Beto da Beira do Rio (PSDB assume cadeira na Câmara

A sessão do Legislativo, realizada na noite da última segunda-feira, teve um momento histórico. Com o pedido de licença do vereador Tio Nei (PSDB), o suplente Paulo Roberto da Silva Flores, o Beto da Beira do Rio (PSDB), assumiu uma cadeira na Câmara. O morador do interior é o segundo negro a exercer a vereança no município em 50 anos.

O último vereador negro em Taquari foi eleito em 1963. Adolfo Ferreira da Silva, o Picurra, exerceu o mandato até 1968, quando encerrou a Legislatura.
O momento histórico foi destacado pelos colegas na tribuna. Ramon Kern de Jesus (PT) salientou o fato de que poucos negros assumiram a função de vereador em Taquari. “Não deve ser fácil ser pobre e negro e ocupar uma cadeira na Câmara. Acho que tu, Beto, é o segundo negro na Casa e a gente tem que valorizar essa vitória. Estamos vivendo um momento tão odioso, de debates tão conservadores, misóginos, racistas, homofóbicos e violentos, que a gente às vezes se constrange em não combater isso da forma que deveria ser combatida. Dentro de um momento histórico que se está vivendo, tu representas uma vitória e eu espero que tu te orgulhes muito disto”, disse o vereador, sugerindo que a líder do PSDB na Câmara, a vereadora Pastora Mara, ceda o espaço da liderança para o novo colega, para que ele possa ter uma oportunidade a mais de usar a tribuna durante a próxima sessão.
Leandro Mariante (PT) também saudou Beto na tribuna e destacou que as oportunidades são desiguais para diferentes classes sociais. “Em palavras, eu não consigo quantificar o quanto eu estou feliz em tu estar assumindo uma cadeira aqui. Porque eu sei o quanto é difícil um cara pobre, filho do Vilson, que é a mesma coisa que eu, que sou filho do Darci, conseguir uma oportunidade. A oportunidade para quem é pobre é zero. Esse espaço foi uma conquista tua. Quem votou em ti deixou de votar em outros 79”, disse Mariante. Para ele, Beto tem muito a acrescentar na Casa, pois possui um bom relacionamento com integrantes de diferentes partidos políticos e com os trabalhadores da Assembleia Legislativa do Estado.
Os demais vereadores também deram boas-vindas a Beto. “Estamos à disposição para o que precisar”, disse Ademir.
Beto agradeceu aos colegas, ao seu partido e ao vereador Tio Nei (PSDB), que tirou licença por 16 dias, dando a ele a chance de assumir a vereança durante o período. “Preciso agradecer muito pela oportunidade de estar aqui, representando a Beira do Rio. Eu tenho orgulho de onde eu vim e, como disseram aqui, pobre não tem espaço, a gente tem que matar um leão por dia”, falou. Durante a sessão, Beto subiu à tribuna cinco vezes. Ele falou sobre a troca de gestão do hospital de Taquari e a importãncia de se ter um bom atendimento na instituição, pediu mais atenção da Prefeitura com os produtores rurais e agradeceu ao Daer pela obra na estrada da Beira do Rio. “Vamos trabalhar, porque aqui a gente está sendo pago, e bem pago, para trabalhar pela comunidade”, ressaltou o tucano.
Por telefone, Beto conversou com O Fato Novo. Para ele, assumir uma cadeira na Câmara é um forma de combater o preconceito. “Ainda existe muito preconceito em Taquari. Se entra um negro mal vestido aí no jornal, o que vocês vão pensar? Às vezes nem é por maldade, mas pensam”, falou o vereador. Ele disse que, como assumirá por apenas 16 dias, não terá muito tempo para utilizar a tribuna e tentar mudar esta realidade no município, mas, se tiver outras oportunidades, assumirá uma cadeira no Legislativo novamente. “E eu vou bater bastante nisso aí, trabalhar bastante a questão do negro”, ressaltou. Beto disse que trabalhou muitos anos com deputados e, por já estar inserido no meio político, não sofreu com racismo, mas acredita que há pouca participação dos negros na política, assim como de mulheres.
Na última eleição municipal, em 2016, 76 pessoas disputaram as nove vagas na Câmara de Taquari. Entre os candidatos, seis eram negros. Beto fez 197 votos. Conforme dados do IBGE, do Censo de 2010, da população de 26.092 habitantes de Taquari, 24.348 se declaram brancos, 952 negros, 729 pardos, 47 amarelos e 16 indígenas.

Vereadores pedem mais assistência para a Agricultura

Marquinho (PSDB), Clóvis (PP), Beto (PSDB) e Leandro Mariante (PT) solicitaram mais atenção do poder público com os produtores rurais do município. “Tem na lei que cada colono tem que receber três cargas de saibro por ano, mas eles pedem e não são atendidos”, disse Marquinho.
Beto queixou-se da dificuldade de escoar a produção no interior. “Os produtores são pouco valorizados, é dificil escoar a produção. A Beira do Rio merece mais pelo tanto que dá para Taquari. Saíram mais de 450 mil sacos de arroz daquele lugar”, falou Beto. “É uma preocupação nossa, da Casa, que os produtores rurais tenham mais assistência”, acrescentou Clóvis. Leandro Mariante disse que solicitará à Administração Municipal o número de agroindústrias existentes no município e quer saber por que os agricultores não participam de feiras, como a Expotaquari. “Me chamou a atenção ter uma agroindústria de Caxias expondo na ExpoTaquari e não ter nenhuma de Taquari”, disse Mariante.

Ramon quer mais caixas eletrônicos no Banco do Brasil

A demora no setor de autoatendimento do Banco do Brasil foi pauta do vereador Ramon (PT) na tribuna. Para ele, é um absurdo que, seis meses após a explosão da agência, o serviço nos caixas eletrônicos ainda não esteja totalmente restabelecido. “Tem apenas um caixa funcionando. Tem gente que precisa sacar dinheiro no intervalo do almoço e simplesmente não consegue”, disse. Segundo o vereador, o Banco do Brasil é uma empresa de economia mista e é dever dos vereadores pressionar a agência a colocar mais caixas eletrônicos no setor de auto-atendimento. De acordo com Ramon, há uma lei municipal que determina que o tempo máximo de espera em uma agência é de 15 minutos. “Há uma discrepância no horário que as pessoas estão ficando no Banco do Brasil”, considerou.
Mariante (PT) também acha que é preciso cobrar mais agilidade do Banco do Brasil. “É impossível a comunidade ficar esperando. Precisamos averiguar o que está acontecendo e por que está acontecendo”, disse. Para Mariante, outro descaso com a população taquariense foi cometido pelos bancos Branrisul e Caixa Econômica que, durante o final de semana da ExpoTaquari, não tinham dinheiro em seus caixas eletrônicos. “Na Caixa, tinha que sacar de R$ 15 em R$ 15 e, no Banrisul, não tinha R$ 1”, disse. Como são bancos públicos, o vereador disse que mandará ofício questionando o motivo de isso ter acontecido e cobrando providências para que não ocorra mais. O vereador Ademir Fagundes (PDT) acrescentou que, no Sicredi, também não havia dinheiro disponível durante aquele final de semana.

Clóvis e Ramon pedem sessões solenes

Foram aprovados dois requerimentos de solicitação de sessão solene. Um deles feito por Ramon (PT) para homenagear o grupo de capoeira Pesquisa e Fundamento pela passagem de 30 anos de fundação. Outro, do vereador Clóvis Bavaresco (PP), solicitando homenagem ao Corpo de Bombeiros do município pelo Dia do Bombeiro Brasileiro, comemorado em 2 de julho.

Ademir destaca aquisição de carros para a Saúde

Na tribuna, o vereador Ademir Fagundes (PDT) destacou a aquisição de dois automóveis Chevrolet Spin para transporte de pacientes da secretaria municipal de Saúde. O investimento foi de cerca de R$ 150 mil, com recursos próprios do município. “Quando o Prefeito fala em cortar na própria carne, muitas vezes a gente não entende, mas agora dá para ver os resultados disso. A compra desses veículos foi feita com recursos próprios, sem nenhum financiamento. Assim a gente pode dar um melhor atendimento para os pacientes”, considerou o pedetista.

Leandro Mariante pede esclarecimento à Corsan

O vereador Leandro Mariante (PT) fez um pedido de informações à Corsan solicitando relatórios dos serviços realizados pela unidade de Taquari nos últimos anos.
“A Corsan tem um contrato de investimento muito bom com o município. Queremos avaliar se este investimento está sendo feito”, disse. Para Mariante, há muitos buracos abertos pela companhia, que não estão recebendo a camada asfáltica necessária para a recuperação da via.
Ramon (PT) disse que era vereador na época da renovação do contrato com a Corsan e que houve muita pressão da comunidade para que fossem estipulados investimentos no município. “Agora temos que marcar uma visita na Corsan para ver o que já foi executado e cumprido”.

Outros projetos aprovados

Durante a segunda-feira, também foram aprovados outros três projetos. Um deles foi a contratação emergencial de um farmacêutico, por 20 horas semanais, para atender à secretaria municipal da Saúde e Meio Ambiente.
Outro, de autoria do vereador Clóvis Bavaresco, que denomina de Adão Alves da Silva a rua que se inicia na Pedro Kersting Renner, distante a cerca de 550 metros da Euclides da Cunha. A via era conhecida como beco do Adão. Segundo Clóvis Bavaresco, a denominação, além de homenagear um dos primeiros moradores da região, que colaborou para o desenvolvimento do local, visa a facilitar a entrega de correspondências nas residências ali situadas.

Vereadores aprovam alteração de área verde em Zona Especial de Interesse Social

Após o encerramento da sessão ordinária, os vereadores realizaram uma extraordinária para apreciar projetos enviados em regime de urgência pela Administração Municipal. Na ocasião, o local em que estão sendo construídas residências através do programa Minha Casa Minha Vida, situada no Tinguité, foi definida como Zona Especial de Interesse Social.

A área verde foi destinada pela Prefeitura à construção de casas populares. O projeto foi enviado pelo Executivo. Segundo explicou a assessoria da Câmara, a matéria objetiva a regularização do local para que possam ser feitas ligações de luz e água nas residências.
Clóvis Bavaresco (PP) subiu à tribuna para pedir mais esclarecimentos sobre o projeto. Ele questionou se os moradores teriam isenção no pagamento da taxa de ligação de energia elétrica, pois a rede poderia ser abastecida pela Certaja, a qual, segundo o vereador, não visa a lucro e tem um alto custo para a prestação do serviço, pois perdeu isenção de impostos que eram concedidos anteriormente às cooperativas de energia elétrica. “A Certaja vai ter que fazer a rede de graça? Temos que amparar pessoas mais desfavorecidas, mas é justo para o colono que não vai ter isenção? Ele teve que pagar aquela luz. Pela minha consciência vou ter que votar pelo sim, depois respondo para meus colegas do Conselho Fiscal da Certaja”, disse o vereador.
Segundo o vereador Ramon (PT), as 17 famílias que residirão no local já estão inseridas no Cadastro Único, do Ministério Social, e, por isso, já pagam a taxa de energia voltada às pessoas de baixa renda, a luz social. “O que estamos fazendo é a legalização, a título de cadastro, de uma zona que era verde, tornando a regular a fim de poder ligar luz e água. Mas essas pessoas já pagam luz social, para elas, não vai mudar nada”, disse. Para o vereador, não é culpa do pobre que o governo tenha cortado as isenções de impostos às cooperativas de energia elétrica.
Para Leandro Mariante (PT), toda empresa que oferece energia elétrica tem lucro, pois possui vasto patrimônio. Além disso, para o vereador, mesmo que tenha que ser feita uma extensão da rede de energia elétrica até as casas populares, a Certaja precisa arcar com os curstos. “Não posso deixar o pobre pagar pelo rico. Não podemos cercear o pobre em vantagem de uma empresa. Para mim, o maior prejudicado com a taxa de iluminação pública no município, que já foi discutida aqui, é quem ganha R$ 300 e não as empresas que faturam milhões. Quem tem que pagar a conta é quem ganha mais”, declarou o vereador.
O projeto foi aprovado por unanimidade.