Em frente ao escritório de Itomar Espíndola Dória, na rua José Antero Siqueira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizou um ato de desagravo na tarde da última segunda-feira. Além de homenagear o advogado, assassinado no dia 12 de dezembro enquanto trabalhava, a atividade marcou uma manifestação pública de resistência da advocacia brasileira, que está inconformada com o assassinato de Dória e considera o crime uma afronta à profissão e à cidadania.
O desagravo público foi lido pelo presidente da Comissão de Defesa, Assistência e das Prerrogativas (CDAP) da OAB/RS, Eduardo Zaffari, destacando que o local de trabalho é um ambiente sagrado. “Advogados gaúchos e brasileiros jamais temeram arbítrio, prepotência e violência. A advocacia não está disposta a tolerar quebras de direitos garantidos pela Constituição Federal”, salientou.
O presidente estadual da OAB/RS, Ricardo Breier, também participou do ato. Ele destacou que a instituição acompanha o caso de perto, mantendo contato com autoridades públicas, além de levar solidariedade aos familiares. “A advocacia é uma atividade pública que não vive da impunidade, mas sim da segurança jurídica. Por isso que nós postulamos, por isso que nós não vamos admitir este ato como um ato banal, como um ato corriqueiro da violência urbana. Esse ato não é um ato da violência urbana, esse é um ato contra um advogado, contra a advocacia, contra a instituição OAB e nós não vamos nos calar”, ressaltou.
A presidente da subseção de Taquari, Maricel Lima, leu ofício enviado pelo presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, que relatou que a apuração do crime é prioridade para o Conselho Federal da entidade. Cláudio informou que não pôde estar presente no ato de desagravo em função de compromissos fora do estado. O presidente nacional da OAB esteve no velório de Itomar, na semana passada. Maricel Lima também falou em nome da subseção de Taquari. “Não se vitimou aqui apenas um advogado, um pai de família, um homem honrado, mas se vitimou as prerrogativas da advocacia brasileira. Houve sim um atentado a todos os operadores de direito, ao próprio estado e à própria sociedade, na medida que a advocacia tem função constitucional de falar pelo cidadão”, destacou.
Um dos filhos de Itomar, Gabriel Correia Dória, ressaltou a honestidade e dedicação de seu pai no trabalho e em tudo que fazia. Ele agradeceu o apoio de toda a Ordem dos Advogados do Brasil neste momento de luto. “Estamos muito gratos à OAB por ter prestado prontamente seu apoio e ter feito este ato público de desagravo para mostrar que não ficará impune o que fizeram contra o meu pai. Nós estamos muito tristes, é um momento trágico, estamos vivendo nosso luto. Vamos deixar tudo na mão da polícia e do Judiciário, esperamos que tudo ocorra dentro dos padrões legais e que seja esclarecido o fato e os autores”, disse Gabriel.
No site da OAB/RS, há um aviso com telefones da Delegacia de Taquari e Disque Denúncia para quem tiver informações que possam ajudar a elucidar o caso.