço físico. Após esse período, deverão repetir exames para avaliar a situação e receber alta.
