MISTURA FINA: Linhas de ônibus vêm diminuindo em Taquari

Nesta semana, o Jornal O Fato perguntou aos internautas no Facebook qual a opinião sobre as linhas de ônibus em Taquari. Praticamente todos que participaram da enquete criticaram o serviço. “Péssimo”, “poucos horários”, “o serviço não atende com a qualidade esperada” são algumas das opiniões expressas na rede social.
O Mistura Fina entrevistou a professora aposentada Elsa Marina Santiago Rocha, 71 anos, moradora da comunidade da Beira do Rio, que também reclama da escassez de horários de ônibus entre o Centro da Cidade e sua casa.
Ela conta que , de março de 2020 até o segundo semestre de 2021, ficaram sem nenhum horário de ônibus para qualquer lugar. “Em 2021, no segundo semestre , colocaram um horário que ,para mim e vários moradores , não atende as necessidades. É somente na quarta-feira e passa aqui às 8h10, via Fazenda Pereira, Amoras, chega no Centro em torno de 9h10. Retorna às11h30, vindo por Amoras e Fazenda Pereira, passando aqui às 12h30. A viagem é uma hora para ir e uma para voltar. Isso não seria tanto o problema, mas tem duas horas para ficar no Centro, se for no banco ou consulta já não dá tempo”, reclama. Elsa diz que já ajudaria se o retorno do ônibus para sua comunidade fosse à tarde. “E táxi, que muitos se obrigam a pagar, sai caro, é mais de R$ 60,00.” Elsa conta que ainda se vira, pois tem uma filha que mora no Centro e lhe dá carona quando precisa.

O que dizem as empresas

O Mistura Fina conversou com Douglas Castro, proprietário da Transurbano, empresa de ônibus que faz a linhas dentro de Taquari. Primeiramente, ele explicou que no período de férias escolares há uma diminuição de alguns horários de ônibus. Mas revelou que algumas linhas saíram de circulação após o início da pandemia, como para os bairros Leo Alvim Faller e Coqueiros, nos horários de 11h15 e 14h20 e, para o Rincão São José, nos horários das 15h, 18h30 e sábados à tarde. Entretanto, informou que duas novas linhas começaram no interior, Beira do Rio-Fazenda Pereira-Amoras e Júlio de Castilhos-Aterrados. “Foi feito um contrato de seis meses, que , em janeiro de 2022, encerra”, frisa Douglas.
Sobre a possibilidade de aumentar os horários de ônibus na localidade de Beira do Rio, Douglas responde que a região tem poucos passageiros. “Estamos fazendo uma vez por semana e não estamos conseguindo pagar as despesas. Na linha de Júlio de Castilhos , que é diária , vêm alunos e na Beira do Rio, não. Vamos tentar conversar com a Prefeitura nas próximas semanas para ver o que se consegue fazer para continuar prestandoo este serviço”, diz Douglas. Conforme o empresário, pelo fato de ter poucos passageiros, talvez a Prefeitura tenha que dar uma ajuda de custo. “Tenho que conversar com a parte do transporte para ver o que vai ser feito, a Fátima já largou porque estava ruim e fizemos um experimento de seis meses e é difícil manter.”
Douglas salienta que os horários retirados das linhas urbanas tinham poucos passageiros. “O ideal ainda seria, falando na questão financeira, tirar mais quatro horários, mas estamos segurando ainda. Aconteceu que tem muito carro de aplicativo e carro irregular na cidade trabalhando e aí tiram nossos passageiros que pagam passagem. Os ônibus que não têm o pessoal da Zanc e escolar, que fazem os bairros, tem três ou quatro horários que carregam
três, quatro passageiros. Como exemplo , é cinco da tarde, que vamos para Leo Alvim Faller e Coqueiros e é difícil o dia que dá cinco pagantes . É complicado, o custo muito alto, o diesel muito caro. Nós estamos segurando o máximo que podemos. Temos que conversar com a Prefeitura, pois está ficando quase inviável trabalhar nos horários que não têm alunos, 60% na nossa freguesia é aluno escolar; no período sem aula, cai muito, é difícil de se manter, mas a gente faz o máximo que pode para não tirar horários, sabemos que as pessoas precisam.”
Conforme Dougas, como base, em outubro, novembro e dezembro passados, caiu cerca de 35% o número de passageiros pagantes nos ônibus, comparado a 2019, antes da pandemia. “Sim, no período da pandemia chegamos a transportar 15% do que tínhamos de passageiros. E nunca mais voltou a ser como era antes da pandemia.”

Linhas intermunicipais também caíram

O Mistura Fina também conversou com o diretor de linhas da Empresa Fátima, Valmor Silva , para falar sobre a diminuição das linhas de ônibus intermunicipais. Conforme Valmor, para se ter um exemplo, em 2016, tinham oito horários de ônibus para Porto Alegre, dois para Tabaí (os oito que iam para Porto Alegre também passavam em Tabaí ) e dois para Triunfo. “Hoje temos cinco horários para Porto Alegre, um para Tabaí e os que vão a Porto Alegre passam em Tabaí e um horário para Triunfo. Montenegro tem dois horários por dia, antes da pandemia havia cinco horários.” Valmor informa que não fazem mais linhas municipais por falta de demanda de passageiros. “Não cobre os custos de operação.”
Questionado sobre qual a razão de as linhas diminuírem, Valmor afirma que foi a pandemia. “Depois que começou a pandemia, eu acho que o pessoal se acostumou a andar de carro, moto e Uber, e não tem maneira de voltar ao normal. Baixou em torno de 70% o número de passageiros.” Sobre previsão destas linhas voltarem, Valmor responde que ,se tiver demanda, colocam imediatamente. “Mas está difícil.”

Prejuízos

Ildo Rodrigues, proprietário de uma lancheria na rodoviária diz que, com a redução de linhas e ônibus, seu movimento caiu 80%. “A baixa de movimento na lancheria é visível. Há trinta meses, esse é o período que estamos na pandemia”. Sobre a viabilidade de se ter a lancheria, Ildo diz que é um contrato a ser cumprido. “É difícil afirmar , mas a realidade está aí, tivemos sim grandes prejuízos financeiros .”
A Rodoviária de Taquari disse que o assunto deveria ser tratado com a Empresa Fátima e não quis se manifestar sobre o assunto.

O que diz a Prefeitura

O Mistura Fina entrou em contato com a Prefeitura para falar sobre este assunto. A administração emitiu a seguinte nota.
“Em julho de 2021, a administração municipal implantou rotas para o transporte municipal, principalmente no meio rural, já que havia uma demanda por esse serviço.
No final do ano, a Prefeitura realizou uma pesquisa de Mobilidade Urbana, na qual está inserido o transporte público. Com base no levantamento destes dados, será feita uma análise para realizar projetos e ações na área. A Prefeitura também firmará um convênio de parceria com a UFSM, campus de Cachoeira do Sul, para elaboração de um Plano de Mobilidade Urbana do município.
A questão do transporte público é um tema que atinge diversos municípios, não apenas Taquari.”

Menos educação física

Na sessão do Legislativo desta semana, o vereador Leandro Mariante, que também é professor de educação física disse que estava revoltado com o governo Estadual, que pretende diminuir de três períodos semanais para um as aulas de educação física no ensino médio da rede estadual. Para ele, o governo deveria cuidar mais das crianças e adolescentes, que ficaram parados no período da pandemia e deviam se exercitar para evitar doenças. O vereador Luciano Maria também entrou no debate, sugerindo aulas de capoeira nas escolas. Zé Harry acredita que deveria haver eventos esportivos entre as escolas estaduais e municipais de Taquari.

Luís Porto vai se licenciar

Conforme o vereador Luís Porto, ele vai se licenciar da Câmara de Vereadores durante 15 dias, entre 11 de janeiro e 26 de janeiro. Segundo ele, a razão da licença é dar oportunidades aos suplentes. Fabiano de Souza assume sua cadeira no Legislativo e, em março, ele tirará outra licença de 15 dias, quando assumirá seu lugar a suplente Edinara Medeiros.

Prefeito pretende aumentar o vale-alimentação

O prefeito André Brito pretende enviar para a Câmara de Vereadores, nas próximas semanas, um projeto de lei que reajusta o vale-alimentação do funcionalismo público. O objetivo é passar o valor de R$ 130 para R$ 180. “É uma necessidade, não tem reajuste há muitos anos. Queremos recuperar aos poucos o poder de compra deles. Queremos chegar em R$ 200, até o final do ano”, disse o prefeito ao Mistura Fina.

Vereador Uno Mille

Na sessão do Legislativo desta semana, o vereador Felipe Reis fez uma brincadeira sobre as economias feitas pelo ex-presidente Luís Porto. “O Luís Porto é o Uno Mille, aquele que gasta menos.” Felipe também informou que as aplicações da Câmara de Vereadores, no banco, neste ano, renderam R$ 7 mil. Luís Porto confirmou esta informação.