O Fato Taquari Jornal On-Line
A fisioterapeuta Leila Araújo, 30 anos, está na lista de desenvolvedores de uma cadeira aquática que auxilia na recuperação de pacientes na água. A patente do produto foi concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em novembro deste ano. A ideia de desenvolver a tecnologia partiu de Leila, moradora da RSC-287, em Bom Retiro do Sul, e ex-aluna do ensino médio do Instituto Pereira Coruja, de Taquari.
O produto, que começou a ser criado em 2011, foi o tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Fisioterapia de Leila. “Quando a gente atendia os pacientes na piscina e os colocava deitados, eles ficavam com medo quando a água tocava o rosto deles. A gente percebia que eles ficavam tensos e não relaxavam, então comentei com minha professora: vamos fazer uma cadeira para usar dentro da piscina”, conta.
O projeto foi desenvolvido com auxílio de estudantes da área de engenharia da Unisc. Depois de testes, chegou-se ao modelo ideal que passou a ser utilizado pela universidade em 2015, quando os desenvolvedores e a Unisc iniciaram a busca do reconhecimento da patente do produto. “O processo é demorado. Eles ficam um ano e meio pesquisando para ver se essa ideia não foi copiada de alguém, se é realmente original, e também para ver se outras pessoas não copiaram nosso produto. Fica um ano e meio no que eles chamam de sala escura”, explica a fisioterapeuta. Em novembro deste ano, foi reconhecida a patente do produto, que já pode ser comercializado. “O sentimento é de dever cumprido. O Brasil é um país que não tem muita patente, ainda mais se comparado com China e Japão. E no interior e na escola pública, se tem menos acesso. Então é uma felicidade saber que uma guria que se criou em Bom Retiro, estudando em escola pública, conseguiu uma façanha desse porte”, comemora.
A cadeira para fisioterapia aquática pode ser usada por todos os grupos de pessoas, visando ao aumento da segurança do paciente durante as sessões. “Ela foi focada para pacientes com escoliose e hérnia de disco. Mas quando começamos a utilizá-la, a gente viu que pode ser usada para qualquer tipo de pessoa, além das que têm medo de água, deficientes físicos, pessoas com problema de coluna”, conta a fisioterapeuta.
Segundo Leila, a universidade é responsável por 50% da criação, que foi desenvolvida por seus graduandos e professores. A moradora de Bom Retiro e a equipe autora do produto dividem os outros 50%. “O Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia começou a divulgação das criações feitas na universidade e já existem empresas interessadas”, relata. Segundo a fisioterapeuta, a venda do produto pode ser feita por licença, em que o fabricante paga um determinado valor para produzir a cadeira e uma comissão nas vendas, ou total, onde são comprados todos os direitos sobre o produto.
Atualmente mestranda do Centro Universitário Metodista IPA, em Porto Alegre, Leila trabalha no desenvolvimento de um novo produto, desta vez para reabilitação de coluna em fisioterapia no solo. “Me encontrei nesse mundo da tecnologia, do desenvolvimento de produtos”, diz.
Equipe de
autores
Professora Dra. Patrícia Roveda, professor Dr. Jorge Ribas Moraes, fisioterapeuta e mestranda em Reabilitação e inclusão, Leila Araujo, engenheiro mecânico e mestre em Sistemas e Processos Industriais, Júlio Forster, e engenheiro mecânico e mestrando em Engenharia Mecânica, Rodrigo Struck da Rosa.
